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Pecuária do Pará cresce com sustentabilidade e incremento tecnológico

Com o terceiro maior rebanho bovino e o maior de búfalos do Brasil, o Estado investe no aprimoramento da defesa sanitária para chegar a novos mercados internacionais

Por Manuela Oliveira (FAPESPA)
12/12/2022 11h46

Detentor de um rebanho de 25.180.621 bovídeos - o terceiro maior do Brasil -, o Pará registra uma condição inusitada em um cenário de graves agressões ao meio ambiente. O segmento cresce e ocupa uma área de 193.697 km2, o que corresponde a 15,55% do território paraense – um gigante de 1.245.870,798 km2. A pecuária paraense evidencia sua eficiência ao registrar expressivo crescimento na produção sem expandir a área ocupada, preservando áreas ainda intocadas pelo segmento.

O crescimento de 21,70% do rebanho, em comparação a 2019, quando totalizava 20.692.100 animais, é comprovado pelos dados da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará). A importância do segmento também se reflete na pecuária bubalina: o Pará se mantém em primeiro lugar, com 750.301 búfalos, criados principalmente no Arquipélago do Marajó. 

Segundo o médico veterinário e diretor da Adepará, Jamir Paraguassu Macedo, esse aumento resulta do aporte tecnológico e da adoção de práticas sustentáveis. A tecnificação da criação de animais inclui investimentos principalmente em rotatividade do pasto; adubação, que permite melhor aproveitamento da área e maior lotação de animais, controle sanitário e melhoria genética, que garante o abate a partir de 18 meses, o que antes exigia 60 meses.

Sustentabilidade – Hoje, o Pará é o único estado da Federação a possuir vinculação da Guia de Trânsito Animal (GTA) com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), inviabilizando a possibilidade de propriedades com passivos ambientais emitirem a GTA até sua regularização nos órgãos de fiscalização ambiental.

“Esses dados revelam que a pecuária paraense é fantástica ao apresentar o melhor crescimento do país, com avanço da tecnologia e da sustentabilidade ambiental, pois saímos de uma taxa de lotação de 0,5 animal por hectare para 1,4 animal por hectare”, informa o diretor da Adepará.

Desenvolvimento – As áreas mais expressivas na pecuária bovina são a Região de Integração Araguaia, no Sul do Pará, com 8.220.528 reses; RI Carajás, com 4.125.313 animais: RI Xingu, com 3.571.786, e RI Lago de Tucuruí, com 2.843.903, totalizando 18.761.530 animais, o equivalente a 74,51% do rebanho paraense.

Em 2021, o Pará encaminhou 2.030.867 bovinos para o abate, o que representa 8,31% dos animais criados para essa finalidade. Foram 1.949.406 abatidos dentro de plantas frigoríficas inspecionadas por órgãos oficiais, com 1.772.671 para frigoríficos sob a fiscalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e 176.735 para matadouros estaduais, fiscalizados pela Adepará. “A relação do sexo dos animais abatidos foi de 3,6 machos para uma fêmea, ou seja, a realização do abate maior de machos”, detalha o veterinário Jefferson de Oliveira, diretor de Defesa e Inspeção Animal da Adepará.

Referência mundial – Com a agropecuária sendo a segunda pauta do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, o trabalho da Agência de Defesa é essencial para manter o desenvolvimento econômico. Hoje, dos 144 municípios, 52 são dependentes do agronegócio. Assim, as políticas formuladas pela Agência abrangem o pequeno, o médio e o grande produtor rural, e visam atender ao mercado interno e também fazer com que os produtos agropecuários gerados no estado tenham competitividade em preço e qualidade em outros mercados nacionais e internacionais.

A Adepará é considerada por órgãos similares referência nacional em defesa agropecuária. A autarquia se destaca com a vigilância ativa das propriedades, em cumprimento às metas dos programas sanitários nacionais implementados pelo Mapa e pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) com o objetivo de avançar no Programa de Erradicação da Febre Aftosa. O objetivo principal é chegar a novos mercados consumidores e obter maior rentabilidade.

“Neste cenário, o agronegócio paraense continuou produtivo, com suas ações regulares, e ainda registrou uma ascensão do setor, mesmo em tempos de crise. Nos últimos dois anos, a Agência de Defesa aumentou o número de empresas registradas, implantou novos serviços, melhorou sua infraestrutura física e tecnológica, consolidou tecnicamente as ações de defesa sanitária agropecuária e de segurança alimentar”, informa Jefferson de Oliveira.

Economia – Atualmente, os principais mercados consumidores do gado criado no Pará são os estados do Amazonas, São Paulo e Mato Grosso, e no mercado internacional os Países Árabes, China e Rússia. Com a retirada da vacinação contra aftosa que está sendo pleiteada pelo Estado, prevista para 2024, novos mercados serão conquistados, entre os quais Estados Unidos, Comunidade Europeia e Chile.

A retirada da vacina resultará em uma economia anual superior a R$ 100 milhões, incluindo custos diretos e indiretos. Pelo que representa para a pecuária nacional, o Pará, por meio da Agência de Defesa e instituições parceiras, atua em conjunto com o Mapa para substituir gradualmente a vacinação por outras medidas sanitárias de controle da doença, o que depende do aprimoramento dos mecanismos de vigilância e do fortalecimento do sistema de prevenção e detecção precoce da aftosa.

“As ações do Plano Estratégico preveem a retirada da vacina no Pará e os desafios para a vigilância sanitária do serviço veterinário oficial. Porém, o plano não estabelece somente a retirada da vacina. Também é consequência da estruturação do serviço de preparação do setor produtivo, que vai ter um papel diferenciado na nova condição sanitária livre de febre aftosa sem vacinação e, em consequência, conquistará novos mercados no comércio internacional”, informa Jamir Macedo.

Exportações – A taxa de desfrute (ou de extração) mede a capacidade do rebanho de produzir animais excedentes para venda sem comprometer seu efetivo básico. A taxa de desfrute no Pará foi de 8,57%, em 2021, com o excedente de 2.094.693 animais comercializados principalmente para abate e exportação. O excedente é constituído de novilhos em idade de abate, de touros e vacas descartados do rebanho e das novilhas não reservadas para reprodução.

“Já somos uma referência nacional em defesa agropecuária, que garante a segurança do consumo de produtos agropecuários com a preservação do meio ambiente e competitividade. Portanto, agora nosso objetivo é abrir novos mercados consumidores externos e tornar os produtos paraenses cada vez mais competitivos nos mercados regional, nacional e global. Para isso, a Adepará trabalha diariamente em todos os municípios paraenses”, garante Jamir Macedo.