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Parada do Orgulho LGBTI reúne mais de meio milhão nas ruas de Belém

Por Redação - Agência PA (SECOM)
29/10/2018 00h00

A 17ª Parada do Orgulho LGBTI (sigla que identifica lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e Intersexos) reuniu mais de meio milhão de pessoas nas ruas do centro de Belém, na tarde deste domingo, 21. O evento foi aberto por discursos contra a intolerância, discriminação, violência e apelo pelo avanço das políticas públicas conquistadas pelo movimento a partir da constituição de 1988. Com o tema “Resistir para existir: contra a GLBTfobia – Parem de nos matar”!, a Parada percorreu as avenidas Presidente Vargas, Nazaré e Magalhães Barata até a apoteose em frente ao Mercado de São Brás. A coordenação do evento recebeu apoio do Governo do Estado e Prefeitura de Belém. Homens da Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal fizeram a segurança. Muitos artistas, personalidades políticas e integrantes de movimentos de defesa dos Direitos Humanos marcaram presença no evento, que já é considerado um dos mais importantes do País.

Três trios elétricos animaram a caminhada. O secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Pará (SEJUDH), Alexandre Cesar Gomes disse que o Estado é referência nas ações de respeito à comunidade LGBTI, sendo o único do Norte a manter em funcionamento o Conselho Estadual, por meio do qual, a comunidade discute soluções para os problemas enfrentados no cotidiano. O Pará juntamente com São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Goiás são os únicos membros da federação brasileira a oferecer essa ferramenta. No restante do País, ou 81,5%, conforme estatística do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não existem políticas semelhantes. “O Estado do Pará é referência. Fomos o primeiro a emitir a carteira social da comunidade LGBTI e agora devemos avançar criando os conselhos municipais”, destacou o secretário.

A discussão também envolve a criação dos Centros de Referências Sociais (CRAS) e Casas de Saúde voltadas exclusivamente para o público LGBTI, conforme destacou a ativista do movimento, Bruna Lorrani. Segundo ela, as conquistas são muitas, mas se faz necessário avançar com o chamado “empoderamento” da comunidade LGBTI. “Não vamos retroceder, temos que seguir adiante porque muito já feito, mas ainda precisamos de mais reconhecimento e respeito”, disse. O gerente de Livre Orientação Sexual da SEJUDH, Beto Paes, também reconhece as conquistas e adiantou que o Estado continua trabalhando em prol da comunidade e deverá lançar o novo projeto denominado de “Diversitas”, de fortalecimento das políticas públicas em favor dos LGBTIs no interior do Estado. “Já estamos com o projeto no Ministério da Justiça e isso é mais uma conquista”, garantiu.

Parada – Com clima ameno e sem chuvas, a 17ª Parada do Orgulho LGBTI de Belém tomou a Avenida Presidente Vargas, por volta das 16h, deste domingo, 21. Mais de meio milhão pessoas dançaram ao som de três trios elétricos. A Parada já é considerada a 8ª maior do Brasil em termos de público. Uma das coordenadoras do evento, a estudante de Ciências Sociais, Eduarda Lacerda disse que vive uma emoção diferente a cada ano e que os preparativos começam no início do ano com envolvimento direto de dezenas de militantes do movimento. Há estimativa, também, de realizar eventos parecidos em 50 cidades do interior paraense.

Este ano, a Parada foi lançada dia 16 de outubro durante o show da diversidade e a entrega do III Prêmio Cidadania LGBTI, ocorrida no teatro Margarida Schivazappa, no Centur. O evento foi gratuito e animado por cantoras e cantores Drags. O objetivo da Parada é construir uma sociedade respeitosa aos direitos da diversidade. Nas ruas, durante a festa, a bandeira com as cores do Arco-íris, símbolo do movimento, abriu o cortejo. A alegria foi contagiante com milhares de pessoas fantasiadas. As drags ou transformistas fizeram muito sucesso com os modelitos coloridos e irreverências. “Estamos aqui para dizer que somos contra o preconceito e a violência. Queremos um mundo de paz e de cidadania”, disse a Drag Sachenka, que estava acompanhada por Denilson Silva, da Aliança GLBTI. A madrinha da Parada 2018 é a presidente da Fundação ProPaz, Monica Altman. “Muito feliz por estar aqui, já que trabalhamos também pela cultura da paz e respeito às pessoas”.

O casal de lésbicas Isabela Almeida e Maria de Nazaré também marcou presença. “Esse é o único momento que temos para festejar, comemorar nossas conquistas e nossa união”, disseram. As duas estão juntas há três anos e ainda enfrentam a indiferença da família. “Eles (a família) não se importam, mas também não incentivam”, completaram. O casal de gays Jhony Maicon e Cássio veio de Tailândia para participar da festa. “Estamos muito felizes e vamos continuar lutando por nossos direitos e jamais vamos desistir”, disseram.

A cantora Joelma Kláudia e a jornalista e presidente da Funtelpa, Adelaide Oliveira, que são militantes do movimento LGBTI, também estiveram na Parada incentivando o público. “Eu reconheço os avanços sociais da comunidade LGBTI, mas considerado que ainda existe uma lentidão, sobretudo, na questão da violência e nós precisamos derrubar essa barreira”, destacou a cantora.

O Brasil tem cerca de 20 milhões de pessoas na condição de LGBTI, segundo dados do IBGE. E um dos maiores problemas que essas pessoas enfrentam é a violência. Entre 2016 e 2017 o número de assassinatos cresceu em 30% em todo o País. Segundo relatório de 2011 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 6.809 casos de violência foram registrados envolvendo 1.713 vítimas. O mapa mostra que a mesma vítima sofre mais de uma agressão ou é agredida por grupos de pessoas pela sua condição LGBTI. Pelos números mais recentes uma pessoa LGBTI é morta ou se suicida a cada 19 horas no Brasil. “Essa violência precisa acabar, somos pessoas, queremos viver, trabalhar e ser feliz. Por isso, a Parada do Orgulho LGBTI é importante”, disseram os organizadores. Cerca de 600 mil pessoas (estimativa da coordenação) prestigiaram a edição 2018 da 17ª Parada do Orgulho GLBTI, que encerrou com show artístico na praça em frente ao Mercado de São Brás.