Centro de Inclusão e Reabilitação inclui o judô na terapia para pessoas com deficiência
Modalidade responsável pela conquista de várias medalhas olímpicas e pan-americanas, o judô vai mostrar todas os seus benefícios como terapia para Pessoas com Deficiência (PcD) no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém. O Projeto Judô sem Barreiras, que teve sua aula inaugural na sexta-feira (22), visa usar a prática da modalidade para estimular e melhorar o desempenho cardiovascular, a força, coordenação motora, disciplina, concentração e equilíbrio, além de elevar a autoestima e autonomia das pessoas assistidas pelo Centro.
A aula contou com a presença do judoca Antônio Tenório, tetracampeão paralímpico, medalhista de bronze em Londres (Inglaterra) e medalha de prata nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, que veio a Belém acompanhar mais essa inovação do CIIR no atendimento à pessoa com deficiência física, visual, intelectual e auditiva, a partir dos quatro anos.
Após a solenidade, conduzida pelo diretor executivo do Centro de Reabilitação, José Neto, todos foram à capela, espaço reservado para a demonstração da aula-treino de judô, ministrada pelo professor Reinaldo Costa a pessoas indicadas para fazer parte do projeto.
Judô para todos - Segundo José Neto, a inserção do judô adaptado à terapia de reabilitação do CIIR amplia o desenvolvimento da autonomia e da autoestima, mas principalmente da disciplina. “O nome já diz tudo: é para todas as idades e para todos os tipos de deficiência, com a garantia da assistência de nossa equipe especializada e multidisciplinar”, ressaltou o gestor, cuja iniciativa foi parabenizada por Antônio Tenório.
O projeto será conduzido pelo Setor de Arte e Cultura do CIIR, que trabalha o esporte como ferramenta de lazer, entretenimento e promoção do bem-estar, moderado pela equipe de Psicologia e apoio da equipe multidisciplinar, a fim de proporcionar aos usuários com indicação da terapia um espaço para a prática do judô, contribuindo também para evitar a exclusão social.
Atualmente, pessoas com deficiência representam 24% da população brasileira. De forma geral, o “Judô sem Barreiras” vai apoiar o desenvolvimento físico, corporal, cognitivo, afetivo e social da pessoa assistida pelo Centro Integrado. O projeto começará com turmas de 15 alunos, nos turnos da manhã e tarde, com uma hora de aula ministrada por um treinador/professor de judô, com apoio de monitor e da equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, educador físico, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, pedagogo, enfermeiro, técnico de enfermagem e nutricionista.
Inspiração - A ideia de implantação do projeto surgiu a partir da proposta apresentada pela Associação Sousa Filho de Artes Marciais (Asfam) à direção do Centro de Reabilitação de inclusão do judô como mais uma modalidade esportiva no programa de reabilitação.
A Asfam acolhe PcD gratuitamente, por meio do Projeto Dorinha, oferecendo atendimento em especial a pessoas com menos oportunidades, porém com grande potencial. O Projeto Dorinha atende, em média, 150 pessoas, sendo 50 com deficiência (visual, síndrome de Down, paralisia cerebral e autismo) e 100 sem deficiência, com a principal finalidade de incluir essa parcela da população na sociedade por meio da prática do judô, e dotá-la de instrumentos culturais, sociais, emocionais e técnicos para o exercício da cidadania de forma mais eficaz.
Antônio Tenório - O judoca Antônio Tenório participa em vários países de eventos de políticas públicas para pessoas com deficiência, representando o esporte paraolímpico. Segundo ele, apesar de o Brasil ter uma ampla legislação para garantir os direitos de acessibilidade e equidade à pessoa com deficiência, na prática há inúmeras barreiras a serem enfrentadas.
“Comecei a praticar esporte aos 7 anos. Perdi a primeira visão aos 13, e aos 19 me tornei deficiente visual com cegueira completa. O esporte é ‘superimportante’ para a pessoa com deficiência, pois resgata a autoestima, coloca fora da margem de exclusão e proporciona evidência, fazendo a sociedade ter mais admiração e respeito pela pessoa com deficiência”, ressaltou o atleta.
Em janeiro deste ano, o CIIR lançou a modalidade de canoagem e stand-up paddle, como ação inovadora e inclusiva no processo de reabilitação. A ação integra o projeto social do CIIR “Meninos do Rio”.
Atendimento – O acesso aos serviços do CIIR é feito por meio de encaminhamento das Unidades de Saúde, acolhido pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual, onde o pedido é analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação (Sisreg).
Não há atendimento espontâneo e nem qualquer tipo de inscrição ou cadastramento no CIIR, que funciona em complexo situado na Rodovia Arthur Bernardes, 1000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.