Fórum amplia diálogo entre pesquisadores do setor florestal
Unir profissionais e ampliar o diálogo sobre o desenvolvimento da pesquisa são os principais objetivos da primeira edição do Fórum de Anatomistas de Madeira da Amazônia (Famazon), iniciado na manhã desta quarta-feira (22), no Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT), da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Sob o tema “Desafios e perspectivas para os próximos anos”, o evento abriu três dias de programação, destinada a divulgar descobertas e incentivar estudantes na ampliação deste mercado.
Organizado pelo Grupo de Pesquisa Anatomia da Madeira de Espécies Amazônicas (Gpamea), da Uepa, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e financiamento da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa), o Fórum visa, primeiramente, criar uma rede de pesquisadores, profissionais e curadores de xilotecas (arquivos de madeiras) paraenses, para discutir e traçar um planejamento estratégico visando à melhoria das coleções de espécimes e aos avanços no setor florestal.
“Somos um grupo com vários anatomistas, formados pelos mesmos mestres, que saiu para complementar a formação e depois não conversou mais. O Fórum nasceu exatamente dessa necessidade de diálogo entre nós, para que um saiba o que o outro está fazendo, complemente e amplie as pesquisas na área de anatomia da madeira”, explicou uma das organizadoras do evento e integrante do Gpamea, Cláudia Viana Urbinati.
Base do conhecimento - Na mesa oficial de abertura, ela ressaltou a importância da atuação do anatomista de madeira para o desenvolvimento do Pará. “Nossa profissão vem sendo reconhecida como base do conhecimento para o setor florestal. A árvore é um ser vivo, e como tal muda e se adapta às condições às quais é submetida. Cabe a nós estudá-las e identificar a melhor forma de utilizá-las. O bioma amazônico é riquíssimo em espécies com potencial madeireiro que precisam ser catalogadas e pesquisadas”, explicou Cláudia Urbinati.
A diretora do CCNT, Eliane Coutinho, destacou a inclusão de alunos do curso de Engenharia Florestal e Ambiental no evento. “As pessoas, às vezes, têm a ideia de que a Engenharia Ambiental e a Florestal são conflitantes, pois uma preserva enquanto a outra explora. Entretanto, o meio ambiente sempre foi utilizado pela humanidade, e essas duas profissões devem caminhar juntas para uma utilização sustentável dos recursos naturais”, enfatizou.
Questão estratégica - O chefe adjunto de Pesquisa na Embrapa, Valquimário Lemos, relembrou a longa história de cooperação científica entre as instituições, e pediu a intensificação do diálogo científico na área. “O desafio de fazer o Pará cada vez mais forte passa pela pesquisa e pela inovação. A questão florestal é estratégica para a Amazônia, por isso é necessário se discutir sempre com embasamento científico”, disse ele, destacando o papel da Embrapa na criação de leis federais que regulam as atividades do setor.
O pró-reitor de Gestão e Planejamento, Carlos Capela, representou a gestão no evento, destacando a necessidade de estudos sobre as espécies amazônicas. “A Amazônia é de uma heterogeneidade imensa, por isso é preciso construir conhecimento adequado, ampliar as coleções biológicas para melhor subsidiar o setor florestal. Só desta forma se pode garantir um uso sustentável destas florestas. Este Fórum é uma grande oportunidade para os nossos alunos entrarem em contato com este campo, e a Uepa se sente muito orgulhosa de participar dele”, afirmou.
A solenidade de abertura encerrou com a entrega de uma placa homenageando os grandes mestres anatomistas do Pará, que foram responsáveis pela gênese da profissão na Amazônia. O professor doutor Alcir Tadeu, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), foi representado pela professora Marcela Gomes, da mesma instituição. O especialista Francisco José de Vasconcellos, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), recebeu sua placa do professor Vitor Moutinho. O professor e mestre Joaquim Gomes, da Embrapa, foi homenageado pela professora doutora Fernanda Ilkiu, e o professor doutor Pedro Luiz Lisboa, do Museu Paraense Emílio Goeldi, recebeu sua homenagem da professora doutora Cláudia Urbinati.
Três momentos - O Famazon prossegue até sexta-feira (24), com três grandes momentos. O primeiro será voltado para as mesas-redondas, onde serão discutidos temas relacionados às pesquisas, à problemática da identificação e certificação de madeiras frente ao comércio madeireiro e os acervos científicos de madeira. O segundo momento consiste na exposição de banners para a apresentação das pesquisas desenvolvidas no contexto da anatomia de madeira de espécies amazônicas.
Por fim, serão realizadas atividades em três Grupos de Trabalho com os temas relacionados às sessões temáticas. Estes grupos têm por objetivo discutir intensamente os temas abordados, compilar as informações e apresentar sugestões que ajudem a solucionar problemas enfrentados na Amazônia em um documento final, que norteie ações estratégicas para o desenvolvimento da anatomia e identificação de madeira na região para o próximo biênio. O documento será analisado no II Famazon, previsto para ocorrer durante o Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia da Madeira, em Santarém, oeste do Pará, em 2019.