Sespa faz mais de 12 mil testes para diagnóstico de hepatites
Durante o mês de julho, técnicos da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) percorreram vários municípios paraenses para executar e apoiar as ações alusivas à campanha “Julho Amarelo”, referente ao Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais - 28 de Julho. O objetivo da mobilização foi conscientizar as pessoas quanto à gravidade das hepatites virais e à necessidade de se fazer o teste rápido para detecção dos tipos mais perigosos da doença - B e C.
Até o momento, 12.155 testes foram realizados. Destes, 28 foram confirmados para hepatite C e 15 para o tipo B. Esses números podem aumentar até o início de agosto, quando um relatório a ser emitido pela Coordenação Estadual de Hepatites Virais da Sespa será concluído, com base em dados ainda não enviados pelos municípios.
Entre os municípios que intensificaram ações contra as hepatites estão Abaetetuba, Augusto Corrêa, Acará, Barcarena, Bragança, Baião, Cametá, Capanema, Igarapé-Miri, Itaituba, Marabá, Parauapebas, Peixe-Boi, Soure, Salvaterra, Salinópolis e Santarém.
A campanha “Julho Amarelo” é uma realização do governo do Estado, por meio da Sespa e de seus Centros Regionais de Saúde, com apoio do Ministério da Saúde, da Fundação Santa Casa de Misericórdia (hospital de referência no tratamento de hepatites virais no Pará) e também da Liga Paraense de Biomedicina, Liga Acadêmica de Patologia e de Medicina Laboratorial do Laboratório Amaral Costa, e de organizações não governamentais.
Informação - Além dos testes, a população recebeu orientações em mais de 50 mil folhetos informativos distribuídos, junto com 70 mil preservativos. Segundo a coordenadora estadual de Hepatites Virais, Cisalpina Cantão, a campanha representa um esforço da saúde pública para combater o sub-registro de casos e ampliar o acesso à testagem e ao diagnóstico precoce, por meio do estímulo à vacinação contra o tipo B – ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – e ampliação da assistência e do tratamento dos tipos mais perigosos - B e C.
Por ser uma doença silenciosa, o foco tem sido a busca ativa por pessoas que não sabem que têm os vírus e precisam logo de tratamento, para não serem surpreendidas com as consequências de um diagnóstico tardio, como cirrose ou câncer de fígado, e também não transmitirem a doença a outras pessoas.
Segundo a hepatologista Márcia Iasi, essa série de mobilizações, com oferta de testagem gratuita, faz parte de uma estratégia de busca ativa por pacientes silenciosos de hepatites - aqueles que não manifestaram sintomas. Independentemente de faixa etária, podem procurar o serviço pessoas que colocaram piercing e fizeram tatuagem, as que receberam transfusão de sangue antes de 1993 e profissionais de saúde.
Doença assintomática - A hepatite é uma inflamação nas células hepáticas do fígado e pode ser ocasionada pelos vírus A, B, C ou D. Conforme a médica Márcia Iasi, não apresenta sintomas e o diagnóstico pode ser feito por exames de sangue. Caso isso não ocorra, a evolução da doença é devastadora, resultando em um quadro de hepatite aguda, crônica, cirrose hepática e tumor no fígado.
Classificada como doença crônica, a hepatite “C” é silenciosa, podendo ficar no organismo por até 20 anos sem se manifestar. A transmissão pode ser por agulhas e seringas contaminadas ou objetos cortantes não esterilizados. “É de extrema importância a intensificação dessa campanha, uma vez que a cura para a hepatite C ocorre em 95% dos casos. Fiz o tratamento pelo SUS, alcancei a cura e estarei eternamente engajado pela cura de outras pessoas que, porventura, venham a passar pelo que vivi”, relatou o médico David Bichara, que se curou de hepatite C devido ao tratamento prestado pela Santa Casa de Misericórdia.
No Pará, o cidadão que quiser saber se tem ou não o vírus da hepatite deve procurar os locais determinados para diagnóstico e tratamento da doença, como os Centros de Testagens e Aconselhamento (CTAS). Em Belém, a referência principal é a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, especialista no diagnóstico e tratamento de doenças do fígado, que atualmente trata 575 pacientes com hepatite C.
Além da Santa Casa, Belém dispõe de outros locais para o tratamento: Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Centro de Saúde do Marco, Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (Uredipe), e Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa), no campus da Avenida Almirante Barroso, onde funciona o curso de Medicina.
Encaminhamento - No interior do Estado, a testagem e o tratamento estão disponíveis nos Centro de Testagem e Aconselhamento (CTAS) de Santarém, Marabá, Parauapebas, Tucuruí, Abaetetuba e Barcarena, além do Hospital Regional do Araguaia, em Redenção. Para todos esses locais é essencial que o paciente seja encaminhado pela Unidade de Saúde mais próxima de sua residência.
Por meio da Coordenação, a Sespa tem intensificado as ações contra a doença em todo o Pará, incluindo atividades educativas para prevenção e os serviços de saúde prestados em conjunto com os municípios, principalmente em comunidades de difícil acesso, como as ribeirinhas e aldeias indígenas.
Em função do estímulo ao diagnóstico precoce, a notificação de casos de hepatite tem aumentado no Pará. Entre 2007 e 2014 foram 2.211 registros do tipo B, e outras 871 ocorrências do tipo C. Em 2015, foram confirmados 388 casos de hepatite B e 240 do tipo C. No ano passado, 363 pessoas foram diagnosticadas com o tipo B e outras 295 com o tipo C. Só no decorrer deste ano, já foram confirmados 151 casos de hepatite B, além de 112 de hepatite C.