Servidores da Semas fazem curso sobre recursos hídricos e saneamento na Amazônia
A programação envolve os governos federal e estadual, e prioriza conhecimentos sobre características, importância e desafios das águas subterrâneas na região amazônica
Servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) participam, até esta quinta-feira (22), do curso “Águas Subterrâneas na Amazônia”, realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA) e organizado pela equipe de Capacitação da Diretoria de Recursos Hídricos da Semas. A programação de capacitações é uma das metas do Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão de Águas (Progestão), da Agência Nacional de Águas (ANA), e do Plano Estadual de Recursos Hídricos.
A capacitação visa ampliar o aprendizado a respeito da regionalidade dos recursos hídricos e saneamento no Pará, para aprofundar os conhecimentos dos servidores sobre as características, a importância e os desafios relacionados às águas subterrâneas na região amazônica, essenciais para o meio ambiente e a sustentabilidade. Os participantes têm acesso a conteúdos teóricos e práticos sobre o tema, ministrados pela professora Aline Meiguins, da UFPA.
“O curso tem uma grande importância para um melhor entendimento da dinâmica das águas subterrâneas e seus diversos aspectos, ambientais, econômicos e sociais. Além de auxiliar para uma gestão mais sustentável dos recursos hídricos do Estado, garantindo a disponibilidade de água de qualidade para as necessidades humanas, agrícolas e ambientais”, disse Luiz Rodrigues, técnico da Gerência do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (Gesir), da Diretoria de Recursos Hídricos da Semas.
Planejamento - A capacitação e o aperfeiçoamento técnico dos profissionais relacionados à gestão de recursos hídricos é um dos componentes do Programa do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH/PA), destinado ao fortalecimento dos instrumentos de gestão de recursos hídricos em território paraense.
As reservas hídricas subterrâneas estão armazenadas em sistemas aquíferos, formações resultantes da junção de ambientes geológicos de natureza e características hidráulicas semelhantes, e que podem armazenar e permitir o deslocamento da água. As reservas de água subterrânea, principalmente as mais superficiais, chamadas de “reserva ativa”, são essenciais para a manutenção do regime hídrico e das vazões dos rios, especialmente nos períodos sem chuva. Dessa forma, são de fundamental importância para o consumo humano e animal, e para o abastecimento, público ou privado, de indústrias ou propriedades rurais.
Segundo a diretora de Recursos Hídricos da Semas, Luciene Chaves, a capacitação é essencial para a gestão sustentável dos recursos hídricos da região, reforçando o compromisso da Secretaria com a formação de seus servidores, como estratégia para o desenvolvimento sustentável e a conservação dos recursos naturais da Amazônia.
Gestão integrada - “O curso ‘Águas Subterrâneas na Amazônia’ está inserido no Plano Estadual de Capacitação em Recursos Hídricos, de responsabilidade da Semas e executado em parceria com a Universidade Federal do Pará. Para nossa equipe, é uma excelente oportunidade de fortalecer a capacidade institucional da Secretaria e aprimorar sua atuação na gestão integrada dos recursos hídricos, especificamente no contexto das águas subterrâneas na região Amazônica. Esses conhecimentos são indispensáveis para identificar, prevenir e remediar potenciais impactos ambientais decorrentes da utilização inadequada dos recursos hídricos. A realização deste curso é um investimento estratégico na formação e capacitação dos técnicos da Semas, que desempenham um papel fundamental na promoção da sustentabilidade ambiental e na proteção dos recursos hídricos do Pará”, afirmou Luciene Chaves.
Aline Meiguins destacou que as características das águas subterrâneas dificultam seu mapeamento, processo fundamental para gerenciar com eficiência este recurso. “Existe uma grande dificuldade para conseguir a quantidade de informação necessária para ter uma resposta mais precisa, além da dificuldade de ter um material físico mais completo que permita isso. Por isso, é necessário um mapeamento geológico para aplicar à caracterização subterrânea. Eu analiso, por exemplo, todo o contexto estrutural para poder interpretar e dizer qual é o ponto inicial daquela região mediante este meu conhecimento regional. Eu preciso de um conjunto de poços para tentar aferir esse sequenciamento, em conformidade com a topografia. Se você conseguir um bom sequenciamento de poços, consegue fazer um roteamento, faz um perfil e tenta entender a linha de conexões e parâmetros geométricos. Enfim, são muitas variáveis para trabalhar, para que eu consiga definir com precisão uma condição de abastecimento subterrâneo”, detalhou.
Uso racional - O Plano Estadual de Recursos Hídricos estabelece que, para o uso sustentável das águas, racional e de longo prazo, deve ser utilizada apenas uma parte dessa água subterrânea, a Reserva Potencial Explotável (RPE). Essa é uma estimativa da quantidade de água subterrânea que pode ser usada sem causar prejuízos ao meio ambiente, calculada a partir do volume de chuva que se infiltra no solo e atinge os aquíferos, o que varia de acordo com cada domínio hidrogeológico.
Segundo a professora Aline Meiguins, uma técnica de otimização de abastecimento utilizada em regiões menos úmidas é a barragem subterrânea. “É uma estrutura muito utilizada em regiões semiáridas. No momento de um período chuvoso, ela tem a função de reter a água no subsolo e criar um armazenamento dessa água, para que ela possa ter um período maior de utilização. É uma estratégia para aproveitar os canais de drenagem de recarga e fazer uma espécie de retenção, para que você tenha um determinado nível de armazenamento”, explicou.
Texto: Antônio Darwich - Ascom/Semas