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COP 27: Governador reafirma que bioeconomia e financiamento climático são saídas para a Amazônia

Representando o Consórcio da Amazônia Legal, o governador enfatizou o respeito aos povos originários da Amazônia

Por Bruno Magno (SEOP)
14/11/2022 10h11

O Governador do Pará, Helder Barbalho, fez a primeira participação na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27) nesta segunda-feira (14), dentro do painel "Financiamento climático: o papel da cooperação internacional para o desenvolimento de baixas emissões na Amazônia". Os debates ocorreram na agenda do Consórcio Amazônia Legal da COP 27, realizada este ano em Sharm El Sheikh, no Egito. No painel, o chefe do Executivo Estadual destacou a importância do financiamento climático para aceleração do desenvolvimento de baixo carbono na Amazônia Brasileira e falou sobre os desafios do Consórcio em frear os problemas ambientais mais urgentes.

"O Consórcio da Amazônia Legal é de fundamental importância, pois podemos criar estratégias regionais, estratégias de cooperação que sejam feitas em áreas de divisas entre os estados que fazem parte da Amazônia,consolidando e construindo com apoiamento e financiamento de entidades internacionais, para viabilizarmos uma força regional de combate ao desmatamento, ter estruturas de logística e ter financiamento, seja para o incremento de brigadistas para região da Amazônia para combater os incêndios, seja na estrutura logística com o uso de aeronaves e a infraestrutura necessária para que possamos combater as ilegalidades ambientais", ressaltou ele na abertura dos trabalhos, em nome do presidente do Consórcio Amazônia Legal, governador Antônio Waldez Góes (AP) e dos demais governadores dos estados membros do Consórcio.

Por outro lado, Helder Barbalho também enfatizou que todos precisam, por meio de políticas públicas eficazes, criar condições para uma economia verde e manter a floresta em pé, respeitando os povos originários da Amazônia. "Precisamos criar a construção regional da transição econômica, para que possamos definir e consolidar a estratégia de economia de baixo carbono, garantindo a partir do pilar do monitoramento, controle e fiscalização, a sequência dessa triangulação, para que possamos garantir regularidade fundiária, consorciada, a regularidade ambiental e, a partir daí, estimular o vetor da floresta em pé como ativo econômico da bioeconomia, garantindo que nossa biodiversidade consorciada aos saberes da floresta possa permitir que a floresta viva garanta o seu objetivo: o equilíbrio do clima, a captação do crédito de carbono. Mas, ao mesmo tempo, o respeito aos povos da floresta, as comunidades tradicionais e ribeirinhas, ao tempo em que asseguramos que a bioeconomia seja o incremento e o pilar econômico da nossa região", observou ele.

Como amazônida e convidada para as discussões, a cantora paraense Fafá de Belém se emocionou durante a agenda. Ela falou sobre a importância de outros países olharem para a Amazônia, respeitando os povos originários da floresta e suas particularidades. "Desculpem a emoção, quero falar aqui da importância do mundo olhar para nós, amazônidas. A Amazônia, às vezes, é vista de forma folclórica, como se nós não pertencessemos ao Brasil e ao mundo. O mundo nos olha, às vezes, como mais delicadeza que muitos lugares do Brasil. Não somos caricatura de um projeto, somos um povo, nós temos história, nossa natureza é forte. Espero que, a partir de agora, nos olhem com olhos de humanidade. Nós temos muito para dar, muito para ensinar. A Amazônia é um celeiro cultural e a bioeconomia precisa ser resgatada por meio de todos os nossos biomas. Tenho muito orgulho do governador Helder Barbalho por estar a frente disso tudo, por estar olhando para nós, pela floresta viva, como a única possibilidade de mantermos a floresta em pé", disse ela, que cantou sobre a Amazônia após o discurso. 

