'Feirão' de empregos oferece alternativas a pessoas com deficiência
O feirão, iniciativa do Governo do Pará, reuniu dezenas de pessoas no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania“Eu trabalhei por seis anos em uma rede de farmácia e, desde que a empresa fechou as portas, estou procurando uma nova oportunidade no mercado de trabalho”. O momento atual na vida de Gerson Vieira, surdo e usuário da Língua Brasileira de Sinais (Libras), é igual ao de milhões de brasileiros que sofrem com o desemprego. Em busca de alternativas, ele participou da programação especial em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, na manhã desta sexta-feira (27), no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIIC), em Belém. A iniciativa é do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster).
A iniciativa abriu portas para quem, geralmente, é ignorado pelas empresasO evento contou com um “feirão” de empregos, conhecido nacionalmente como Dia D da inclusão Social e Profissional para as Pessoas com Deficiência (PcD), que há seis anos é realizado em todo o território nacional. “No dia de hoje todos os estados brasileiros estão realizando esse evento. Cada estado realiza essa ação de acordo com a sua necessidade. A nossa proposta é reunir as empresas parceiras dentro do nosso espaço e promover um encontro com pessoas que estão desempregadas”, informou Nazaré Saldanha, assistente social do Sine (Sistema Nacional de Emprego) no Pará.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui cerca de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Desse total, somente 403.255 estão no mercado formal, o que corresponde a menos de 1%. A programação do evento proporcionou uma manhã de troca entre pessoas com deficiência, empresas, entidades e organizações não governamentais.
“O evento está nos dando a oportunidade de receber as empresas que normalmente não contratam pessoas surdas. O nosso papel é mostrar para essas empresas que é possível exercer uma comunicação com o público surdo, que isso não é uma coisa de outro mundo. É justamente esse novo olhar de inclusão que o evento está proporcionando na manhã de hoje”, disse a assistente social.
Há 28 anos, a Lei de Cotas (8.213/91) para pessoas com deficiência garante que empresas com 100 ou mais funcionários sejam obrigadas a preencher de 2% a 5% do seu quadro de funcionários com esse público. Entretanto, as pessoas com deficiência ainda sofrem com a resistência de algumas empresas. “Semana passada eu participei de uma entrevista de emprego e foi uma situação muito humilhante. Além de mim, tinha outras pessoas que foram entrevistadas, e todos passaram bastante tempo conversando. Quando chegou a minha vez, a representante da empresa mal olhou no meu olho e respondeu que a vaga já tinha sido preenchida. Ela nem sequer me entrevistou”, contou Erivaldo Cícero, usuário de cadeira de rodas, desempregado há um ano.A programação incluiu dinâmicas também com pessoas sem deficiência
Sensibilização - O Sine realiza um trabalho de conscientização com as empresas para a diminuição das barreiras e dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam no marcado formal de emprego. “Muitas empresas chegam até nós correndo o risco de pagar multa. Nós fazemos um trabalho de sensibilização e explicação da legislação, porque não é simplesmente contratar. Nós temos que promover esse trabalho com toda a equipe que movimenta as empresas”, esclareceu Nazaré Saldanha.
Além da Feira de Empregos, o coordenador do CIIC, Felipe Bordalo, disse que a programação contou com outros serviços. “Estamos promovendo dois eventos no dia de hoje. O primeiro deles é o Dia D. Além disso, estamos realizando uma roda de conversa em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência com a participação de instituições que são nossas parceiras, como a Ufra (Universidade Federal Rural da Amazônia), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará), entre outros”, acrescentou.
Experimentar dificuldades enfrentadas pela PcD ajuda a entender rotinas e mudar procedimentosPessoas sem deficiência também participaram de uma dinâmica de empatia. O objetivo da atividade foi experimentar as limitações que uma pessoa com deficiência enfrenta diariamente. A iniciativa teve o apoio dos professores do Instituto Álvares de Azevedo e da equipe de Fonoaudiologia do Instituto Felipe Smaldone, instituições que atendem pessoas com deficiência.
O Posto do Sine Pará que realiza serviços para pessoas com deficiência funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 h, no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIIC), na Avenida Almirante Barroso, 1765, bairro do Marco.