Curso de panificação em Marabá capacita detentos para o mercado de trabalho
Um curso de capacitação realizado pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) em parceria com o Pronatec, tem colocado 17 internos do Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (CRAMA), em Marabá, com a mão na massa, literalmente. A qualificação em panificação, promovida na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), passou a despertar novos olhares dos detentos em relação ao trabalho na cozinha e ao mercado de trabalho.
Durante três meses de aulas, os internos aprendem da teoria à prática. “Vamos do básico ao avançado, desde a manipulação das maquinas e alimentos, às normas da vigilância sanitária para não haver contaminação, até a produção de pães, bolos, biscoitos, doces, massas folhadas e panetones”, explicou o professor de culinária, Marco Aurélio.
Este é o 6º curso de capacitação realizado em parceria entre Susipe e Pronatec, aos detentos de Marabá. As vagas ofertadas são específicas para o sistema prisional. Além do qualificação em panificação, que já está em sua segunda edição, os presos também já tiveram a oportunidade de fazer cursos de corte e costura industrial de vestuário, encanador predial, artesão em pintura em tecido e auxiliar agropecuário.
O interno Jeferson Gomes, de 23 anos, que nunca havia trabalhado com panificação, já sonha em abrir o próprio negócio, depois que ganhar a liberdade. “Agradeço muito a todos pela oportunidade de fazer um curso que vai me possibilitar ter uma profissão quando sair do cárcere. Fico muito feliz em aumentar minhas chances de ingressar no mercado de trabalho. Quando eu estiver livre, pretendo trabalhar com pães e também montar o meu próprio negócio nessa área. Sempre gostei de cozinhar, mas não sabia que iria gostar de mexer com panificação, me identifiquei muito”, contou o detento.
Para participar da qualificação, os internos passaram por uma avaliação sobre o comportamento na unidade prisional e, principalmente, se havia interesse em aprender sobre o assunto. Um dos requisitos obrigatórios é o preso estar no regime semiaberto.
“A prática profissionalizante efetiva a reinserção na sociedade. A reintegração tem que estar vinculada ao retorno desses homens ao mercado de trabalho. Esses cursos fazem com que esses internos se redescubram, conheçam profissões que não conheciam e que recomecem as suas vidas fora do cárcere através de outros caminhos, diferentes do que tomaram no passado. Além disso, a auto estima deles melhora, assim como a relação com a família, que passam a olhar para eles com mais valor”, garantiu a terapeuta ocupacional do CRAMA, Estefânia Silva.
Na panificação, os internos aprendem a manipular balanças e máquinas (que mistura o pão) e diversos equipamentos industriais e também a operar o forno turbo, que assa 200 pães em apenas 17 min. Ao final do curso os novos padeiros estarão aptos a produzirem mais de 20 tipos de pães, além de estarem devidamente qualificados para o mercado de trabalho.