Em sua fala, o diretor do NICFI/Noruega, Andrea Jorgensen, destacou que a Amazônia é a grande protagonista na criação de estratégias para o enfrentamento da crise climática e que o país continuará como parceiro e financiador de programas climáticos.  "Os estados têm um papel crítico nessa estratégia, o trabalho de vocês é muito importante, dando meios de vida e oportunidades econômicas para criar um estado de direito na Amazônia. Há um potencial enorme para crescer no próximo governo com a bioeconomia e um menor desmatamento. Precisamos do Brasil como líder global nessa questão", disse ele, ressaltando que a Noruega faz parte do Fundo Amazônia e que está esperançoso com as políticas ambientais a serem implementadas pelo então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. "O Brasil apresentou os melhores resultados de mitigação no governo do Lula, agora temos o presidente eleito, dizendo que quer repetir esse feito, que é de um significação global enorme, então o mundo tem que se juntar para mobilizar os recursos e ferramentas para ser parceiro do Brasil", completou ele.

Compartilhando da mesma opinião, o diretor de clima, floresta e meio-ambiente da Alemanha, Heike Henn, disse que o país está animado para parcerias com os estados brasileiros, a fim de manter o financiamento climático, e consequentemente, a floresta em pé. "Já temos uma cooperação de longa data com o Brasil. Nós não temos uma visão futurista sobre a Amazônia, nós não falamos sobre a Amazônia sendo um bem público global, ela pertence ao Brasil, seus países vizinhos e as pessoas da Amazônia. A floresta tem um grande impacto em bens públicos e aí é que queremos trabalhar juntos aos nossos governadores no Brasil. Começamos com um projeto, o Amazon Fund, e os estados subnacionais sabem como organizar isso de uma maneira bem sucedida, e vamos voltar com esse programa, ele estará disponível para apoiar o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Finalizo dizendo que estamos muito atraídos pela ideia de uma economia da floresta em pé, é isso que queremos ver e apoiar. Sabemos que o Brasil e a região amazônica precisam ter crescimento para melhorar o bem-estar das pessoas e por isso estamos renovando essa parceria com nossos amigos brasileiros", ressaltou ele. 

Ao final do painel, o governador Helder Barbalho agradeceu os participantes em nome dos governadores do Consórcio da Amazônia Legal e ressaltou que o financiamento climático é o grande caminho para o futuro da Amazônia, já que visa apoiar ações de diminuição e adaptação à crise climática, sobretudo por meio do fomento de políticas públicas e projetos para enfrentamento da crise. "Que possamos reativar mecanismos de financiamento, que possamos reativar o Fundo Amazônia, para que o Brasil, com seu protagonismo e responsabilidade ambiental, possa conciliar um modelo de desenvolvimento sustentável que olhe para floresta com ativo e para as pessoas. Essa união de todos, sob a liderança do governo brasileiro, vamos construir e assegurar que a Amazônia seja a solução para o Brasil, solução para o planeta e, acima de tudo, o equilíbrio entre as pessoas e a floresta", disse ele, lembrando que o Pará será protagonista no tema ao lançar o plano de bioeconomia durante a COP 27. 

Além do governador do Estado, Helder Barbalho, participaram do painel, os governadores Gladson Cameli (AC), Mauro Mendes (MT), Wanderlei Barbosa (TO) e Marcos Rocha (RO), além de Andreas Dahi Jorgensen, Diretor do NICFI/Noruega; Heike Henn, Diretor de Clima, Floresta e Meio Ambiente da BMZ-Alemanha; Kate Hugues, Diretora de finanças Climáticas Internacionais do BEIS/Reino Unido; Felice Zaccheo, Chefe da Unidade “México, América Central, Caribe e Operações Regionais2”, Diretor-Geral das Parcerias Internacionais (DG INTPA)/Comissão Europeia; Sílvia Ruks, Coordenadora Residente da ONU Izabela Teixeira, Co-Presidente do Painel Internacional de Recursos do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas; Susan Gardner, Diretora de Ecossistemas do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas. O painel foi mediado por Rosa Lemos, Secretária Executiva do Fundo Brasileira para a Biodiversidade/FUNBIO.