Dia do Médico: Pessoa em situação de rua muda a própria história ao tornar-se médico no HGT
Ginecologista e obstetra há dois anos atua na unidade
Ginecologista e obstetra Domingos Costa em atendimento clínico no HGTNa terça-feira (18), no Dia do Médico, o Hospital Geral de Tailândia (HGT), por meio do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH), promoveu uma ação junto com os usuários alusiva à data retratando a trajetória de superação de três médicos muito atuantes na unidade hospitalar: Domingos Costa, ginecologista e obstetra; Ronaldo Farias, cirurgião geral e Ananias Manoel, pediatra.
Para celebrar o momento, o GTH confeccionou cartinhas de elogios dos usuários para os profissionais, em especial, os mais bem avaliados no Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU); uma forma de aproximar mais o médico e o usuário que está buscando o serviço em saúde.
“O intuito da ação é celebrar uma das profissões mais importantes e fascinantes do mercado. Sabemos que não é fácil tornar-se médico, tem todo um panorama de dificuldades, superação nos estudos e na vida. Realizamos uma didática de conhecer frente a frente a pessoa que cuida da nossa saúde”, pontuou Aladmilla Freitas, coordenadora do GTH.
Segundo a gestora, o intuito da ação lúdica é fazer o inverso do que acontece todos os dias dentro dos consultórios. “Hoje, fizemos diferente. Após a cartinha de agradecimento, os usuários foram os ouvintes dos médicos. Cada um contou um pouco da sua vida e o porquê escolheram a profissão”.
Uma das histórias marcantes foi a do ginecologista e obstetra Domingos Costa, de 49 anos, e há dois anos atua no HGT. Natural do município de Monte Altos, no Maranhão, o profissional conta que viveu nas ruas e perseguiu o sonho de ser médico.
“Comecei tarde o meu caminho nos estudos. Aos 11 anos, aprendi a ler. Minha mãe foi até a quinta série; meu pai, analfabeto. Ainda na minha cidade, como era praticamente um vilarejo, estava longe de proporcionar uma condição boa para estudar”.
Humildade - Doutor Domingos, como gosta de ser chamado, narra sua história dizendo que aprendeu a ler com o incentivo dos avós paternos. “Eu rabiscava no chão, na areia, com um galho e ele [o avô] via isso, falou para o meu pai: ‘Esse menino precisa estudar!’. Foi então que passei a morar com o meu avô e estudei, de fato”.
Na cidade em que residia com os avós, o médico conta que no posto de saúde onde costumava ir ficava vislumbrado com um certo homem que chegava vestido de branco, carregando uma mala preta. “Eu perguntava para a minha avó quem era aquele tal homem!? Ela dizia, é o médico da cidade. Eu achava bonito aquela roupa”, conta.
Diante desta visão, Costa pôs como meta que iria ser médico. Conciliando trabalho e estudo, o então jovem terminou o ensino médio. “Depois que comecei a estudar, peguei gosto e nunca mais parei; cheguei ao ponto de pegar livros emprestados na biblioteca e estudar dia e noite em casa. Eu, com 15 anos, comecei a ministrar aulas para os jovens: português, redação e matemática. Com o dinheiro ao longo das aulas, aguardei um pouco para quando chegasse no tempo do vestibular, ter dinheiro para investir nos estudos fora da cidade”.
E foi o que aconteceu. O atual ginecologista foi tentar a vida em Goiânia, aos 20 anos. Tentou a sorte e durante a viagem, o dinheiro guardado foi acabando, pois não conseguia emprego.
“Foi neste momento que não tive saída e fui parar nas ruas da capital de Goiás. Passou um tempo, com ajuda de algumas pessoas, que souberam da minha história, consegui sair das ruas”.
Domingos foi para São Paulo tentar mais uma vez a sorte em busca do sonho da medicina. Na capital paulista, trabalhou paralelamente cursando direito e engenharia elétrica, no entanto, observou que não era realmente aquilo para a vida dele. Deixou para trás as duas graduações e seguiu a caminhada do sonho em ser médico.
Superação - Relutando com os desdéns de quem o cercava, a vida passou e aos 35 anos, depois de várias tentativas frustradas, na última cartada em que ele mesmo disse na carta aberta ao usuário, conseguiu ser aprovado em 26º lugar no vestibular da Universidade Federal do Pará (UFPA), em 2008, estudando sozinho em casa.
Dr. Domingos Costa relata trajetória de superação até chegar ao posto de médico, há dois anos, no HGT“Foi difícil acreditar na aprovação, por tudo que passei. As pessoas diziam que eu nunca iria chegar ao sonho. Riam da minha decisão e diziam que era uma ilusão e não um sonho. Eu disse a mim que este ano seria a última tentativa. Estudei, tive muita adversidade e hoje, graças a Deus, sou médico a serviço do Estado e dos meus usuários”, finalizou a sua história concluindo que a residência em ginecologia e obstetrícia, acontecera em 2019.
O super-herói da vida real conta que sente orgulho em atuar para a atual gestão estadual, que vem a cada mês investindo na saúde e descentralizando os serviços proporcionados à população.
“É certo que estou a pouco tempo na profissão. Me formei em 2015, mas é perceptível essa mudança na saúde do Estado”. Segundo o profissional, os hospitais estaduais atualmente estão com mais infraestrutura operacional e um ambiente em saúde de alto poderio tecnológico.
“O doutor Domingos é um excelente profissional. Um médico obstetra de alto nível. Tanto no acolhimento, quanto na execução do seu serviço em obstetrícia. Sempre solicito em atender os usuários. Ele conduziu meu parto, da minha irmã e da minha prima. Da mesma forma que o profissional, o governo do Pará proporciona um hospital bem estruturado para receber as gestantes. Tanto que é referência em obstetrícia na região”, argumentou a usuária Lúcia Damasceno.
De janeiro a setembro de 2022, o HGT já conduziu mais de mil partos; desses, Domingos Costa realizou 80% dos procedimentos, segundo o setor de estatística da unidade hospitalar. Ainda, o HGT proporcionou 1.837 consultas ginecológicas.
Estrutura - O HGT tem 51 leitos e mantém uma Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) com nove leitos, sendo seis adultos e três pediátricos. Os usuários que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) têm acesso aos serviços oferecidos pelo HGT por meio da Central de Regulação Municipal e Estadual, e aos de urgência e emergência em livre demanda ou encaminhados pelo Samu, Corpo de Bombeiros Militar e Polícia Rodoviária.
Serviço - O HGT é uma unidade de saúde do Governo do Pará administrada pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O hospital fica localizado na avenida Florianópolis, s/n, no bairro Novo. Mais informações pelo fone (91) 3752.3121.
Texto: Pallmer Barros/Ascom HGT