Pequenos pecuaristas de Alenquer receberam, diretamente, quase R$ 4 milhões de crédito rural em 2022
Projetos da Emater em parceria com o Basa contemplaram famílias ora sem acesso
Até novembro de 2022, 159 pecuaristas de Alenquer, no Baixo Amazonas, receberam um montante de quase R$ 4 milhões em crédito rural via projetos elaborados pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), com liberação pelo Banco da Amazônia (Basa).
Os recursos foram repassados na modalidade desburocratizada Basa Digital, que prevê trâmite acelerado e alcance de famílias até então sem acesso porque o tamanho das propriedades e o volume de rebanho não se enquadravam em linhas anteriores. De acordo com formulação estatística da Emater, dos beneficiados deste ano, a média de área é de 12 hectares e meio e a média de rebanho, sete animais com fins de abate para comercialização de carne.
“São propriedades pequenas, que situam empreendimentos familiares. Conseguimos não só encaminhar o acesso, como também facilitamos: pelo formato Digital, é possível aprovação no mesmo dia, em contraposição à solicitação convencional, a qual pode demorar por volta de 40 dias”, explica o chefe do escritório local da Emater em Alenquer, o técnico em agropecuária Waldomiro Yared.
Os contratos individuais variam de R$ 1 mil a R$ 25 mil, com indicação de uso para ampliação da quantidade de gado da raça Nelore. Pelo menos mais 112 projetos similares elaborados pela Emater, totalizando perto de R$ 300 mil, encontram-se em tramitação no Banco no aguardo de ajuste documental ou aprovação. Uma das metas para 2023 é aumentar a participação de financiamento de lavouras de mandioca.
Ano Novo, Vida Nova
Confortável no meio dos 24 hectares do Sítio Fé em Deus, na comunidade Campo Grande, o produtor Valdemir Costa, 52, observa suas 27 reses: “Todo caboco que hoje é maior um dia já foi pequeno, né?”, filosofa. A família inclui a esposa, Leda Maria, 59, e a filha única do casal, Lívia, 18.
Atendidos pela Emater desde 2013 e protagonistas de uma jornada com pouco apoio financeiro de todos os lados, eles comemoram o ano findo com um incentivo determinante consagrado no segundo semestre: um capital de R$ 25 mil, o qual permitiu a compra de “mamotes”: bezerros desmamados que aumentam e qualificam a produção. “Só posso dizer que foi ótimo, porque eu não tinha nada de giro, aqui vivíamos à base de precisão, a nossa vida era sempre a depender de negociação às vezes de uma necessidade urgente”, diz.
O plano para o Ano Novo é mais crédito, desta vez para adquirir uma terra vizinha, anexa; estruturar melhor o espaço e conseguir administrar mais animais - dos atuais 27 para 30, provavelmente já em junho. “Eu tenho um sonho e, com a ajuda da Emater, quero transformar esse sonho em uma realidade. Que venha o futuro!”, anima-se.
Texto: Aline Miranda