Projeto da Emater fortalece práticas dos Povos Tradicionais de Matriz Africana
A iniciativa visa incentivar o aprimoramento da produção de plantas medicinais e alimentares utilizadas em práticas ritualísticas e de cura
Cerca de 20 representações de Povos Tradicionais de Matriz Africana (Potma), da Região Metropolitana de Belém, foram recebidas no Escritório Central da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), em Marituba, na manhã desta quinta-feira (14), para tratar sobre a construção de um projeto-piloto para incentivo ao aprimoramento da produção de plantas medicinais e alimentares utilizadas em práticas ritualísticas e de cura, prevenção de doenças e práticas alimentares desses povos comunidades do entorno.
Uma ação inovadora que expande o universo de atendimento e compreensão de que os Potma são importantes mantenedores de modos, sentidos e fazeres ancestrais imprescindíveis à preservação e ao equilíbrio socioambiental, por meio de banhos, chás, condimentos e repelentes.Reunião na sede da Emater com representantes dos Potma
Os representantes dos Potma discutiram a construção do projeto para que haja contribuição da população a ser atendida. O projeto tem a parceira da Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh).
Aprendizado - “Nós estamos nos comprometendo em fazer com que o trabalho que a Emater já desenvolve na sua política ordinária de Assistência Técnica e Extensão Rural chegue até as ações desenvolvidas pelos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas”, disse o presidente da Empresa no Pará, Joniel Vieira de Abreu.
“Não tem como a gente pensar num projeto de política pública sem ouvir e entender os destinatários da política pública. Esse é um processo de aprendizado para todos nós, e neste projeto dos Potma não devemos ter um olhar só operacional, e nem jamais interferir no que é sagrado, mas sim levar a nossa contribuição como política pública respeitando a cada um”, destacou Joniel de Abreu.
O objetivo inicial do projeto é a produção e expansão do cultivo de plantas medicinais nos terreiros ou casas onde ocorrem cerimônias de matrizes africanas, e sistematizar o cultivo com tecnologias adequadas ao espaço e à localização dos terreiros.
No encontro foi criada uma comissão para dar andamento às tratativas sobre o projeto. Ainda serão definidas quais ervas e demais plantas serão cultivadas e as áreas de plantio, bem como as técnicas de conservação ambiental.
Da reunião participaram representantes do Candomblé das nações Ketu, Angola, Jeje e Mina, e da Umbanda. “É de suma importância que vocês possam nos conhecer. Entender nossa cultura, nossa forma de viver, os nossos ritos, para vocês compreenderem a importância que atribuímos às ervas”, frisou a coordenadora do Potma Mulheres e conselheira de Cultura, Carmem Ledo, do Terreiro Tó Wodún Xuê. “Este é um momento muito importante para todos nós, pois este projeto em andamento nos trará como resultado políticas públicas para nossos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas. Nós agradecemos o incentivo da Emater em querer ver esse projeto avançando”, acrescentou.
A próxima reunião com a comissão será no próximo dia 22 de setembro.
Texto: Sarah Mendes - Ascom/Emater