Delegação colombiana encerra visita ao Pará com boas expectativas de intercâmbio na cultura do açaí
Com o intercâmbio, houve a necessidade da cooperação entre Brasil e Colômbia, pois ambos países têm muito o que aprender um com o outro sobre as tecnologias e as formas de produção do açaí
Após uma semana de cumprimento da agenda oficial, para intercâmbio de conhecimento, foi encerrada nesta sexta-feira, 17, a visita ao Pará da delegação da Colômbia, composta por 22 membros dos Departamentos de Putumayo e da Guianía (estados que fazem parte da parte Amazônia colombiana).
A delegação concluiu a agenda na Agroindústria KAA Açaí, localizada na Estrada do Outeiro, no distrito industrial de Icoaraci. A comitiva contou, entre outros, com a participação de dois governadores, de representantes dos produtores de açaí, empresários, prefeitos, deputados, secretários, técnicos e assessores. A estadia no Pará contou com o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), realizadora do Festival Internacional Açaí Pará, realizado no período de 14 a 16 passado. O grupo participou da programação e conheceu os diversos derivados do açaí.
Na visita de hoje, 17, ao empreendimento, a comitiva - formada também por técnicos da Gerência de Fruticultura da Sedap - conheceu as instalações da empresa e quais os produtos oferecem. A visita foi ciceroneada pelo CEO da Açaí KAA, Reinaldo Santos, que integrou a equipe interinstitucional que em março deste ano visitou a Colômbia visando conhecer as tecnologias e as formas de produção do açaí. Apesar de ter produção do fruto, a parte amazônica da Colômbia não tem expressivo consumo. Os governos locais estão atuando para substituir a plantação de coca pelo açaí. Durante a semana em Belém, a comitiva conheceu as formas de produção e de consumo local.
A partir desse intercâmbio cultural, segundo avaliou o empresário, houve a necessidade da cooperação entre Brasil e Colômbia, pois ambos países têm muito o que aprender um com o outro. "A Colômbia tem muito a nos ensinar, principalmente dentro da logística da floresta que tanto necessitamos aqui; nós visualizamos a necessidade de um intercâmbio de tecnologias e um dar às mãos de duas nações amigas, isso vai possibilitar não só o desenvolvimento do Brasil, do Pará especialmente, mas também da Colômbia, principalmente nessa questão tão sensível que é a substituição dos cultivos ilícitos, como a coca, por açaí", ressaltou o empresário.
Durante a visita, o empresário, acompanhado da equipe, mostrou um pouco da tecnologia investida, há cinco anos, pela empresa. A comitiva conheceu áreas como a de produção, laboratório e o Centro de Pesquisa de Desenvolvimento. Um dos focos da empresa é o investimento em pesquisa e tratamento de estratégias de colheita, beneficiamento e conservação do fruto do açaí. Conforme o empresário, de 10 quilos da fruta, se tira um quilo de polpa, utilizada para diversos produtos derivados do açaí. "Temos uma tecnologia única no mundo, encontramos, por exemplo, produtos em São Francisco, na Califórnia, que foram produzidos em Belém, são produtos certificados pela Universidade de São Francisco", informou o empresário.
Promissor - Os dois chefes de Departamento que integraram a equipe apresentaram as suas considerações com relação à visita ao Pará. Para o governador de Putumayo, Carlos Marroquin, após conhecer de perto como o açaí é produzido, tem certeza que a Colômbia, mais precisamente o departamento que administra, conseguirá substituir plantações de coca por açaí. "Participamos de um festival importante e vimos que há muito por fazer e que é possível, em especial no nosso departamento, utilizar o açaí como instrumento que vai nos ajudar a melhorar a atual situação na Colômbia, pois a coca é sinal de violência em nosso país. Ficamos contentes em visitar hoje essa fábrica e saber que temos a colaboração dessa empresa brasileira que quer se instalar na Colômbia, queremos implementar o cultivo de açaí em todo o departamento de Putumayo", anunciou o governante.
Para o governador Arnufo Rivera, do departamento da Guanía, a estadia em Belém enriquecedora, pois a Colômbia, segundo ele, trabalha praticamente somente com o açaí natural e não com agroindústria, como já é feito no Pará. "Compartilhamos todo um conhecimento, vamos com muita expectativa e eu diria que foi uma visita muito frutífera", avaliou.
Já trabalhando com açaí na Colômbia há sete anos, o produtor Javier Perez, membro da delegação, informou que tem uma área plantada de 50 hectares em Putumayo. Disse que considera o açaí como o melhor produto econômica e social para trabalhar no estado. Gostou dos locais que visitou em Belém, sobretudo no município de Magalhães Barata, na última quarta-feira, onde conheceu o trabalho realizado em uma área de açaí irrigado. "Visitamos plantações de excelente rendimento e condições fitossanitárias, agrícolas e de manejo; a economia da região tem bastante açaí", observou. Ele destacou, ainda, que o movimento no Porto do Açaí, local de realização de encerramento do "Açaí Pará", foi um dos pontos quer também chamaram a sua atenção na passagem pelo Pará.
Valorização - O gerente de fruticultura da Sedap, Geraldo Tavares, agradeceu a comitiva que esteve em Belém, em especial o apoio dado pela Embaixada da Colômbia no Brasil, que foi representada pelo embaixador, Guillermo Florez. O engenheiro-agrônomo ressaltou que acredita que o projeto de expansão da produção de açaí na Colômbia terá êxito. "O mais importante é a vontade de mudança, quando estivemos lá este ano, conversamos com empresários, ouvimos mulheres, colonos, entre outros e vimos a vontade de mudar o sistema de produção, em especial em Putumayo e isso deixa uma esperança muito grande de que o projeto dará certo", ressaltou o servidor da Sedap.
Como parte da visita da delegação durante a semana, foi visitado o ponto de venda de açaí artesanal no bairro de Canudos, visita à Embrapa Amazônia Oriental, encontro com o chefe da Casa Civil do Pará, Carlos Kayath, visita à Ilha do Combu, além de reuniões na sede da Sedap.