Ideflor-Bio investe na produção de mudas para recuperar áreas rurais
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado (Ideflor-Bio) já instalou mais de 200 viveiros para a produção de mudas de espécies de culturas anuais, frutíferas e essências florestais, em propriedades de agricultura familiar. Integrantes do Prosaf, projeto do instituto que usa sistemas agroflorestais para recuperar áreas alteradas, as ações também são desenvolvidas no Programa Territórios Sustentáveis (TS), dentro da estratégia Amazônia Agora, do Governo do Pará.
O Prosaf é um instrumento elaborado no Ideflor-Bio para romper com o paradigma “derruba-queima-planta”, presente nas rotinas de pequenos produtores e que, além de impactar na floresta, também ocasiona a degradação do solo, implicando na perda da capacidade produtiva e consequente abandono, diante do efeito de repetição.
“O Prosaf é um projeto de promoção de recomposição florestal produtiva de áreas alteradas em propriedades de agricultores familiares, por meio do plantio de sistemas agroflorestais”, explica o diretor de Desenvolvimento da Cadeia Florestal do Ideflor-Bio, Kleber Perotes.
O Ideflor-Bio oferece alternativas tecnológicas para além do terçado, motosserra e fósforo ao produtores, as quais oportunizam o plantio para o consumo próprio da comunidade e comercialização do excedente. O modelo ainda contribui para o reflorestamento, priorizando espécies que constam na lista da flora amazônica ameaçada extinção, como o acapu, o mogno e a castanha-do-Pará.
O diretor de Desenvolvimento da Cadeia Florestal do Ideflor-Bio, Kleber Perotes, explica que o Prosaf faz a recomposição florestal produtiva de áreas alteradas
Plantio - Para a implantação dos sistemas, as equipes do Ideflor-Bio apresentam o projeto e, depois, visitam as propriedades, para fazer um diagnóstico com base no autoconsumo e no potencial de mercado para venda do excedente. O Prosaf qualifica as comunidades, prepara até um hectare por propriedade e instala viveiros para a produção de mudas.
“Discutimos coletivamente com o produtor. Aquele que plantava só mandioca passa a experimentar outro sistema, como cacau, açaí, milho, feijão e melancia. A proposta é diversificar a base produtiva em uma mesma área para oportunizar a distribuição de renda ao longo do ano com colheitas diferentes”, acrescenta Kleber Perotes.
Dessa forma, garantem-se a soberania e a segurança alimentar. “Quanto mais complexo for o arranjo, mais trabalho o produtor vai ter. Imaginamos ciclos de até 20 anos. É importante dispor de determinadas espécies de culturas anuais por cerca de três anos até as culturas permanentes crescerem e ocuparem os espaços, como açaí, cacau. Tenho o componente agrícola, frutífero e o florestal”, complementa.
Para promover a mudança do paradigma, o Ideflor-Bio investe em qualificação. Somente em 2019, foram 43 capacitações, para 790 agricultores, nos temas de produção de mudas, implantação de sistemas agroflorestais, enxertia de frutíferas, cultivo de goiaba, entre outros.
Expansão - A meta do governo do Estado é alcançar todos os 144 municípios até 2022. Desde o início da gestão, foram visitados 57 municípios. Em 2019, o projeto produziu a média de 1,8 milhões de mudas, 100 mil a mais do que no ano anterior. Neste ano, mesmo com a pandemia do novo coronavírus, a projeção é alcançar mais de um milhão de mudas.
Somente na Região do Xingu, que beneficia em torno de mil famílias, produziu-se, em 2019, o quantitativo aproximado de 850 mil mudas, podendo-se chegar a 910 mil (ou mais) até o fim de 2020. As espécies mais significativas têm sido o cacau e açaí, seguidos de cupuaçu e essências florestais diversas.
Em países da África e da América Latina há uma base forte no sistema agroflorestal. “Tanto no Amazônia Agora, quanto no Territórios Sustentáveis, é consensuado que, para a recomposição de áreas alteradas de agricultura familiar, o sistema agroflorestal é a melhor ferramenta nas suas diferentes categorias”, enfatiza Kleber Perotes.
O Prosaf passou a ser instrumento de política pública estadual para recomposição, contribuindo com as metas do Estado de floresta plantada e com o Plano Estadual de Silvicultura e Sistemas Agroflorestais. No TS, o Prosaf já foi iniciado, na Comunidade do Xadá, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Xingu, em São Félix do Xingu. O Ideflor-Bio instalou um viveiro com capacidade para 20 mil mudas, que atenderá inicialmente um grupo de 15 agricultores familiares.