Certificação garante segurança sanitária na produção dos Territórios Sustentáveis
Trabalho é realizado pela Adepará, que esteve ainda mais próxima dos produtores para levar serviços públicos às propriedades rurais
Um dos pilares do Plano Estadual Amazônia Agora, que visa potencializar a economia no campo de maneira sustentável, o Programa Territórios Sustentáveis (TS), desenvolvido na região do Araguaia desde agosto, tem no seu escopo de ações os atendimentos de órgãos do Governo do Pará de forma integrada, para gerar oportunidades aos produtores rurais que se dispõem a adotar boas práticas ambientais.
Um ponto chave do TS é a integração entre as instituições estaduais, permitindo o compartilhamento de informações que possuem o mesmo cliente, o produtor rural, e dados complementares que permitem uma visão maior da região e a definição de estratégias e políticas mais eficazes.
Em pouco mais de um mês de atividade, a Agência de Defesa Agropecuária (Adepará), por exemplo, esteve ainda mais próxima dos produtores para levar os serviços públicos às propriedades rurais. Ações técnicas presenciais foram realizadas nos escritórios e nas propriedades para cadastramento de produtores, além de inspeções e orientações que garantam mais qualidade à produção animal e vegetal.
São Félix do Xingu, especificamente, possui o maior rebanho bovino do Pará, mas vem despontando na produção de cacau, assim como outros municípios da região.
“Em relação à produção de cacau na área dos Territórios Sustentáveis, pelos dados que temos da Sedap (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca), em São Félix do Xingu, Tucumã, Ourilândia e Água Azul do Norte são produzidas em torno de 7.500 toneladas, sendo que o Pará foi o primeiro produtor do Brasil em 2019, com 130 mil toneladas produzidas” - Gabriela Polaro, gerente de Certificação de Madeira da Adepará e representante do órgão no TS.
Segundo ela, vale ressaltar que o cacau paraense, segundo a indústria alimentícia, é de excelente qualidade para a produção do chocolate. “Nos próximos três anos, estima-se que a área plantada aumente em torno de 14% no Pará todo, ou seja, 130 mil hectares. Acredito que esse protagonismo na produção nacional não vai sair do Pará tão cedo”, apostou Polaro.
“Nossos técnicos estavam juntos com os da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará) realizando a inscrição dos produtores rurais ao Programa. As nossas unidades locais na região também estavam abertas para recebê-los. Em seguida, nós deslocamos a equipes da diretoria de Defesa e Inspeção Animal para atualização e cadastramento de propriedades com bovinos, bubalinos e outras produções, além de identificar agroindústrias que processam produtos de origem animal. Outra equipe da Diretoria de Defesa Vegetal para cadastro de produtores de cacau, por exemplo, justamente para a implantação da Guia de Trânsito Vegetal”, detalhou o diretor-geral da Adepará, Jamir Macedo.
A Guia de Trânsito Vegetal (GTV) é um instrumento de segurança fitossanitária que permite a rastreabilidade de produtos importantes para a economia paraense, como o cacau e o açaí, desde a origem até o local de processamento.
“Nós, enquanto órgão de defesa agropecuário do governo do Estado, precisamos ter o diagnóstico exato de quantos e de onde são esses produtores. Ter essas informações para que no caso de entrada de alguma possível praga do cacau, como a monília, que está aqui próxima nos outros países da América do Sul, nós possamos tomar as providências cabíveis. Já estamos conversando com os produtores da região, mostrando essa necessidade desse controle, inclusive para gerar políticas públicas específicas para a cacauicultura paraense”, afirmou Gabriela Polaro.
Mercado
O documento é uma exigência mercadológica, pois o consumidor quer saber sobre as condições de produção, considerando qualidade e aspectos legais, como práticas trabalhistas e ambientais. Terezinha de Jesus Melo é produtora no município de Tucumã e está aguardando certificação. “Eu acho importante para mim, porque vou vender uma polpa de qualidade sabendo que é segura. Se sair o registro, eu vou achar bom. Ter as nossas coisas todas legalizada é bom demais”.
Agroindústrias que processam polpa de frutas, como açaí, maracujá e cacau foram vistoriadas para registro e regularização dos estabelecimentos. “Tínhamos apenas três agroindústrias com registro e hoje estamos com a documentação completa de oito. Do ponto de vista animal, temos três laticínios e um matadouro frigorífico na região do TS. Esse trabalho de regularização é fundamental para verticalizar a produção, gerando renda, emprego e circulação de dinheiro no município. Até então, essas agroindústrias estavam à margem da legalidade e com um mercado mais restrito. Com o selo de inspeção estadual, o produto ganha mais visibilidade, mais valor agregado, mais mercado e, consequentemente, a produção vai aumentar e todo mundo ganha”, acrescentou Jamir.
Orientação – Na segunda etapa do programa, a Adepará realizou atividades em São Félix do Xingu, Ourilândia, Rio Maria e Marabá. Além das vistorias às agroindústrias, foram visitadas lojas e revendas agropecuárias que fornecem insumos aos produtores, e coletas de classificação de produtos de origem vegetal. O olhar da Adepará não é focado apenas no produtor, mas em toda a cadeia da produção.
“Na essência, somos um órgão de fiscalização, mas temos que desmistificar essa visão punitiva. Pelo contrário, temos que levar orientação, mostrando ao produtor o caminho e forma correta para ele ter um ganho de produção. A mudança de cultura só ocorre por meio da educação. Essa também é uma bandeira do Governo e nós, como gestores, concordamos nesse sentido” - Jamir Macedo, diretor-geral da Adepará.
Para auxiliar no trabalho de orientação a Adepará, conta com uma gerência específica para desenvolver educação sanitária, com médicos veterinários, engenheiros agrônomos, técnicos agropecuários, como a produção de cartilhas, folders, além de materiais digitais e radiofônicos voltados para os produtores.