Oficina de Escrita prepara comunidade do Guamá para IV Cortejo Visagento
Produção de textos estimulada pela Secretaria de Comunicação (Secom), e o 'Espaço Social Nossa Biblioteca' incentiva vivência da cultura popular
Pelo quarto ano consecutivo, a comunidade do bairro do Guamá se prepara para celebrar as manifestações folclóricas brasileiras no dia 31 de outubro, dia municipal da Matinta Perera, entidade mítica em figura de bruxa que assombra em busca de tabaco.
O IV Cortejo Visagento, promovido pelo Espaço Social Nossa Biblioteca (ESNB), em parceria com o Governo do Estado e instituições da sociedade civil, sairá do cemitério Santa Izabel pelas ruas do bairro.
A comemoração é em valorização à cultura regional frente ao apelo do Halloween, o Dia das Bruxas, comemorado na mesma data em referência a personagens de terror, nos Estados Unidos.
O ESNB realiza desde o início do mês uma série de oficinas para a criação de fantasias e adereços, expressão corporal e escrita criativa, essa última seguirá até sexta-feira (21), em conjunto com a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom).
Marcus Dickson, jornalista, professor e instrutor da oficina, explica que a oficina foi pensada a partir de três objetivos: quebrar o conceito de que a criatividade é para poucos; trazer os contos de assombração regionais; e atualizar as histórias a partir da visão das crianças.
“A escrita criativa busca fazer com que as crianças olhem para o cotidiano e façam disso as suas próprias histórias. E no mês de outubro se comemora o Halloween e o dia da Matinta Perera, então a ideia é que a oficina possibilite a criação de contos de terror, a partir das nossas lendas e mitos regionais”, comenta Marcus.
Para o professor, a ação fortalece a cidadania a partir de narrativas e elementos lúdicos. “Quando colocamos as crianças e adolescentes para pensar o seu entorno, a sua rua, os seus amigos e o seu bairro, naturalmente eles começam a ter um pertencimento, e contar as suas próprias histórias a partir do seu espaço. O Guamá é rico nesse cenário e os elos culturais são fortalecidos pelos avôs, pais e agora eles também passam a contar a partir dos seus olhares”, acrescenta Dickson.
Participante da oficina, Josué Rodrigues da Conceição, 37 anos, bibliotecário, avalia de forma positiva a experiência. “Ele trouxe a mensagem de que todos nós somos criativos. Isso potencializa a criatividade que existe dentro de nós. Nós aprendemos sobre as simbologias da imagem e que a escrita criativa impacta na nossa realidade. É um compartilhamento de experiências que modifica a realidade. Parabenizo quem traz essa oficina e a metodologia do professor, as histórias de cada criança e adolescente com suas experiências. Obrigado.”, enfatiza.
Já o jovem Marcos Seabra da Costa, 13 anos, vê a experiência como uma forma de expressão. “Eu sempre via filme de terror, acho bacana. E a oficina é sobre aprender a escrever tudo o que você quer dizer”, pontua.
Nesta edição do Cortejo, a homenagem vai ao Curupira, outra entidade folclórica representada pela defesa das florestas, dos rios e dos animais. A escolha se deu pela urgência na defesa ambiental, especialmente, a região amazônica que tem sofrido com o desmatamento ilegal desenfreado.
Para a presidente do ECNB, Minéia Silva, o Cortejo é uma forma de valorizar a educação e cultura regional, por meio das lendas e visagens locais, trabalhadas em escolas e fazedores de cultura como bois, pássaros e escola de samba.
“As oficinas são todas voltadas para o Cortejo e essa visa a trabalhar textos com a construção de pequenas histórias e contos de terror. Outras vão ajudar na criação de máscaras e fantasias para o cortejo, tem também oficina de desenho e ilustração, todas nesse contexto”, comentou a presidente.