No CIIR, a prática do esporte ajuda na reabilitação de usuários com deficiência visual e cegos
A equipe multiprofissional do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) aderiu à mobilização pelo Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual e do Cego, lembrada, anualmente em 13 de dezembro: dia de combate ao preconceito e à discriminação, além da luta pelos direitos e a inclusão das pessoas com esta deficiência, com a oferta de serviços de qualidade, seguro e humanizado aos seus usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade oferece ainda projetos que incluem lazer e prática de atividades esportivas adaptadas.
Para tanto, a gestão do CIIR vem transformando vidas e reescrevendo histórias de superação com estrutura e tecnologias dispostas em seus ambientes com destaque para projetos e espaços como a Mecanoterapia ao reabilitando com deficiência visual (baixa visão) e cego. Para agilizar a resposta Clínica e terapêutica do usuário, o Centro oferece atendimento integral e centrado a pessoa com a Terapia Ocupacional, Psicologia, Enfermagem, com ênfase na Educação Física, que insere os seus princípios trazendo para o dia a dia dos usuários dentro do CIIR, a prática de esportes adaptados.
“A Educação Física estimula o tônus muscular, o equilíbrio, o controle de tronco, a coordenação motora e noção espacial. Tudo para que o usuário possa ter inclusão social na sua rotina fora do CIIR. De acordo com o seu perfil, a equipe de educadores monta o plano terapêutico que incluiu o esporte adaptado como um dos suportes no acompanhamento clínico”, pontua João Rodrigues, educador físico.
Morador do município de Maracanã, distante cerca de 140 km de Belém, Vitor Costa, de 14 anos, é cego e realiza uma vez por semana reabilitação no Centro. Sua mãe, Aurilene Costa, de 38 anos, pontua a evolução de mobilidade do garoto em quase três anos de atendimento no Centro Especializado em Reabilitação (CER IV).
“Antes de ser acompanhado pelo CIIR, meu filho tinha dificuldades de locomoção e até fazer sua higiene básica. Hoje, com a reabilitação, ele tem autonomia em vestir suas roupas, anda pela casa sem esbarrar nos objetos. Na rua, já tem noção de espaço. Melhorou, inclusive, sua sociabilidade. Hoje é um adolescente com mais confiança, interage com as outros colegas. Só tenho gratidão ao CIIR pelo desenvolvimento do meu filho”.
João Rodrigues é um dos educadores que acompanham o Vitor. De acordo com ele, as atividades propostas ao menino, como um simples pular, dão a ele equilíbrio e tônus muscular (melhora a força da musculatura). “Esta simples ação de pular proporciona ao Vitor um trabalho de fortalecimento dos membros, principalmente os inferiores e o tronco para ele ter mais equilíbrio e noção de espaço. Quando ele pula, na volta ao solo ajuda na coordenação motora e ganha força. Com a deficiência de visão total, ele precisa ter o tônus muscular em dia para realizar suas atividades do dia a dia, sem dificuldades”.
Além do acompanhamento com a Educação Física, Vitor também é acolhido nas áreas de Terapia Ocupacional, Psicologia e Musicoterapia. De janeiro a novembro de 2022, o CIIR já conduziu mais de 1.300 atendimentos às pessoas cegas.
Dados - Entre todas as deficiências, a mais comum é a visual, que atinge 3,5% da população, ou seja, 6,5 milhões de pessoas. Na região Norte, há registros de quase 575 mil com esse tipo de deficiência, o que corresponde a 3,6% dos habitantes. A informação é do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números reforçam a necessidade de visitar periodicamente o oftalmologista, já que o levantamento mostra ainda que 528.624 pessoas no país são incapazes de enxergar (cegos); 6.056.654 pessoas possuem baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar); cerca de 29 milhões declararam possuir alguma dificuldade permanente para enxergar, ainda que usando óculos ou lentes.
Projetos - Denominado de Meninos do Rio, o projeto do CER IV estimula a prática regular de atividade física que melhora a qualidade de vida e bem-estar emocional do ser humano. O projeto inclui todas as PcD’s e visa a preparação física desses usuários focando no trabalho cardiorrespiratório, fortalecimento muscular dos membros superiores e inferiores, além do controle de tronco. Ainda fortalece a socialização do grupo para a prática da canoagem.
“A canoagem proporciona aos de baixa visão e cegos conseguir trabalhar várias áreas. Só o fato da terapia ser em um ambiente com natureza, já atinge mais de 40% do resultado clínico”, pontua João Rodrigues, ao destacar que a prática deste esporte possibilita que o reabilitando visual consiga sentir o movimento da canoa para ajudar os companheiros a remar. “É preciso ter concentração para perceber o movimento que a canoa está fazendo. Incrível que eles percebem, conseguem remar de acordo com os demais, mesmo sem visualizar o que está acontecendo”.
O educador ainda salienta que o profissional, ao acompanhar os reabilitandos na canoagem, narra o que há ao seu redor. “O colaborador vai explicando todo o visual que a atividade está proporcionando a quem enxerga. Ele descreve: ‘estamos de frente para o CIIR, do nosso lado direito está a Estação das Docas; do lado direito, para trás estão as ilhas de Icoaraci, Mosqueiro; lado esquerdo está o aeroporto internacional da cidade; e com isso, repassa o encantamento do cenário da natureza. Eles conseguem visualizar do jeito deles”.
Estrutura - O Centro é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do CIIR por meio de encaminhamento das Unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município que, por sua vez, encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado, conforme perfil do usuário, pelo Sistema de Regulação (Sisreg).
Serviço - O CIIR é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.
Texto de Pallmer Barros/Ascom CIIR
