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SEGURANÇA PÚBLICA

Produção agrícola é destaque no sistema penal, com diversas atividades laborais

Custodiados têm atividades em viveiro de mudas, horticultura, horto, suinocultura, palmípedes, meliponicultura, entre outras iniciativas

Por Caroline Rocha (SEAP)
26/06/2023 16h05

Além da custódia humanizada, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) tem como foco investir cada vez mais em projetos de reinserção social. Nesse sentido, a Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (Cpasi) destaca-se pela quantidade de atividades que desenvolve, uma em especial chama a atenção, a área de produção agrícola. 

Atualmente 40 internos trabalham nos setores da sementeira, viveiro de mudas, horticultura, horto, suinocultura, palmípedes, meliponicultura e piscicultura. Sabrina Lima, é agrônoma e técnica de reinserção social da Cpasi, e, para ela a Colônia é considerada a menina dos olhos.

“A casa penal como um todo é muito ativa, temos a maior unidade do semiaberto. A área de produção representa de fato a colônia agrícola, temos a agricultura como carro chefe e tudo que desenvolvemos aqui serve como projeto piloto para ser usado em unidades prisionais do interior”, diz Lima. 

Toda a mão de obra que trabalha na área de produção agrícola da Cpasi passa por uma seleção rigorosa, outro ponto interessante é a experiência anterior, a maioria dos internos já trabalhou anteriormente com alguma atividade agrícola.

Processos produtivos – A produção inicia nas sementeiras e no viveiro de mudas onde ocorre o plantio das sementes nas bandejas de mudas feitas de isopor. Após alguns dias é feito o processo de repicagem, que transfere as mudas para os “copinhos de jornal”, que será explicado melhor a seguir. 

Lá elas permanecem em média de 20 a 30 dias dependendo da espécie de planta cultivada até seguir para o campo. A horta da Cpasi é bastante variada, possui alface, maxixe, couve, quiabo, jambú, entre outros. 

O técnico agrícola da Cpasi, José Rodrigues explica que a técnica do “copinho de jornal” surgiu para sanar uma dificuldade que existia em relação ao recipiente para plantar as mudas, antes era utilizado os sacos de polietileno, mas devido ao custo tornou-se inviável e foi preciso encontrar uma alternativa. 

“Já faz alguns anos já que a gente vem trabalhando com o copinho de jornal e deu muito certo, os internos cortam o jornal e enrola na lata de salsicha que é o molde certinho e sai os copinhos. Depois é só encher eles com a terra peneirada, e colocar as mudinhas que a gente semeia nas bandejas. Comi isso a gente conseguiu reduzir os custos e usar algo que não vai não vai poluir o campo porque o jornal se dissolve”, afirma Rodrigues. 

Atualmente o jornal utilizado na confecção dos copinhos é doado para a casa penal, isso ampliou a capacidade de produção das mudas.

“Quando a gente usa só a bandeja de isopor fazemos o plantio de uma semente por célula, até levar para o campo. Mas quando fazemos a repicagem e usamos os “copinhos de jornal” em vez de produzir 120 mudas de uma vez, conseguimos triplicar esse número e plantar 360 mudas”, diz o técnico.

Pomar – A área de produção da Cpasi também está desenvolvendo um pomar com várias árvores frutíferas, utilizando principalmente mudas de goiabeira e de citricultura. 

Além disso, existe a preocupação de fazer um ambiente SAF, um sistema agroflorestal capaz de melhorar o meio ambiente através do plantio de sementes e/ou de mudas. Na fruticultura é facilmente encontrado mudas de maracujá, cacau, goiaba, mamão, manga, açaí, laranja, tangerina e assim por diante.

Horto – As plantas ornamentais também passam pelo mesmo processo de plantio, com as sementeiras e o viveiro, mas também conta com canteiros externos que dão suporte. Além das folhagens e das plantas tropicais que vem diretamente da mata. 

“Os paisagismos das unidades prisionais estão sendo feitos com as plantas que saem daqui. Os arranjos florais dos eventos da Seap também são feitos pelos internos. Fico feliz pela qualidade dos produtos que eles fazem, e pela boa repercussão que sempre tem”, declara Lima. 

Aprendizado – Segundo Rodrigues mais importante do que o conhecimento adquirido é a troca de experiências entre os custodiados e a equipe da 
Seap. “Nosso principal objetivo é ensinar da melhor forma, a gente mostra vários métodos, mas também aprendemos com eles, com as técnicas que trouxeram do interior onde viviam. É uma troca de conhecimento! ”.

Rodrigues relembra do caso de um egresso que aprendeu um ofício na Colônia e hoje é produtor rural. O senhor voltou para o município de São Miguel do Guamá, decidiu plantar tomate cereja e hoje abastece um supermercado. 

Oportunidades – Elton Souza aproveitou as oportunidades que teve em todas as unidades que passou, na Cpasi há um ano e sete meses ele coordena a equipe que trabalha no horto. 

“Quando eu cheguei na unidade a equipe me abriu as portas para o trabalho, hoje eu estou na floricultura cuidando das plantas, faço a replantagem e os arranjos também. Agradeço a oportunidade que tive aqui, sei que quando eu sair vou ter mais portas abertas”, conta Elton. 

Já Yuri Santana trabalha diretamente na horticultura, o interno que já fez quatro cursos dentro da Cpasi deseja ser um bom profissional e orgulhar a família. 

“É um privilégio hoje para mim trabalhar na horta, ajudo na adubação e, às vezes ,até no semeio. Para mim foi muito bom esse ramo da horta, quero ajudar a minha família, meus filhos. Quero me capacitar mais, montar meu próprio negócio, levar meu conhecimento lá para fora e trabalhar como vendedor de hortaliças”, finaliza o interno.

Texto de Yasmin Cavalcante / Ascom Seap