Pacientes com Síndrome de Down recebem tratamento cardiológico no Hospital de Clínicas
Entre as alterações genéticas causadas pela síndrome, as mais comuns afetam as válvulas cardíacas
Celebrado nesta quinta-feira, 21 de março, o Dia Internacional da Síndrome de Down é oficialmente reconhecido pela Organização das Nações Unidas desde 2012. A síndrome resulta da triplicação (trissomia) do 21º cromossomo. Referência em cardiologia, o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, oferece tratamento para pacientes com a condição genética, que afeta diretamente a saúde do coração, principalmente as válvulas cardíacas.
A cardiologista pediátrica Josélia Mansour informa que a associação entre a síndrome e a cardiopatia é estabelecida na literatura médica, e quase metade dos bebês que nascem com Síndrome de Down tem alguma malformação cardíaca. A estimativa é que aproximadamente 300 mil pessoas tenham a síndrome no Brasil.Paula Assunção e Isis, que recebe todo o apoio multiprofissional no Hospital de Clínicas
“Toda síndrome genética aumenta o risco de cardiopatia, por isso essa alta incidência”, frisou a médica. Os sintomas mais comuns de cardiopatia são cansaço, dificuldade em ganhar peso e maior predisposição à infecção respiratória. “O sinal mais importante é o sopro cardíaco”, destaca a especialista.
Identificação - A bebê Isis, oito meses, tem Síndrome de Down. Paciente do HC há dois meses, ela vem recebendo apoio multiprofissional. Após passar por três cirurgias, Isis aguarda alta.
A mãe da menina, Paula Assunção, 36 anos, moradora do município de Abaetetuba (na Região de Integração Tocantins), conta que durante o pré-natal não foi possível identificar a condição genética. “Quando ela nasceu eu não sabia que tinha cardiopatia. Nem sabia que ela tinha Síndrome de Down. Eu fiz todo o pré-natal, todos os exames que eram necessários para descobrir tudo isso, mas não apareceu nada”, acrescenta Paula.
O diagnóstico precoce é importante para que a família se prepare para receber a criança, que precisará de cuidados especiais, mas a confirmação só é possível após o nascimento. “Os exames morfológicos podem suspeitar da presença de síndrome genética durante a fase fetal, mas a confirmação diagnóstica ocorrerá após o nascimento, através do exame de sangue, cariótipo”, explica Josélia Mansour.O estímulo é necessário para que a criança com síndrome possa ampliar o autocuidado e a autonomia
Trabalho multiprofissional - Além de tratamento cardiológico, o HC oferece atendimento multiprofissional aos pacientes. A equipe da Clínica Pediátrica preparou uma programação alusiva ao Dia Mundial da Síndrome de Down na brinquedoteca do Hospital, a fim de orientar os pais sobre as percepções, capacidades e potencialidades das pessoas com Síndrome de Down. A programação incluiu um momento para os pais relatarem suas experiências, brincadeiras e jogos.
“Os pais, muitas vezes, estão em processo adaptativo da descoberta da condição genética, da cardiopatia, de um desenvolvimento humano atípico. A ação se torna importante na medida em que abrimos um espaço de fala”, ressalta a terapeuta ocupacional Karla Aytta.
Segundo ela, a pessoa com Síndrome de Down precisa de atenção em diversas áreas do desenvolvimento, por isso o trabalho multiprofissional é importante para a evolução desse paciente. “Tem que ser desenvolvido um plano terapêutico singular, pautado na estimulação e no favorecimento de um ambiente rico em estímulos motores, sensoriais, perceptuais e cognitivos, que favoreçam também a aquisição de habilidades, visando ampliar o autocuidado e, futuramente, a autonomia”, reitera a terapeuta ocupacional.
O Hospital de Clínicas Gaspar Vianna é referência no atendimento em cardiologia para adultos e crianças no Estado do Pará.
Texto: Kelly Barros - Ascom/HC