Pará intensifica ações de combate à mosca da carambola
Manter a fronteira paraense aberta para a exportação de frutas. Esse é um dos principais desafios da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) no mês de março. O dia 31 é o prazo máximo para o órgão controlar a praga em território estadual, após negociação feita diretamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Segundo a Adepará, a gestão passada deixou de cumprir várias metas estabelecidas pelo órgão federal para o controle da praga, que ataca pelo menos 30 variedades de frutas, prejudicando a comercialização e, principalmente, a exportação. Atual diretor-geral do órgão, o engenheiro agrônomo Lucivaldo Moreira Lima afirma que está correndo contra o tempo para garantir o estado como área livre da mosca da carambola.
“Nessa função específica de impedir o avanço da mosca da carambola, encontrei a Adepará numa situação bastante deficitária, com o Ministério da Agricultura impondo barreiras ao Pará como medida de proteção da fruticultura brasileira”, contou.
Cumprir as condicionantes do Mapa, segundo Lima, representa assegurar uma movimentação de pelo menos R$ 250 milhões na economia do estado, além da manutenção de postos de trabalho e geração de renda impulsionadas pela fruticultura no Pará.
“Quando assumimos, a perspectiva era de fechamento do estado, ou seja, o Pará não poderia exportar nenhum tipo de fruta. Então tivemos de atuar rapidamente para controlar a crise”, explica.
Uma das primeiras medidas da atual gestão foi conseguir prorrogar o prazo – que encerraria no início do ano – para implantar as ações necessárias para conter o avanço da mosca da carambola, que hoje já está presente no Amapá, oriunda principalmente da Guiana Francesa.
“Por mais que a gente se esforce, ainda teremos o problema da fronteira com o Amapá, por isso estamos empenhados também em apoiar o Governo do Amapá a controlar a situação. Outro ponto igualmente importante é pedir ao governo brasileiro que converse com os governos dos países limítrofes aqui ao Norte”, recomenda.
Ações – A Adepará trabalha, para traçar estratégias de combate à mosca da carambola, em parceria com o Mapa, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Federação da Agricultura do Estado do Pará (Faepa), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e produtores rurais, além do próprio Governo do Amapá.
Entre as medidas já adotadas está a retomada da fiscalização em pelo menos 180 pontos do Pará, que, segundo Lima, estava prejudicada pela falta de policiamento. “Nossos fiscais tinham dificuldade de parar um caminhão durante a noite, por exemplo, sem ter policiamento. Mas esse suporte já está garantido”, lembrou.
Além da verificação nas estradas, portos e embarcações também são alvos. O objetivo é evitar o transporte de frutas que possam conter a larva do inseto para regiões livres da mosca da carambola.
“Temos um fluxo migratório muito grande entre Pará, Amapá, Marajó, em que as pessoas tradicionalmente carregam frutas, seja como presente ou para a própria alimentação. O problema é que essa fruta que está dentro da sacola pode ter larva da mosca. O que nós precisamos também é de um nível de consciência dessas pessoas para que evitem esse costume, sob pena de a nossa economia ser fortemente prejudicada”, alerta o diretor-geral da Adepará.
A campanha educativa já começou e deve ser intensificada durante o feriado de Carnaval, quando a movimentação nos portos e estradas aumenta consideravelmente.