Susipe e Seduc formam a primeira turma de detentas do EJA
A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) realizaram, na noite desta quinta-feira, 25, a solenidade de graduação de Ensino Médio da primeira turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) formada por internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF).
As detentas foram as primeiras mulheres a completar os estudos dentro da unidade prisional. O evento foi realizado no auditório Alcebíades Vasconcelos, do Templo Central da Igreja Assembleia de Deus, que foi cedido pela congregação.
As formandas Antônia Venâncio, Aysla Lima, Ana Júlia Andrade, Marcicléia Vale, Carina da Silva, Giovana Roque, Jaqueline Rodrigues e Rude Reis foram as oito detentas que comemoraram a conclusão do Ensino Médio. Para a festa, as internas ganharam beca, anel e certificado de concluintes, além de uma cerimônia com todas as formalidades de uma solenidade tradicional.
“Eu estou muito feliz por ter alcançado esse objetivo e estar aqui hoje. Pretendo continuar, dar seguimento aos meus estudos. Futuramente quero fazer uma faculdade. Meu sonho é fazer ciências contábeis, porque sempre gostei de matemática e sou muito boa com números”, diz a aluna Rude Reis, que também foi aprovada no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) para Pessoas Privadas de Liberdade (PLL) 2014.
No evento estavam presentes o Superintendente da Susipe, André Cunha, e a diretora do CRF, Carmen Botelho, assim como professores e servidores da unidade prisional; a gerente da Divisão de Educação Prisional (DEP) da Susipe, Aline Mesquita e o diretor do Núcleo de Reinserção Social (NRS) da Susipe, Ivaldo Capeloni.
Representaram a Seduc a diretora de Ensino Médio e Profissionalizante, Clara Yunes, e a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Núlcia Azevedo. A comemoração teve, ainda, a visita do secretário de Segurança Pública do Estado, Jeannot Jansen.
Durante a cerimônia, professores e pedagogos do CRF fizeram homenagens às alunas e parabenizaram os esforços e persistência nos estudos. Com poesias e canções, as detentas foram felicitadas e incentivadas a continuarem em busca de profissionalização. As internas também retribuíram a homenagem com agradecimentos aos profissionais que contribuíram para a formação de cada uma.
“Toda a equipe de profissionais do CRF que trabalhou para que esse dia chegasse e para que dentro de um lugar tão sombrio existisse luz, fica muito feliz com esse resultado. Elas representam pra mim, nesse momento, que existe sim jeito para quem está privado de liberdade, basta estarmos disponíveis em ajudar o outro. É um orgulho, uma emoção e felicidade enorme ver essas oito meninas colando grau hoje”, afirma Carmen Botelho.
O superintendente da Susipe, André Cunha, acredita que a conquista é importante para o Estado. “Representa uma grande vitória para a Susipe, uma vitória de toda uma equipe de professores, pedagogos, agentes penitenciários, técnicos, que estão por trás desse trabalho e que atuam também no convencimento para mantê-las em sala de aula. Mas principalmente representa para o Estado um bom exemplo, algo a ser seguido e um estímulo para que outras mulheres percebam que existe a chance de ter sucesso, de elevar a escolaridade mesmo no cárcere”, assegura.
O secretário de Segurança Pública, Jeannot Jansen, que também prestigiou o evento, parabenizou pessoalmente cada uma das internas e as incentivou a continuar buscando a transformação através do estudo. Segundo o secretário, "a formatura significa o sucesso dos projetos dentro do cárcere". Ele também se disse lisonjeado com o convite para participar da comemoração.
Carina Beckman, de 35 anos, conta que a determinação e a força de vontade foram fundamentais para conseguir a tão sonhada conclusão do Ensino Médio. “Estudar nessa condição se torna muito mais difícil, nós tivemos muita força de vontade para alcançar a formatura e queremos passar isso para as outras pessoas que têm o mesmo objetivo, pensar que tudo é possível”.
Já Jaqueline Rodrigues relata que a sua felicidade é servir de exemplo para outros detentos. “Estar lá dentro, presa, não é fácil. Mas se nós conseguimos, outras pessoas também podem conseguir, essa é a maior mensagem que podemos passar”, relata.
Incentivo
Atualmente, a Susipe conta com 1.762 custodiados em atividades educacionais, incluindo cursos profissionalizantes, o que representa 13.24% de detentos em sala de aula, deixando a Susipe acima da média nacional, que é de 10.7%, de acordo com o último relatório divulgado pelo Ministério da Justiça.
Somente no CRF são 268 internas matriculadas na educação formal e informal. “Esse é o resultado de um longo trabalho, de busca de parcerias e de acompanhamento. É a realização do sonho das detentas e do nosso. É um passo muito grande no trabalho de reinserção social através da educação”, finalizou Anile Mesquita, gerente do DEP.
Núlcia Azevedo comenta que para garantir que novas turmas se formem existe um termo de cooperação entre Seduc e Susipe. A primeira entra com os professores, material didático, merenda escolar e a Susipe com o espaço para a realização das atividades educativas. Outro fator positivo é que quando cada detento consegue concluir um nível de ensino ele pode remir um terço de sua pena.
* Com a colaboração da Ascom Seduc