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Sedap participa de conferência que busca melhorias para as áreas de mangues das Resex do Estado

A programação conta, entre outros, com representantes da Sedap e das 12 reservas extrativistas, e busca a valorização e conservação dos territórios costeiros amazônicos, considerados de grande importância para a Amazônia.

Por Rose Barbosa (SEDAP)
05/09/2023 15h53

Considerada como uma das guardiãs do lugar onde mora, a marisqueira Glaucia de Nazaré, que integra a Reserva Extrativista Chocoaré-Mato Grosso, no município de Santarém Novo, no nordeste do Pará, é uma das mais de 100 participantes da I Conferência dos Manguezais Amazônicos, que será encerrada no final da tarde desta terça-feira(5). A programação conta com a participação da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), por meio da Diretoria de Pesca. A realização é  da Associação dos Usuários das Reservas Marinhas do Estado do Pará (Aurems) em conjunto com a Fundação Rare Brasil. 

Nascida em uma família de pescadores, a marisqueira destacou a importância de uma programação que entre outros objetivos busca a valorização e conservação dos territórios costeiros amazônicos, considerados de grande importância para a Amazônia. O evento foi aberto na última segunda-feira, no auditório Davi Mufarrej, na Universidade da Amazônia(Unama). O segundo e último dia da programação ocorre no Hotel Bristol, no bairro do Umarizal. 

Gláucia de Nazaré (marisqueira)Para a marisqueira Gláucia de Nazaré, a participação está valendo a pena. "Está sendo de grandes aprendizados, estou bem contemplada com tudo que está sendo apresentado, na divisão de grupos do evento, para discutir temas específicos,  também ganhamos novos aprendizados", opinou a pescadora. A Resex Extrativista Choacoaré-Mato Grosso, segundo informou, tem 2.782 metros. Extração de marisco e de oleaginosas são o  ponto alto da reserva. "Temos um grupo que está começando a alavancar nessa área, também", informou a marisqueira. 

As Resex são espaços territoriais cujo objetivo é a proteção dos meios de vida e a cultura de populações tradicionais, bem como assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da área. No Pará, segundo informou o sociólogo Patrick Passos, que representa a Diretoria de Pesca da Sedap na programação, há 430 comunidades pesqueiras, 21 mil famílias, totalizando cerca de  120 mil pessoas nesses espaços. 

Guia- Na manhã desta terça-feira, o sociólogo apresentou o guia de demandas com osPatrick Passos principais problemas divididos por competências federal, estadual e municipal. O documento  está em fase final e contempla as demandas alusivas aos principais eixos, entre os quais, educação, saúde, gênero, infraestrutura e cultura e identidade tradicional e turismo de base comunitária.  Patrick Passos informou que o documento abrange o que impacta na vida dos moradores das Resex, no sentido de qualificar essas demandas e fazer entrega para os órgãos competentes. "É importante ter uma material qualificado para sentar nas mesas e negociar com as três esferas de governo", observou Passos. 

De acordo com o sociólogo, a Sedap tem uma relação muito próxima com as Resex, com o foco na produção e desenvolvimento de parcerias e produtos. "Na possibilidade de captar recursos e também na assessoria técnica com esse guia que a gente está entregando de demanda", explicou Passos. A previsão de entrega do documento às representações das esferas de governo será até o final deste mês, segundo anunciou o sociólogo. "O guia está pronto, o quer a gente está fazendo é qualificando no sentido de que ele tenha um ISBN (registro da Câmara Brasileira do Livro) e que possa ser divulgado por meio acadêmico, esperamos uma campanha de divulgação maciça e deverá ter versão impressa específica para as autoridades", explicou o servidor da Sedap.

Participam da programação, segundo informou Patrick Passos, representantes das 12 Resex do Pará. Essas reservas, como esmiuçou, se estendem desde o município de Viseu - no nordeste do Pará até Soure, no arquipélago do Marajó. "Também participam representantes de quatro Resex do Maranhão e uma do Amapá", complementou.

Integração- A integração entre as comunidades costeiras e as diferentes esferas de governo  éMariana Trindade Fundação Rare um dos objetivos da programação, como explicou Mariana Trindade, analista de política e governança na Rare Brasil. "Chamar a atenção desses governos, dos atores comunitários, para a importância dos manguezais  para o ecossistema;  aqui no Estado a gente tem uma ampla região na zona costeira, temos a presença desses ecossistema do mangue e de como a gente precisa conversar e cuidar deles, ter ações práticas, políticas de conservação desses ecossistemas", enfatizou a analista da Rare. 

O documento foi construído com a participação dos 12 representantes das Resex do Pará, como explicou Trindade, e o que se pretende é compartilhá-lo com outros envolvidos no segmento. "Para podermos avançar coletivamente nesses pontos que foram tirados como prioridades para as comunidades e  melhoria de vida das comunidades pesqueiras", ressaltou a representante da Fundação Rare.

A programação contou, ainda, com a participação de um representante da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) - escritório de Soure e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmas).