Santa Casa paraense realiza cirurgia inédita com apoio tecnológico
Maior maternidade pública do Pará recebeu em 2023 equipamentos de última geração para assistência aos usuários da instituição
O Estado do Pará realizou, com sucesso, a primeira microcirurgia em uma criança que necessitou de intervenção cirúrgica por meio da Fundação Santa Casa. De acordo com Simone Rogério, neurocirurgiã pediátrica, o procedimento, que usou um microscópio, foi para tratar um processo expansivo intramedular. "O paciente está indo muito bem no pós-operatório, com uma previsão de alta em uma semana de pós-operatório", disse.
"Trata-se de uma cirurgia complexa, porque em criança, uma cirurgia de coluna, a gente tem que realizar uma abertura maior da coluna e entrar na medula, mas ocorreu tudo bem. Sendo assim, para nós, para o usuário e a instituição é um grande ganho", completa Simone.
Ainda de acordo com a neurocirurgiã, a cirurgia realizada no pequeno paciente foi complexa e por isso a necessidade deste tipo de intervenção. "Amicrocirurgia para processo expansivo intramedular foi realizada com o auxílio de microscopia, pelo fato da complexidade cirúrgica. Pela lesão se tratar dentro da medula espinhal. Foi a primeira vez, na área de neurocirurgia, uma microcirurgia realizada na Santa Casa. A instituição já tem um microscópio anterior de um outro modelo muito mais simples. Mas esse novo microscópio é um modelo muito moderno, um dos mais modernos do Estado e foi realizada essa neurocirurgia de maneira eficiente", destaca.
Simone também alerta para o fato de o procedimento ser um avanço na saúde. "A neurocirurgia realizada com a utilização do microscópio, na instituição, para o nosso corpo técnico é um avanço. É um ganho enorme, nós estamos já com programação de outras cirurgias direcionadas para a Santa Casa e que dependiam do microscópio e agora a gente deve inclusive dar um andamento à fila desses pacientes que estavam na espera", destaca a neurocirurgiã.
Cirurgia - Em primeiro lugar, a retirada dessa lesão, que faz parte do tratamento do paciente, é necessária para que possa ser feito um diagnóstico do que é a lesão, se é um tipo de tumor, se foi um processo inflamatório crônico. "Por isso que a gente diz processo expansivo intramedular, que pode ser um tumor ou um processo inflamatório", informa a médica Simone Rogério.
"Nesse caso, realizamos um processo expansivo intramedular que pode ser um tumor ou pode ser um processo inflamatório crônico, então é necessário, em primeiro lugar, você descomprimir a medula e melhorar o quadro clínico do paciente, porque senão o paciente vai ficando paraplégico, vai ficando tetraplégico, então você tem que descomprimir para manter e melhorar as funções neurológicos e fazer o diagnóstico, porque dependendo do que for, vai ter um plano terapêutico diferente", explica a neurocirurgiã.
Médico-cirurgião da Fundação Santa Casa, Eduardo Amoras destaca que esses equipamentos são de última geração. "É uma ótima tecnologia e somam sobre todos os aspectos, quanto à segurança das nossas cirurgias, que se tornam ainda mais seguras na execução delas, que nos traz um aparato de tecnologia permitindo uma qualidade visual e técnica muito melhores e o resultado que é o mais importante: o paciente permanecerá menos tempo internado e terá muitas das vezes, em um só procedimento cirúrgico, alcançado o seu objetivo, que é o tratamento", conta.
"Você imagina uma cirurgia trabalhosa, delicada, sem um equipamento desses. A gente, às vezes, tinha um tempo de duração maior, tínhamos a possibilidade de alguma falha. A técnica poderia comprometer o resultado, então nosso arsenal tecnológico diz respeito à característica da nossa Santa Casa, que é um hospital que atende a alta complexidade materna infantil e eu respondo pela parte cirúrgica pediátrica", informa o doutor Amoras. "A equipe da neurocirurgia vai usar muito frequentemente esse aparelho, nós da cirurgia urologia pediátrica, o time do crânio facial, e isso se desdobra em bons resultados para o nosso paciente, que é o nosso objetivo maior”, enfatiza.
Tecnologia - O Microscópio de Neurocirurgia com Fluorescência, com câmera 4K, recentemente adquirido, permite que os cirurgiões visualizem facilmente os procedimentos em altíssima resolução e auto balance - exclusivo sistema de balanceamento automático que permite deixar o equipamento pronto para utilização em poucos segundos, somente com o acionamento de um botão. A Santa Casa é o primeiro Hospital do Pará a ter esse equipamento com fluorescência e câmera 4K.
Para fazer o acompanhamento da eficácia dos aparelhos, o engenheiro clínico Maurício da Silva conta com o apoio de oito técnicos, cada um responsável por um setor específico para fazer a ronda. "Todos eles percorrem o hospital. Na ronda verificamos se o equipamento está sendo utilizado corretamente, se apresentou algum problema, se a equipe está precisando de algum treinamento, alguma dúvida sobre o uso correto do equipamento. E isso é feito por nossa equipe diariamente e comunicada alguma intercorrência para a gerência da área”, explica o engenheiro.
Bruno Carmona, presidente da Fundação Santa Casa do Pará, destaca que o ritmo de avanços recentes da Instituição são fundamentais para melhor atender o usuário. "A aquisição desse microscópio foi garantida pelo Governo do Estado em 2023, onde nós conseguimos fazer a aquisição desse equipamento de última geração e colocá-lo imediatamente em funcionamento para atender a nossa sociedade. É um equipamento que vai trazer melhores resultados para nossas cirurgias e naturalmente um melhor resultado no tratamento de saúde aos usuários do Estado, que precisam de atendimentos cirúrgicos e dependem da utilização deste dispositivo tecnológico", pontua. "Fico muito orgulhoso da gente conseguir entregar uma medicina de ponta. Uma medicina de qualidade dentro da Santa Casa, com apoio de todas as entidades. E aqui deixo meu registro de agradecimento também à Sespa, que não mede esforços para atender todas as demandas da Santa Casa", ressalta o gestor.