Curso de poesia leva arte para detentas do CRF
Deste o início desta semana, 36 detentas do Centro de Recuperação Feminino (CRF) vem participando das oficinas do projeto “Todo Tempo é Tempo de Poesia”, fruto de uma parceria entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que utiliza a linguagem como ferramenta de ressocialização e estímulo à criatividade.
O projeto foi idealizado pela coordenadora pedagógica do CRF, Lindomar Carvalho, para comemorar o Dia Nacional da Poesia (14 de março). ”Nossa intenção é otimizar o tempo que as presas passam aqui, estimulando a ressocialização e a capacidade criativa delas. A ideia é que, por meio da poesia, elas possam transmitir suas emoções para o papel, mas também que saibam fazer isso com a estética que a poesia pede”, explica.
Durante todo o mês de fevereiro e início de março, as internas participarão de várias atividades artísticas. Dentro da programação estão previstos colóquios, varais de poesia e um concurso, no dia 13 de março, para eleger as melhores produções.
Animada com a disputa, a interna Laila Soares dos Santos, de 23 anos, está se empenhando nas aulas. “Venho me preparando para o concurso desde o primeiro dia da oficina, porque eu quero ganhar e sei que se me dedicar eu consigo. Antes eu não tinha interesse por poesia, não tinha contato nenhum com isso, mas agora estou gostando muito”, garante.
O concurso prevê premiação em dinheiro para a primeira, segunda e terceira colocadas. A escolha dos trabalhos vencedores ficará a cargo de um júri técnico, composto por poetas convidados. Além disso, haverá premiação para outras três internas escolhidas por um júri local, que concorrerão a cestas com kits de beleza e higiene.
As inscrições para o projeto foram abertas, em janeiro, à participação de todas as internas. Durante a oficina, as detentas aprendem noções sobre rima, métrica, trovas, verso e outros conceitos técnicos. O curso é ministrado pelo poeta paraense Antônio Juraci Siqueira, que além de apresentar a produção de poetas regionais e nacionais, desenvolve novos trabalhos junto às presas. “Com a poesia conseguimos ressocializa-las por meio da arte. No curso utilizamos tanto a oralidade quanto a escrita, o que é muito bom pra elas até nos estudos. Trabalhar com a arte é trabalhar a sensibilidade, terreno onde a violência não tem vez”, afirma Antônio.
Ana Rosa Cardoso, de 44 anos, já pensa em introduzir a poesia em sua vida. “Meu sonho é me tornar professora quando sair daqui. Quero dar aulas de Matemática e acho que posso inserir a poesia até nos números. Tenho gostado muito das aulas e agora percebo que a poesia está em todo lugar”, conta.
Ao final da programação será produzido um livro a partir da seleção das melhores poesias feitas pelas internas.
