Em mais de 50 municípios, feiras de pescado na Semana Santa destacam ação da Emater
Emater acompanha mais de duas mil famílias aquicultoras, com destaques às regiões do Rio Capim e Tocantins com a produção de camarão e caranguejo
No Marajó, a Feira do Peixe Vivo sendo montada no município de Ponta de PedrasNa tradição da Semana Santa, entre esta quarta (5) e sexta-feira (7), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) participa diretamente de feiras de pescado em pelo menos nove municípios: Benevides, Concórdia do Pará, Curralinho, Curuçá, Marabá, Marituba, Portel, Santa Izabel e Santarém.
As equipes extensionistas também contribuem para eventos similares em outros 51 municípios, em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap) e prefeituras.
A oportunidade é para que, cara a cara, pescadores e piscicultores possam vender peixe vivo ou fresco para consumidores finais, a preços cerca de 10% mais baratos, em comparação a épocas e mercados regulares.
Pará tem destaque nacional
Conforme panorama do Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento (Mapa), o Pará é um dos maiores recintos comerciais de peixe do Brasil, considerando-se pesca artesanal e cultivo. Na piscicultura, são mais de 25 mil toneladas por ano (dados de 2020).
A Emater atende mais de duas mil famílias aquicultoras. O destaque se dá nas regiões do Rio Capim e Tocantins e o cenário inclui alga, camarão, caranguejo, ostras e peixe.
Em 2022, ademais, de acordo com o relatório institucional institucional, somente para pesca artesanal foi intermediado crédito rural de mais de R$ dois milhões e meio, em benefício de mais de 600 famílias.
“O papel da Emater nos acontecimentos em si diz respeito à colaboração na mobilização, na logística, na conscientização, porém o mais importante é a culminância de todo o trabalho da Emater realizado pelos nossos técnicos nos 144 municípios, em relação à cadeia produtiva. Entendemos que um dos grandes gargalos é comercialização”, explica o coordenador de operações da Emater, o zootecnista Ricardo Barata.
O gestor detalha que, com as Feiras de Peixe Vivo, o produtor dribla a dependência de atravessadores: “Com isso, todos ganham: o produtor aumenta a margem de lucro e o consumidor compra mais barato proteína de qualidade e abundante”, diz.
Movimentação
No Marajó, a movimentação é intensa. Em Ponte de Pedras, por exemplo, a Emater apoia a presença de oito famílias na 4 ª Feira do Peixe Vivo. O grupo representa a produção de cinco comunidades, que trabalham com as tecnologias de tanque de várzea e tanque escavado. A expectativa é de comercialização de seis toneladas de tambaqui e tilápia.
“É uma atividade bastante rentável na perspectiva da agricultura familiar do município, no sentido de ampliar o leque de atividades na mesma propriedade. São extrativistas de açaí e horticultores que começaram a ser, além, piscicultores. Ajudamos a estruturar e mobilizamos a prospecção de cada vez mais famílias interessadas”, aponta o chefe do escritório local da Emater em Ponta de Pedras, o técnico em agropecuária Martinho Morinaka.
A engenheira de pesca Geyseanne Noronha, da Prefeitura, explica que o principal desafio ainda são os insumos, sobretudo a ração, cuja despesa alcança 40% dos custos do sistema: “Embora o resultado atual nosso já consagre até 60% de lucro para o agricultor familiar que diversifica investindo em piscicultura”, calcula.
A alguns quilômetros, já em Portel, onde a Emater também faz parte da Feira municipal, a autônoma Maria Idalina de Araújo, de 51 anos, vem cumprindo jejum de carne vermelha no contexto da Quaresma, o que intensificou o consumo de peixe frito dentro de casa. A preferência é por caratinga, pescada branca e tucunaré.
“Está sendo todo dia”, conta. Pelo costume de comprar em mercados e de atravessadores na rua, Araújo considera os valores “altos”: “Acho que um evento com preços melhores e peixe do dia, sem ser de geleira, incentiva muito”, diz Idalina.
Texto de Aline Miranda