Pará e empresa chinesa assinam protocolo para aprofundar estudos sobre Ferrovia Paraense
Pará e China colocaram no papel a parceria firmada para aprofundar estudos visando à construção da Ferrovia Paraense, um dos maiores projetos de infraestrutura e logística do governo paraense na atualidade.
Em Brasília, o governador Simão Jatene; o secretário de Desenvolvimento Econômico e Mineração, Adnan Demachki, e o senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA) estiveram reunidos com representantes da China Railways Corporation (CREC nº 10) e do Clai-Fund e assinaram um Memorando de Entendimento (MOU, na sigla em inglês). A assinatura aconteceu na Embaixada da China e contou com a presença do embaixador chinês no Brasil, Li Jinzhang, que possibilitou o encontro.
Os MOUs (Memorandum of Understanding) são acordos de cooperação e troca de informações firmadas entre reguladores de valores de diversos países do mundo que também definem o papel das partes envolvidas, as atribuições e as responsabilidades. A partir de agora, os representantes da empresa asiática receberão todos os documentos e projetos, de forma a promoverem os estudos necessários para avaliação da participação da empresa na licitação que vai construir a ferrovia.
A CREC nº 10 é uma das maiores construtoras de ferrovias do mundo, com uma receita de 100 bilhões de dólares e 15 mil funcionários. Já o Clai-Fund é um Fundo de investimentos chinês para a América Latina. No encontro, estavam presentes alguns dos principais membros das duas empresas. Han Deping, diretor-geral do Clai-Fund e Song Jingjing, diretor-geral da CREC.
Han Deping disse que foi decisiva para a empresa a presença do projeto da Ferrovia Paraense no Fundo de Cooperação Brasil-China, que vai disponibilizar US$ 20 bilhões em créditos para projetos nas áreas de infraestrutura, manufatura, tecnologia e agronegócio e que vai determinar uma análise detalhada do projeto.
No encontro, as principais dúvidas dos chineses se resumiram a três pontos: desapropriações de terras no caminho da ferrovia, demanda de cargas e capacidade de operação, ampliação e acesso ao Porto de Vila do Conde.
Coube ao secretário Adnan Demachki tirar todas as dúvidas. Segundo ele, o processo de identificar, tornar públicas e indenizar as 770 áreas privadas no traçado da ferrovia está bastante adiantado, é e um diferencial em relação aos projetos de ferrovias federais. Adnan informou, ainda, que os estudos para ampliação do Porto de Vila do Conde, em Barcarena, estão adiantados e convidou os representantes da CREC a conhecerem o porto pessoalmente, verificando a possibilidade de expansão. “A dragagem do Canal do Quiriri, de acesso à Vila do Conde, terá o estado do Pará como protagonista”, disse Adnan, já que o governo federal se comprometeu a delegar ao Pará a competência para realizar os estudos.
Quanto à demanda de carga, Adnan informou aos chineses que já existem nove empresas com compromissos firmados para o transporte de 27 milhões de toneladas de carg pela Ferrovia Paraense. Além delas, outras 16 que possuem minas na região sul do estado e não exploram seus minérios porque não há logística para o transporte de seus produtos, quando estiverem operando deverão atingir 80 milhões de toneladas, além da produção de soja crescente.
Adnan Demachki resumiu a importância do encontro informando que a CREC nº 10 “estudou, se interessou e quis conhecer mais detalhes sobre o projeto”. Agora, segundo o secretário, “equipes técnicas do Pará e da China se aproximarão cada vez mais, num trabalho conjunto, iniciando uma nova etapa neste processo”.
Para o senador Flexa Ribeiro, “a assinatura desse protocolo é a prova concreta do interesse conjunto que agora une Pará e China pelo desenvolvimento do estado e do Brasil”. “É o primeiro passo de uma caminhada que vai avançar cada vez mais rapidamente, culminando com a entrada em operação da ferrovia, a espinha dorsal, hoje, do desenvolvimento do Pará e de seu povo”, concluiu.
O governador Simão Jatene resumiu o ato como “mais uma prova que reflete a confiança que o Pará inspira em parceiros internacionais”. “Nosso estado está economicamente equilibrado e isso atrai investidores”, afirmou o governador. Para Jatene, “um projeto como esse não se resolve estalando os dedos, mas, sim, com bons parceiros internacionais e um grande volume de recursos”.
“Para aqueles que vierem argumentar que o mandato está terminando e que o projeto da ferrovia não estará pronto até o final do governo Jatene, eu digo que pessoas assim nunca serão capazes de realizar projetos consistentes, de médio e longo prazos, que beneficiem o estado”, afirmou o governador. “Estamos regando uma semente que já foi plantada e que representa uma excelente alternativa para o engrandecimento da produção do Pará e do Brasil”, concluiu.
A Ferrovia
A Ferrovia Paraense cortará o Estado de Sul a Norte em 1.312 quilômetros, conectando-se com a Ferrovia Norte-Sul, permitindo que esta chegue até o Porto de Barcarena, que no Brasil é o mais próximo dos grandes mercados consumidores como China, Europa e Estados Unidos.
O custo do projeto é estimado em R$ 14 bilhões, considerando investimentos na construção da própria ferrovia e de entrepostos de carga. A interligação da Ferrovia Paraense com a Norte-Sul, num trajeto de apenas 58 quilômetros entre Rondon do Pará (PA) e Açailândia (MA) – trecho final da Norte-Sul – abre caminho para uma nova alternativa de escoamento de carga em um porto paraense, e é um dos atrativos do projeto para a iniciativa privada. A Ferrovia Paraense cruzará 23 municípios paraenses e terá capacidade de carga de até 170 milhões de toneladas/ano.