Encontro na COP 23 define esforço conjunto por sustentabilidade em áreas de manguezais
O governo federal, por intermédio do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), o Governo do Pará e a ONG Internacional Rare definiram a concretização de um esforço conjunto para consolidar políticas de preservação nas áreas de manguezais, tendo ações de fomento para o desenvolvimento sustentável das comunidades como uma das principais estratégias. A iniciativa foi discutida durante a COP 23, a Conferência Mundial do Clima, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na cidade alemã de Bonn.
O encontro reuniu no Espaço Brasil o ministro do Meio Ambiente Sarney Filho; o governador do Pará, Simão Jatene; o presidente da Ong internacional Rare, Brett Jenks; o presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski e o presidente do Ideflor-Bio, Thiago Valente, além da representante da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem), Sandra Gonçalves, da Resex Mãe Grande, no Pará.
O ministro Sarney Filho, que encerrou os debates durante o encontro, iniciou seu pronunciamento destacando os argumentos e temas levantados pelo governador Simão Jatene. "O governador está correto quando afirma que os mecanismos de comando e controle são importantes, mas possuem um limite, um teto, na política de combate ao desmatamento. É necessário que, de fato, a floresta em pé tenha mais valor do que derrubada. E isso vale para todos os ecossistemas, todas as áreas. É absolutamente fundamental ter o pequeno produtor e as comunidades inseridas no processo de proteção", destacou o ministro.
O governador Simão Jatene destacou que alguns números comprovam o quanto já se avançou na política de proteção dessas áreas. Porém, ainda é preciso muito para se avançar no desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem ali e em seu entorno. E esta é a principal estratégia para garantir a proteção dos manguezais.
"Temos um número razoável e uma área já bastante expressiva de áreas de proteção de manguezais. Mas se formos aprofundar o debate sobre essas mesmas áreas, ainda estamos devendo muito, a nós todos. Tão importante quanto criar áreas de proteção é observar se estamos efetivamente possibilitando que elas sirvam de base material para uma vida mais digna para as pessoas. Ou seja, é preciso colocar a socioeconomia sustentável nesse debate. E isso só vai ser possível com mais cooperação, com melhor governança e articulação da gestão dessas áreas", destacou Jatene.
Para o governador paraense, diante da diversidade do país e do gigantismo da Amazônia, é impossível que políticas públicas e iniciativas para o desenvolvimento sustentável da região tenham apenas um protagonista. "É necessário envolver diferentes esferas de gestão, ter uma cooperação maior. Estamos convencidos de que é possível virar a página quanto aos estereótipos da Amazônia. Esta é uma região que pode produzir desenvolvimento sustentável a partir de uma tripla revolução, unindo conhecimento, novas formas de produção e alternativas inovadoras de gestão e governança, colocando de forma integrada a preocupação com os eixos ambiental, social e econômico", apontou.
Para Sandra Gonçalves, da Confrem, o debate para proteção dessas áreas é fundamental para se avançar mais. "O Pará é um dos estados pioneiros na implementação dessas políticas, o que nos orgulha muito. E a garantia da preservação, com a valorização das comunidades e pessoas que ali vivem, é fundamental", disse.
No Brasil existem atualmente 324 unidades de conservação federais, sendo 147 de proteção integral e 177 de uso sustentável. No total, são 18 milhões de hectares de manguezais no mundo, sendo que a Indonésia detém 23% desse bioma, e o Brasil aparece em segundo lugar, com 7,4%. No Brasil, a maior área de manguezais está localizada entre os estados do Amapá, Pará e Maranhão.
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