Governo do Estado entrega novas estruturas e equipamentos para área da ciência, tecnologia e inovação
Entre os investimentos está o primeiro laboratório que produz celulose 100% paraense, a partir do fruto do açaí
Com investimentos de cerca de R$ 2 milhões, o governo do Estado entregou novas estruturas e equipamentos científicos para a área da ciência e tecnologia, na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), nesta terça-feira (4). Entre os investimentos está o primeiro laboratório que produz celulose 100% paraense, a partir do fruto do açaí. Também foram entregues uma Casa de Vegetação, local para o cultivo de espécies vegetais com o controle de alguns parâmetros climáticos como temperatura, umidade e iluminação, e um Viveiro para a produção de mudas de espécies florestais destinadas ao reflorestamento de áreas degradadas.
“Por onde tenho passado, falo sobre bioeconomia, sobre a importância de fazer com que a floresta viva possa valer mais do que floresta morta e dito sobre a importância de investimento em ciência, tecnologia e inovação. Assim, hoje fico muito feliz de entregar o AmazonCel, espaço fruto de investimentos em equipamentos, mas acima de tudo de valorização do conhecimento. Aqui, nesse laboratório, o conhecimento da professora Nina, do time que pensa a Amazônia, e que junto a nossa Fapespa traz as condições para criar valores para a nossa floresta é o maior exemplo disso”, destacou na oportunidade o governador do Estado, Helder Barbalho.
Com o novo laboratório AmazonCel agora é possível produzir papéis a partir do fruto açaí. O novo produto é resultado de mais um projeto que contou com investimento da Fundação de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e objetiva desenvolver papéis de alta performance para produtos, como por exemplo, de embalagens sustentáveis.
Os estudos no novo laboratório já produziram dois tipos papéis com sucesso: reciclado + fibras do açaí; e um papel 100% do açaí. As possibilidades vão da simples separação das fibras da semente até a formação do papel, a partir das fibras do resíduo do açaí. Assim, o papel pode ser utilizado em inúmeras possibilidades de produtos, como embalagens, copos, caixas e outros.
“A partir da pesquisa que está sendo feita aqui, nós estamos fazendo celulose de caroço de açaí. Portanto, aquilo que eventualmente é feito com outras espécies, agora com o açaí nós podemos agregar valor, gerar oportunidades e gerar renda para quem vive na Amazônia. Vamos continuar trabalhando agora para fazer com que esse protótipo possa ganhar escala e possa ganhar mercado. Com isso a gente gera emprego, gera renda, com bioeconomia, com bionegócios, com biomateriais para fazer com que a nossa floresta possa ter valor”, informou o governador.
Inovação- Os impactos dessa pesquisa irão se estender além dos resultados científicos, pois diversas universidades de Engenharia Florestal do Pará poderão usufruir da infraestrutura para ensino, pesquisa e extensão na área de papel e celulose. Sob coordenação da professora Lina, o projeto tem duas bolsistas de pós-doutorado, dois bolsistas de doutorado e dois bolsistas de iniciação científica, além de mais quatro bolsistas de pesquisadores parceiros.
“Aqui somos um laboratório de tecnologia de produtos florestais. Então a gente sempre trabalha com resíduos florestais da biomassa e os transforma em produtos úteis. No caso específico desse projeto, o nosso objetivo é utilizar a fibra do resíduo do açaí para produzir embalagens sustentáveis de alta performance que podem substituir o plástico. Assim, como outras pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na Universidade, os estudos comprovam que esse material, apesar de ser um resíduo, é valioso e tem potencial de se tornar lucro, de se tornar material do nosso dia a dia e de angariar indústrias, parceiras que poderiam escalonar no futuro esse trabalho”, detalhou Coordenadora do projeto, professora e pesquisadora da Universidade Federal Rural da Amazônia, Lina Bufalino.
Casa de Vegetação - Na ocasião, também foi entregue a Casa de Vegetação, estrutura para estudos e pesquisas, com controle de alguns parâmetros climáticos como temperatura, umidade e iluminação, permitindo o crescimento das plantas pode ser estudado com maior precisão.
A Casa de Vegetação foi idealizada para dois objetivos: identificar e selecionar plantas da Amazônia capazes de despoluir o solo e a água, absorvendo e retirando metais pesados do solo provenientes da mineração ou lixos urbanos. E produzir o Biochar, que é um carvão vegetal formado através de resíduos vegetais como caroço do açaí, casca de cacau, cupuaçu e ouriço da castanha-do-Pará, que são diariamente descartados e, muitas vezes, podem causar problemas ambientais e de saúde.
O resultado da combinação do uso dessas plantas e do carvão vegetal, além de retirar os metais do solo, é a recuperação de áreas degradas, diminuindo a emissão de gás carbônico na atmosfera e tornando esse solo agricultável novamente, aumentando a retenção hídrica e a fertilidade. O projeto é coordenado pelo professor Cândido Neto que está à frente de uma equipe de 19 pesquisadores em diferentes níveis, desde a iniciação científica, mestrado e doutorado até um pós-doutorando.
“O biocarvão melhora as condições de um solo degradado. Além de ser um produto que vem sendo descartado inadequadamente na nossa região, principalmente por sermos um dos maiores consumidores do fruto. Assim, também contribuímos com a produção do biocarvão do caroço de açaí, para diminuir a emissão de gases na atmosfera, contribuindo para a diminuição do efeito estufa, já que o biocarvão é considerado um estoque de carbono no solo que vai sendo liberado bem lentamente”, explicou uma das pesquisadoras do projeto, Daís Gonzaga, bolsista da Fapespa.
Viveiro – Também foi entregue um novo viveiro de mudas amazônicas, na Universidade, com quase 20mil mudas que serão objeto de estudos para diversos segmentos, da ciência. O local também produzirá mudas para diversos projetos do Estado, a exemplo do novo Parque da Cidade.
“O governador tem dito muito claramente que não se faz um desenvolvimento sustentável, não se vira essa chave sem a ciência, sem a pesquisa. E projetos como esses que a Fapespa está fomentando estão alinhados diretamente com as diretrizes do governo do Estado. Nosso governador tem pedido que a gente procure projetos de impacto, projetos que mostrem que é possível você equilibrar a conservação da floresta com o desenvolvimento, com a produção de riqueza, empregos, qualidade de vida para a nossa população. Pesquisas como essa trazem justamente o mote de como é possível você preservar a floresta e gerar riqueza ao mesmo tempo”, informou o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.