MEP recebe exposição “Os Caxinauás – Autonomia e Contato”
A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) - via Sistema Integrado de Museus e Memoriais e do Museu do Estado do Pará –, o Instituto Goethe e a Casa de Estudos Germânicos apresentam a exposição “Os Caxinauás – Autonomia e Contato”, que reúne imagens do fotógrafo teuto-brasileiro Harald Schultz. A curadoria é das linguistas Eliane Camargo e Sabine Reiter em cooperação com Marcelino Piñedo, Alberto Roque Toribio, Hulício Moisés e outros integrantes do grupo Caxinauá. A coordenação artística é de Martin Juef. O vernissage será no dia 1º de fevereiro, às 20h, nos jardins do Museu do Estado do Pará, e a exposição será instalada na Galeria Antônio Parreiras, do Museu. A entrada é gratuita.
Serão exibidas fotografias e o documentário de Harald Schultz, assim como material audiovisual (cantos, relatos históricos e mitos narrados por integrantes do grupo, além de uma entrevista e imagens) e textos de outras épocas, que, juntos, esboçam o desenvolvimento dos Caxinauás através da sua história de contatos até os tempos de hoje. A exposição permanecerá na galeria do MEP durante seis semanas e será interativa, com visitas monitoradas por representantes do grupo, mesa redonda com dois representantes dos Caxinauás e de outras etnias e pesquisadores; além de oficinas sobre trabalho lingüístico cooperativo.
O projeto - Em 1951, o fotógrafo teuto-brasileiro Harald Schultz visitou os Caxinauás peruanos, que formam a parte menos numerosa da família linguística pano, que vive na região fronteiriça entre o Brasil e o Peru, na bacia dos rios Juruá e Purus. Estes, à época, viviam em relativo isolamento, ao contrário de seus parentes no lado brasileiro, que desde o período da borracha vivem em contato mais estreito com a população não-indígena e, consequentemente, passaram por um processo de aculturação e de integração mais rápido e mais intenso.
As fotografias de H. Schultz e um filme que produziu têm hoje – mais de 60 anos depois da data que marcou o começo de um contato mais intenso entre o grupo peruano e a população não indígena – um grande valor documentativo. Desde então, eles receberam visitas de missionários, comerciantes, militares, pesquisadores e outros representantes de fora, que contribuíram para as diversas mudanças sociais.
Apesar das influências e intervenções, o grupo conseguiu manter uma grande parte do seu conhecimento tradicional. Paradoxalmente, a presença dos forasteiros contribuiu para a preservação deste conhecimento por ser documentado nos trabalhos dos pesquisadores em textos e em gravações audiovisuais. Hoje em dia, esse material, junto com as recordações dos anciões, serve como base para uma revitalização cultural dos Caxinauás em ambos os lados da fronteira.
A história desse grupo reflete as histórias de muitos povos indígenas da Amazônia, refletindo a opressão e dispersão em consequência da exploração de borracha; a dizimação por epidemias; as tentativas de catequização e integração às categorias administrativas nacionais e a luta pelos direitos políticos e pela identidade.