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Profissionais do Hospital Abelardo Santos explicam sobre morte cerebral

O diagnóstico é dado por meio de um rigoroso protocolo clínico e de exame. Mesmo com a parada definitiva do cérebro, é possível captar órgãos vivos capazes de transformar a vida de um paciente na fila de espera

Por Ascom (Ascom)
13/09/2023 17h08

Para um médico dar um diagnóstico final de morte cerebral é porque realizou um rigoroso protocolo de análise. Os procedimentos incluem dois exames clínicos que confirmem coma não perceptivo e ausência de função do tronco encefálico; teste de apneia, que confirme ausência de movimentos respiratórios após estimulação máxima dos centros respiratórios e exame complementar que comprove ausência de atividade encefálica. Uma vez tendo a ausência detectada em todos, o laudo é fechado. 

“A morte encefálica é estabelecida pela perda definitiva e irreversível das funções do encéfalo por causa conhecida, comprovada e capaz de provocar o quadro clínico”, explica Etienne Nascimento de Souza, médica intensivista da equipe técnica do Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS), localizado no distrito de Icoaraci, em Belém.

Geralmente, ocorre quando se torna impossível reverter a perda das funções cerebrais e do tronco encefálico, ou seja, quando se faz o diagnóstico de certeza da cessação irreversível de todas as funções do encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco cerebral).

Por essas características, a morte cerebral se torna diferente do estado de coma. Este é resumido como uma síndrome caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que pode ter várias etiologias e representado por manifestações clínicas importantes, que indicam uma falência dos mecanismos normais de manutenção do estado de consciência. “É um estado de irresponsividade [quando não há resposta], em que o paciente não consegue interagir com o meio externo”, ressalta a profissional. 

Uma pessoa com o quadro de morte encefálica decretado consegue, por meio de intervenção de procedimentos de suporte, manter artificialmente o funcionamento de órgão vitais por alguns dias, no máximo até uma semana. Por isso, é importante agir rápido na captação de órgãos para serem doados. 

A abordagem a uma família de paciente com morte cerebral é feita de forma sutil e não invasiva. No HRAS, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), é a responsável por esse acolhimento por meio da equipe multiprofissional.

“Primeiramente, o time psicossocial e o médico plantonista dão a notícia. Em seguida, entra a equipe da Comissão para conversar com a família, explicando o que é, o que pode acontecer e como o organismo reage sem o comando cerebral. Após isto, é conversado sobre a decisão a ser tomada. Primeira opção é a doação de órgãos e a segunda é desligar os aparelhos, ou seja, as bombas de infusão com as drogas vasoativas que estão mantendo o coração em funcionamento e o ventilador mecânico que está respirando pelo paciente. Este ato é legal e está previsto na resolução do Conselho Federal de Medicina n° 1.826/2007”, explica Daniel Tapajós, enfermeiro intensivista que atua na CIHDOTT.  

Caso a família aceite a doação, a equipe do hospital prossegue com exames específicos e documenta tudo com as assinaturas de cada familiar responsável e tudo é encaminhado para a Central Estadual de Transplantes para que haja a oferta dos órgãos. “Enquanto isso, a gente avalia as funções renais, hepáticas e córnea para ver se está viável. Durante a entrevista é perguntado quais órgãos desejam doar e vamos sinalizando e fazendo a vontade da família doadora”, diz

Transplantes - Os transplantes só são realizados em hospitais autorizados pelo Ministério da Saúde. No Pará, os hospitais autorizados para realizar implante renal são: Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Hospital Ophir Loyola (HOL) e Hospital Saúde da Mulher (HSM), em Belém; Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e Hospital Regional Público do Araguaia (HRPA), em Redenção.

Os hospitais autorizados a realizar transplante de córnea e esclera pelo SUS são: HOL, Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (na Universidade Federal do Pará – UFPA), Hospital Cinthya Charone e Hospital Oftalmológico do Pará.

Serviço - O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos é uma unidade da rede pública de saúde do Governo do Pará, com 340 leitos de internação, entre clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), adultos e pediátricos. A unidade é administrada pelo Instituto Mais Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Texto: Ascom HRAS