Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
RESSOCIALIZAÇÃO

Seap realiza ação do projeto “Conquistando a Liberdade” na Uepa, em Belém

Iniciativa garante a custodiados a oportunidade de assegurar a remissão da pena e de aprendizado na educação formal

Por Caroline Rocha (SEAP)
26/10/2023 11h36

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), por meio de um Termo de Cooperação Técnica assinado com a Universidade do Estado do Pará (Uepa), iniciou uma ação do projeto “Conquistando a Liberdade” na última quarta-feira (25), no campus do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da instituição, em Belém. Durante 10 dias, 10 internos da Unidade de Reinserção de Regime Semiaberto de Santa Izabel (URRS Santa Izabel) estarão trabalhando no local realizando a limpeza, manutenção das edificações e jardinagem da área interna do Centro. 

Essa é a segunda iniciativa de cooperação entre a Diretoria de Reinserção Social (DRS) da Secretaria e a universidade; a primeira delas ocorreu em 2021. A ação traz vários benefícios, tanto para a comunidade acadêmica, quanto para a própria instituição de ensino e para os internos envolvidos, que garantem uma oportunidade de trabalho e a remissão de pena. Para a Seap, é a oportunidade de mostrar para a população o trabalho de reinserção social e a qualificação profissional que vêm sendo desenvolvidos no sistema prisional do Pará.

“Esses serviços parecem não ter tanta importância, mas para quem trabalha e estuda no Centro é muito importante. Agradecemos novamente por essa parceria e esperamos que essa parceria renda frutos maravilhosos como em 2021”, afirma Amanda Parente, assessora de gabinete do CCSE, que enfatiza ainda que a parceria também permitirá com o que os custodiados façam cursos preparatórios voltados à Educação Básica.

Amanda reforça a mudança de vida que a oportunidade proporciona quando, em 2021, um dos internos do antigo Centro de Reeducação do Coqueiro (CRC), atual Unidade de Custódia e Reinserção do Coqueiro (UCER Coqueiro), participou dessa mesma ação.

“Através desse mesmo projeto, ele conseguiu a aprovação no vestibular. Hoje, é aluno da nossa instituição e também estagiário da Coordenadoria Administrativa do CCSE. Ganham as instituições, ganham as pessoas”, disse.

Maria Paula, estudante do curso de letras da Uepa, aprovou o trabalho desenvolvido e defende que esse tipo de ação está ligada à questão da ressocialização das pessoas, enquanto os internos ainda são estigmatizados pela sociedade.

“Isso é muito importante porque as pessoas estão ali cumprindo a sua pena, e se elas estão aptas a voltar para a sociedade, porque elas precisam de uma oportunidade, que o Estado, o Governo conceda essa chance para elas mostrarem que estão prontas para esse retorno. É benéfico para todos, para nós e para eles”, afirmou.

Mudança de vida – Amanda Parente relembrou a história de um dos internos, hoje com 42 anos, e que conheceu o curso de Ciências da Religião no CCSE, durante uma palestra sobre o curso. Ele, até então, trabalhava pelo "Conquistando a Liberdade" com o objetivo apenas de reduzir a pena, mas ao conhecer um pouco mais sobre o estudo das religiões, decidiu seguir por novos caminhos.

No mesmo ano, inscreveu-se no Exame Nacional do Ensino Médio para pessoas privadas de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que incluía situação de privação de liberdade (Enem PPL).  Ele foi aprovado e iniciou o curso que tanto sonhava, e agora também atua como estagiário do setor administrativo do CCSE.

O universitário ainda se encontra no regime semiaberto, mas sabe a trajetória que quer dar à própria vida daqui pra frente. Como servidor público da universidade estadual, ele tem orgulho do que já conquistou e tem consciência que é um exemplo do trabalho de ressocialização desenvolvido pela Seap.

“Digo para os colegas que estão dentro do cárcere que não é o fim. As dificuldades existem, erramos, o que a gente não pode é continuar no erro. Temos que abraçar a oportunidade e conscientizar e galgar um espaço dentro da sociedade. Eu vejo que as duas instituições me deram a oportunidade: abracei, e estou me ressocializando, podendo ter uma vida digna e ser um orgulho para minha família, em especial as minhas filhas”, declarou.

Interno da URRS Santa Izabel, outro custodiado de 45 anos também trilha o caminho da mudança de vida através do trabalho e educação proporcionado pela Seap. Ele afirma que a assistência religiosa proporcionada no cárcere contribuiu para esse redirecionamento. Desde que conseguiu participar do "Conquistando a Liberdade", conta que decidiu optar por novos caminhos.

Ele já atuou na limpeza do Estádio Jornalista “Edgar Proença”, o Mangueirão, e lembra com orgulho a repercussão da aprovação pelo trabalho desenvolvido juntamente com os colegas da URRS. “Não quero mais fazer minha mãe sofrer. Encontrei no evangelho o caminho para mudar de vida, juntamente com o trabalho. Tenho um irmão preso também e espero que mude de vida também. Só tenho a agradecer à Seap por essa oportunidade”, disse.

Casa própria – Outra história de superação é a de um interno de 38 anos, que há um ano e dois meses participa do projeto da Seap. Ele já realizou cursos na URRS Santa Izabel e vinha desenvolvendo a atividade de pintura predial na unidade. Hoje ele pode pôr em prática o que aprendeu na casa penal.

“Essa ação está sendo muito importante pra mim. Através desse trabalho estou recebendo minha remuneração, realizando a minha ressocialização e estou conseguindo construir minha casa, comprando material com esse dinheiro que estou recebendo”, garante.

Belchior Machado, da DRS da Seap, declarou que a parceria garante oportunidade para que os custodiados contribuam “com suas mãos para melhoria de espaços públicos como esse da universidade. É um trabalho que, sobretudo, tem grande relevância dentro do processo de reintegração dessas pessoas ao convívio social”, finalizou.

Texto: Márcio Sousa/NCS Seap Pará