No Pará, mulheres estão cada vez mais ocupando espaços na Ciência
Estado é um dos que mais tem o público feminino na coordenação de projetos científicos financiados
A professora Janae Gonçalves com alunaA data de 11 de fevereiro marca o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. E, para fomentar ainda mais a abertura desse espaço, o governo do Pará estimula e apoia projetos de referência por meio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), e que são coordenados por pesquisadoras.
A professora Janae Gonçalves, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), coordena o projeto de implantação de um Programa de Desenvolvimento às Pessoas com Transtorno do Espectro Autista no Estado do Pará (PDTEA) com a perspectiva de desenvolver nos 17 municípios do Arquipélago do Marajó, uma ação direcionada a garantias de direitos sociais desse público.
Ana Paula Souza"A gente pensou nesse projeto focando muito nas pessoas, na inclusão. A ideia era fazer no Estado todo, mas por questões orçamentárias precisamos focar em apenas uma região, e escolhemos o Marajó. Iniciamos em maio do ano passado e dura um ano. O governo do Pará é um dos que mais investe nessa área, e isso tem a ver com os resultados dos nossos trabalhos", avalia.
Hoje, são nove mulheres e sete homens no projeto, que foca também na avaliação das políticas públicas voltadas a esse público. "A gente quer entender como se dá o atendimento à pessoa com TEA nesses municípios, principalmente em educação, saúde e assistência social", reafirma a pesquisadora.
Já a professora Vânia Neu desenvolve um projeto de sistema de coleta, filtragem e reaproveitamento de água da chuva para comunidades ribeirinhas, disponibilizando acesso à água potável ao público dessas localidades. Ela fala sobre a importância de dar visibilidade a mulheres na ciência (incluindo as áreas exatas), o incentivo a mulheres que ainda estão começando a carreira acadêmica, como foi a origem desse projeto de acesso à água potável e a importância do apoio da Fapespa na iniciativa.
"É muito comum no interior as pessoas não terem acesso a saneamento, água em banheiros em casa e isso resulta em problemas de saúde dos mais diversos. Isso é muito triste, estamos num lugar do planeta que mais tem água e as pessoas não têm água potável para beber", explica, falando sobre seu estudo.
O presidente da Fapespa, Marcel Boltelho, fala sobre o reconhecimento da Fundação às mulheres cientistas.
“Hoje, as mulheres já representam 50% ou mais dos acadêmicos, contudo, essa participação não é a mesma quando falamos da coordenação de projetos científicos financiados no Brasil. No Pará, essa representação é de aproximadamente 35%! Embora seja uma das maiores no Brasil, fica claro que precisamos de políticas inclusivas que reconheçam as diversidades e promovam uma competição mais justa pelos recursos de fomento à pesquisa", comentou.
Ainda de acordo com Marcel Botelho, o governo do Pará, através da Fapespa, adota critérios que reconhecem essas diversidades em seus editais. "Hoje, temos 66 projetos de pesquisa fomentados pela Fapespa, coordenados por pesquisadoras das diferentes ICTs presentes em nosso Estado. Todos eles com um grande potencial de impacto para o benefício da nossa sociedade em áreas como: 1- a bioprospecção de produtos farmacológicos, nutricionais, cosméticos; 2- a bioeconomia e tecnologia social; 3- a saúde coletiva", destaca.
O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro, foi instituído em 2015 pela Assembleia das Nações Unidas e passou a integrar o calendário de eventos da Fundação em 2019. Sob a liderança da Unesco e da ONU Mulheres, o evento acontece em diversos países, com atividades que visam dar visibilidade ao papel e às contribuições fundamentais das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica.