Projeto AcolheSUS se fortalece e avança no Pará
Com a III Oficina Local iniciada nesta terça-feira (23), na Escola de Governança Pública do Pará (EGPA), o Projeto de Qualificação das Práticas de Cuidado a partir das Portas de Entrada (Projeto AcolheSUS) começa a se fortalecer e avançar no estado, uma vez que chegou na fase de aperfeiçoamento do Plano de Trabalho, que vem sendo construído desde a primeira oficina, realizada em outubro de 2017.
O objetivo do AcolheSUS é qualificar o acesso e as práticas de cuidado por meio da implantação/implementação da Diretriz Acolhimento da Política Nacional de Humanização (PNH) nos serviços de saúde, sendo que no Pará, o campo de ação do projeto é o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Renascer. Aliás, o Pará foi o único que escolheu a área de Saúde Mental para desenvolver o projeto, enquanto Tocantins e Paraíba - que são os outros Estados escolhidos para desenvolverem os projetos experimentais - optaram pela área de Urgência e Emergência. Importante ressaltar que os três estados vão se tornar referência para os demais entes federados brasileiros.
O trabalho no Pará está sendo realizado pelo Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral da Política Nacional de Humanização (CGPNH) em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), via Diretoria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (DGTES) e Coordenação Estadual de Humanização.
A finalidade dessa terceira oficina é dar continuidade à elaboração do Plano de Trabalho de forma participativa pelo Grupo Executivo Estadual (GEE) e Grupo Executivo Local (GEL), a partir de discussões e reflexões críticas de acordo com a realidade do campo de atuação e da realidade locorregional. Para isso, conta com a participação da consultora técnica da CGPNH, Élida Maria Rodrigues; da pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Avaliação de Situações Endêmicas Regionais (Laser), da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Gisela Cardoso; e da doutoranda em Saúde Pública da Ensp/Fiocruz, Celita Almeida. Serão realizadas oficinas mensais até o fim deste ano, que é o prazo de realização do Projeto AcolheSUS.
Os participantes são integrantes do GEE, do GEL, representantes da Secretaria de Saúde do Município de Belém e da Região de Saúde Metropolitana I, além da Coordenação Estadual de Humanização e DGTES e técnicos e gestores do Caps Renascer. Os principais produtos da oficina são: a construção do Plano de Trabalho previsto, dos efeitos esperados e da agenda pactuada dos próximos encontros.
Durante a manhã, as atividades foram realizadas no Caps Renascer com a apresentação dos participantes, assembleia dos usuários e avaliação do trabalho construído. Já à tarde, a oficina aconteceu na EGPA, tendo como foco os Planos de Ação e Intervenção.
O coordenador estadual de Humanização, Guilherme Martins, informou que ao mesmo tempo em que trabalha o Plano de Ação, o grupo já vêm discutindo o Plano de Intervenção. “Na humanização a gente trabalha muito com o aprender fazendo. Então, ao mesmo tempo em que se vai trabalhando uma planilha, discutindo o passo a passo e fazendo ajustes, a gente já pensa na forma de intervir. Não precisa primeiro acabar um para iniciar o outro”, explicou o coordenador.
No que tange ao Centro de Atenção Psicossocial Renascer, ele destaca que o grande diferencial desse projeto é que é possível olhar com uma lente ampliada, vendo detalhes do seu processo de trabalho e da sua organização. “Temos percebido muitas dificuldades, mas também potencialidades. O fato é que a rotina de trabalho é tão pesada que os próprios usuários, servidores e até gestores do Caps não conseguem perceber isso. Então, na medida em que a gente cria esse grupo que estuda, que analisa, acompanha e utiliza as ferramentas adequadas de planejamento estratégico é possível identificar esses problemas e buscar as soluções. O que nós queremos é dizer que é possível fazer diferente e oferecer um acolhimento humanizado”, relatou o coordenador.
De acordo com a consultora técnica da CGPH, Élida Rodrigues, o Plano de Ação, na verdade, já está em prática. “Nós trabalhamos com modelo de formação e ação. Então, estamos qualificando bem este Plano de Ação para que as nossas atividades interventivas de sair para a rede, conversar e articular com gestores, trabalhadores e usuários, sejam muito bem especificadas e a gente consiga ao mesmo tempo monitorar e avaliar constantemente”, explicou.
Depois de concluído o Plano de Ação, será colocado em prática o Plano de Intervenção. “A proposta é o Plano de Intervenção seja concluído até a próxima oficina, que será realizada em fevereiro. Então, a partir de março a gente já começa a executar o Plano de Intervenção na Rede Atenção Psicossocial”, acrescentou a consultora.
Avaliando o desenvolvimento do Projeto Acolhe SUS aqui no estado, Élida disse ainda que a Coordenação Geral do Programa de Humanização percebe uma harmonia no Estado do Pará. “Tanto a Coordenação Estadual de Humanização, representada pelo Guilherme Martins, quanto a direção do Caps, representada pelo Luciano Pereira, conduzem o processo com muita garra, compromisso com o movimento da humanização, com o movimento da Saúde Mental, em prol dos usuários e da integralidade do cuidado. E juntamente com a Ensp, que nos auxilia muito com o monitoramento e avaliação, a gente acha que está indo no caminho certo”, opinou Élida.
Sobre a importância de o Pará ter escolhido a área de Saúde Mental para o desenvolvimento do Projeto AcolheSUS, o assistente social e diretor do Caps Renascer, Luciano Pereira, destacou que essa é uma área que dispõe de poucos recursos financeiros tanto para a gestão do cuidado como para a produção de saúde. “Então, a partir do Projeto AcolheSUS, em que teremos demandas muito específicas da unidade, mas também que dizem respeito à Rede, teremos a possibilidade, a partir das entidades representadas nos grupos como Conselhos de Saúde, Colegiado de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), de conseguir dar resolubilidade a vários problemas que estão relacionados ao serviço e à Rede de Atenção Psicossocial. Outra vantagem é que o projeto está dando visibilidade para a Saúde Mental, que é uma Política pouco divulgada em nível nacional”, detalhou o gestor do Caps.
Com o projeto, segundo Luciano, o Caps Renascer já está, inclusive, revendo o seu processo de trabalho desde o acolhimento do usuário até a prescrição do médico e saída desse paciente da rede de assistência. “Estamos movimentando o município, o Ministério Público e várias entidades para que o usuário possa caminhar mais tranquilamente no Caps e na própria Rede. Assim, conseguimos olhar para o interno, mas pensando também externamente”, concluiu.