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Caravana da Monilíase em Juruti fortalece a defesa do território paraense contra o fungo

Em Juruti, no oeste paraense, cerca de mil pessoas foram sensibilizadas para o combate ao fungo que ataca o cacau e o cupuaçu

Por Rosa Cardoso (ADEPARÁ)
25/05/2024 09h44

As ações de  educação sanitária da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Prefeitura Municipal  de Juruti e uma rede de instituições parceiras como Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e  Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) mobilizaram a  população que mora na  área urbana e também na  zona rural do município. 

As atividades educativas utilizando as metodologias ativas ocorreram em escolas públicas e comunidades rurais  e reuniram estudantes,  produtores rurais e servidores públicos numa união de esforços para prevenir a entrada do fungo que ataca os frutos do cacaueiro e do cupuaçuzeiro, uma ameaça que pode provocar impactos econômicos e sociais para essas cadeias produtivas.

A cidade de Juruti é uma rota de risco para a doença e foi escolhida porque está na divisa do Pará  com o Amazonas, Estado onde a praga está sob controle oficial. 

Formar multiplicadores para disseminar as  informações sobre a praga e  atuar na prevenção orientando o produtor para que ele possa identificar os sintomas da doença são alguns dos objetivos da caravana, que foi realizada pela segunda vez no Pará.

Os fiscais e agentes agropecuários que atuam no oeste do Pará , além de técnicos e pesquisadores de outras instituições, participaram de dois dias de nivelamento para poder colocar em prática as novas metodologias de educação para fortalecer a defesa agropecuária.

“Nesta caravana nós priorizamos os servidores do Oeste do Pará: Juruti, Oriximiná, Santarém, Óbidos, Curuá, Monte Alegre, além de equipes das Unidades de Altamira e Almeirim, que foram treinadas para aplicar metodologias inovadoras de educação.  Foi uma semana proveitosa em conhecimento teórico e prático”, ressaltou Jamir Macedo, diretor-geral da Adepará.

Escolas da cidade e da zona rural receberam programação 

Na  Escola de Ensino Fundamental  Elza Albuquerque ocorreram os cursos de formação para agentes comunitários de saúde , agentes de endemias , lideranças comunitárias e jovens aprendizes do programa mais jovem, da prefeitura de Juruti.

A coordenadora dos agentes comunitários de saúde de Juruti, Aury Lopes, disse que mais de 150 agentes participaram das atividades da caravana e vão poder  disseminar as informações.

“A caravana da educação trouxe para a  população informacoes importantes sobre esse fungo que a gente muitas vezes só ouve falar e não tem consciência da gravidade que é e como ele atinge a agricultura. Com certeza, tudo que nós estamos aprendendo aqui vai ser levado adiante”.

A estudante Evelyn Costa participou das atividades e disse que o evento foi muito importante para conscientizar a população. “ É muito importante esse conhecimento que nós aprendemos aqui para que não ocorra a contaminação dos frutos no nosso município”

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Emanuel Salgado Vieira , os alunos usaram a criatividade e encenaram peças de teatro com as informações que receberam dos técnicos da Adepará e Mapa. Mais de 200 estudantes foram sensibilizados.

Na comunidade Ferrugem, mais de 20 pessoas entre agentes comunitários de saúde, agricultores e estudantes receberam as dinâmicas de grupo. Mais de 40 crianças da escola da comunidade foram estimuladas a participar de atividades lúdicas como a roda de conversa.

A coordenadora do Programa Nacional de Educação Sanitária (Proesa), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Juliana Moreira, destacou a importância das caravanas para fortalecer a defesa agropecuária.

“As caravanas tem esse objetivo de capacitar os técnicos para aplicar essas metodologias ativas e com isso melhorar as ações de educação para que se tenha os melhores resultados e também é uma forma de mobilizar toda a comunidade para essa problemática da monilíase visto que o homem é o principal responsável pela disseminação da praga “

Na comunidade Igarapé Açu, estudantes da Escola Ana Maria Albuquerque com idade entre 11 e 15 anos participaram de uma gincana do conhecimento. As ações também aconteceram nas comunidades de Castanhal, Galiléia e Piranha.

Por se tratar de uma rota de risco para a monilíase , os técnicos também fizeram a  aplicação de um questionário para o diagnóstico educativo sobre a doença em pontos de grande concentração de pessoas como agências bancárias, terminais hidroviários, portos e feiras livres. 

Recém-formada em agronomia, a bolsista da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) , Auriane Pimentel integrou as ações práticas com as comunidades. “Foi a primeira vez que trabalhamos com o público divulgando uma doença, então foi uma atividade muito enriquecedora e acredito que nós fizemos um bom trabalho”.

A fiscal estadual agropecuária Gabriela Cunha, que coordenou as atividades de educação sanitária pela Gerência de Educação Sanitária  da Adepará, disse que a população se mostrou bastante receptiva com a Caravana. 

“A cidade foi muito receptiva para as ações de educação sanitária e observei que durante as ações que fizemos nos portos os comandantes das embarcações sugeriram  a colocação de cartazes sobre a monilíase, o que demonstra que a população anseia por mais conhecimento sobre  essa praga ”, disse.

Durante  a caravana, foram capacitados um total de 939 pessoas. O próximo município a receber a caravana será Medicilandia , no sudoeste do Pará. 

"Foi muito gratificante participar e colocar a ufopa a disposição para que possamos continuar na parceria e participar da próxima caravana”, disse o professor da UFOPA, Renan Navroski

Para os próximos eventos, os organizadores pretendem ampliar a rede de parceiros. “Os laços que a gente forma potencializam as nossas ações e são forças que podem se somar. Então, vamos unir as nossas forças para fazer um trabalho ainda melhor” , disse o auditor fiscal agropecuário Milton Leite, do Ministério da Agricultura.

“Precisamos aumentar essa conectividade, essa interação entre as instituições , vamos nos unir mais para fazer a diferença, para  levar esse protagonismo da Adepará como órgão que está a frente dessa defesa agropecuária no Estado”, ressaltou Lucieta Maldrano, pesquisadora da Embrapa.

Cacau e Cupuaçu - O Pará é o primeiro produtor de cacau do País. Uma produção que gira em torno de 150 mil toneladas de amêndoas por ano. Setenta por cento da  produção está concentrada na região da Transamazônica, sendo o município de Medicilândia o principal produtor de amêndoas de cacau no Estado. O Pará também é o maior produtor de cupuacu. Garantir a sanidade dessas cadeias produtivas é fundamental e a Caravana foi realizada no município como  estratégia de prevenção à doença.

“Juruti é extremamente importante nesse momento para o Estado porque o município está fazendo a salvaguarda para a cadeia produtiva do nosso cacau. Nós estamos prevenindo a entrada porque aqui é o primeiro porto vindo do Amazonas. Então a população, sendo orientada, sabendo como identificar, sabendo que há um impedimento de trazer frutos e mudas de cacau e de cupuaçu do Amazonas para o Pará, ela será parceira. Serão o nosso exército aqui para ajudar nesse trabalho que é garantir sanidade, garantir que essa praga não adentre o nosso Estado e não venha afetar os nossos cultivos e nem a produção de frutos que ocorre nos quintais das famílias de Juruti”, ressaltou a diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel.