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'ESTRELAS LITERÁRIAS'

Estudante cega da rede pública mostra importância do Sistema Braille em sua produção literária

Alfabetizada apelo Sistema Braille, Yasmin Ferreira, aluna da Escola Dom Pedro II, já trabalha na nova obra

Por Cristiani Sousa (DETRAN)
08/04/2024 18h20

A alfabetização é um direito de todos, mas os desafios são diferentes para o aprendizado de cada pessoa. Por isso, no Dia Nacional do Sistema Braille - 8 de Abril, celebrado nesta segunda-feira, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) reforça a importância de iniciativas que ampliam e favorecem o desenvolvimento intelectual, profissional e social de pessoas cegas ou com baixa visão.A estudante Yasmin Ferreira aprendeu a ler e escrever com o Sistema Braill, e já está preparando o próximo livro

Com educação de qualidade e inclusão é possível obter conquistas brilhantes. A estudante cega Yasmin Ferreira escreveu um livro, que hoje conta com duas versões: uma para pessoas sem deficiência visual e outra em Braille.

Estudante do 9º ano do Ensino Fundamental na Escola Estadual Dom Pedro II, em Belém, Yasmin escreveu o livro “As aventuras de Dereck”, por meio do Projeto “Estrelas Literárias”, que já foi traduzido para o Braille. Cega desde os 12 meses de idade, quando desenvolveu o câncer denominado retinoblastoma, a adolescente precisou se adaptar aos novos desafios ainda muito pequena, como aprender a ler e escrever com o Sistema Braille.

Segundo a estudante, o sistema é importante para o desenvolvimento e a aprendizagem. “Eu comecei a aprender o braille com uns 3 anos, e foi um pouco difícil porque eu era muito pequenininha na época, mas fui me adaptando e consegui aprender. Hoje, minha leitura está boa e a escrita só tem alguns errinhos de português, mas isso a gente está trabalhando. O Braille é importante para a escrita e para a leitura porque nos dá inclusão. A gente vai adquirindo conhecimentos”, afirma.A autora e a obra, exposta na última edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes

Oportunidade e desenvolvimento - Por meio do Projeto “Estrelas Literárias”, em parceria com o "Estante Mágica", estudantes da Escola Dom Pedro II produziram livros de contos com narrativas e ilustrações próprias. A iniciativa deu tão certo, que os estudantes apresentaram suas obras ao público em uma exposição na 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em 2023.

Yasmin foi uma das participantes da iniciativa, e conta como ocorreu o processo criativo de seu livro. “Eu escrevia livros só para mim mesma, para ler depois. Só que aqui na escola tive a oportunidade da professora querer ouvir um livro meu, e ela perguntou se eu queria participar do projeto para escrever livros. E eu participei. Quando surge uma ideia, eu escrevo e vou montando a história. Eu uso dois materiais: um é o celular e o outro é a reglete  - prancheta, como se fosse uma régua -, só que em cima tem um monte de buraquinho e embaixo uma base. Aí coloca o papel, fecha e a punção, que a gente usa para escrever. Aí vamos furando e cada bolinha é uma letra”, explicou.

Além da dedicação à leitura e escrita, Yasmin sonha em viajar para participar de competições de judô, mas não descarta o sonho de ser escritora profissional. A adolescente adianta que tem projetos para escrever o segundo livro ainda este ano. “Esse segundo livro vai ser humorístico. O título vai ser ‘Os Dois Irmãos:  Luan e Breno’. Eu uso a escrita para extravasar minhas ideias, e estou trabalhando nisso”, diz a estudante.

Para a professora responsável pelo projeto de escrita de livros e pelo espaço de leitura da Escola, Cristiane Caetano, a conquista de Yasmin só reforça a dedicação e o comprometimento da estudante. “Ela é maravilhosa; é a paixão de todos os professores. Muito solícita e sempre bem-humorada. Quando ela vinha para a biblioteca para escrever a história dela, os outros alunos vinham e ficavam caladinhos vendo a produção dela. É um exemplo para todos nós aqui da Escola. Quando surgiu a proposta da produção do livro, do projeto, eu a convidei para participar e ela aceitou na hora. Deu muito certo. O processo de produção da escrita foi rápido. Ela escrevia na reglete e lia para mim”, relatou a profissional.

Texto: Fernanda Cavalcante - Ascom/Seduc