Seaster mostra experiências na assistência social a países amazônicos
"Nós reunimos nesse encontro os países e os estados brasileiros que compõem a Amazônia para discutir o que é proteção social para os povos que vivem nela, e está sendo muito interessante. Pudemos trazer à discussão as condições para fazer um plano de proteção social mais adequado à região amazônica, e é o que o povo daqui quer", declarou a secretária nacional de Assistência Social, Carminha Brant, na visita ao Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), no distrito de Outeiro, em Belém.
Representantes da Amazônia internacional, alguns técnicos da Seaster e representantes do Banco Mundial e Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) foram ao CRAS conhecer o trabalho desenvolvido com a população local, no último dia 30 (quinta-feira). Técnicos fizeram uma palestra sobre o trabalho e as especificidades do distrito, localizado na Ilha de Caratateua.
Houve apresentação de carimbó pelos idosos que utilizam os serviços do CRAS. "Aqui no Outeiro nós temos nos preocupado não em fazer essas famílias acessarem o direito, mas em fazê-las conhecer o direito, porque a partir daí elas vão em busca. Elas precisam entender que quem acessa o direito são elas. Trabalhamos, portanto, na perspectiva de empoderar o usuário para ir em busca de seus direitos", ressaltou Elaine Correa, assistente social do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF).
Conhecimento - A visita fez parte da programação do Seminário Pan-Amazônico de Proteção Social, que ocorreu entre os últimos dias 27 e 31, na capital paraense. Representantes dos nove países que compõem a Amazônia - Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, República da Guiana, Suriname e Venezuela - participaram de diversas atividades, destinadas principalmente a compartilhar conhecimento sobre proteção social na região.
O seminário, que teve o apoio da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), foi organizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, em parceria com o Banco Mundial e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Durante todo o seminário, o chamado Fator Amazônico, que engloba as características específicas da região, como clima, vegetação e aspectos culturais dos povos que habitam a região, foi o cerne das discussões. "Dependendo da situação, enchente ou seca, temos um trabalho diferente. Há comunidades muito distantes e, pode parecer difícil de acreditar, mas encontramos pessoas de 60, 70 anos, que tiram certidão de nascimento pela primeira vez", contou Ana D'Ávila, técnica da equipe volante de Manicoré, no Amazonas, durante palestra realizada no navio da Marinha “Auxiliar Pará”.
Realidade - As experiências do cotidiano dos técnicos que atuam na região amazônica foram compartilhadas em diversos momentos. "Na região do Marajó tem locais que passam seis meses alagados, e o acesso da equipe do Cras só é possível por barco ou lancha. Levamos um ano para visitar todas as localidades da zona rural. Agora, quando retornamos à região, identificamos no sistema a situação cadastral das famílias, e assim já sabemos quem visitar", explicou Kewin Pyles, secretária de Assistência Social de Muaná (município do Marajó).
Segundo o gerente de Proteção Social Básica da Seaster, Antônio Sena, o Brasil tem uma das melhores práticas de assistência social do mundo, e compartilhar essas experiências com outros países é uma oportunidade de levar esse exemplo adiante. "Temos avançado bastante, principalmente no que diz respeito ao Sistema Único de Assistência Social (Suas), que só tem no Brasil. Essa é uma oportunidade de apresentar esses serviços para outros países. Essa experiência nos aponta onde podemos melhorar e, acima de tudo, onde nós podemos chegar", frisou.