População e Governo marcham contra o Trabalho Infantil
Na manhã deste domingo, 1°, o Governo do Pará, por meio de instituições como o Pro Paz, Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa) e as Secretarias de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) e Educação foram às ruas junto com o Tribunal Regional do Trabalho da 8° Região na "Marcha contra o Trabalho Infantil".
A marcha, que reuniu milhares de pessoas numa caminhada que partiu da escadinha da Estação das Docas até a Praça da República, contou com a participação especial de crianças e adolescentes dos polos do projeto Pro Paz nos Bairros, localizados na Região Metropolitana de Belém (RMB) e municípios de Ananindeua e Marituba.
A dona de casa Deusa Souza, da cidade de Marituba, chegou cedo na marcha para acompanhar os seus filhos Jean, Guilherme e Delany, atendidos pelo Pro Paz no polo do Instituto Estadual de Segurança Pública do Pará (Iesp).
"É muito importante fazer parte dessa caminhada, pois trabalho infantil é crime e deve ser evitado. Além do mais, meus três filhos frequentam as atividades do Pro Paz há muito tempo e isso os têm tornado cidadãos melhores. Eu confio muito no trabalho do Pro Paz, pois tira essas crianças das ruas e os ensina coisas boas", declara.
Para o presidente interino da Fundação Pro Paz, Jorge Bittencourt, ações como esta, do Tribunal Regional do Trabalho, só ajudam a reforçar o enfrentamento à violência e as ações do Governo do Pará por uma Cultura de Paz. "Esta semana, um relatório do Fórum Estadual pela Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente apontou uma redução de 10% no número de crianças e adolescentes em situação ilegal de trabalho no Edtado e isto mostra que o Governo do Pará tem cumprido seu papel de enfrentar fenômenos como este, que devem ser enfrentados com projetos eficazes como os do Pro Paz", destaca.
Ainda segundo o presidente interino, projetos como o Pro Paz nos Bairros, que funciona em comunidades que costumam estar mais vulneráveis ao fenômeno da violência, são alternativas para que a infância e a juventude sejam protegidas de acordo com o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA).
" Viemos à marcha com o seguinte slogan: lugar de criança é na escola, pois nossos projetos partem do princípio de que é na educação e em alternativas de políticas públicas como o nosso, que o trabalho infantil e outros diversos tipos de violência podem ser combatidos. O Pacto pela Educação, assumido pelo Governo do Pará com a sociedade paraense está aí como uma nova estratégia que será fundamental para alavancar os índices estaduais dentro das salas de aula. O Pro Paz, por meio do projeto Pro Paz nos Bairos, já atendeu 2.348 crianças e adolescentes com as atividades de arte, esporte, cultura e lazer somente em 2014. Desde 2011, quando o iniciamos, foram atendidos 8.376 jovens de bairros como Guamá, Terra Firme, Mangueirão, Sacramenta e muitos outros, sem contar que também já chegamos a outros municípios. Ou seja, o Governo do Pará tem trabalhado para fazer sua parte", reitera.
Educação
Escolas da rede estadual de ensino também participaram da Marcha, que teve como tema “Neste jogo, somos todos juízes. cartão vermelho ao trabalho infantil!”. Segundo a Juíza do Trabalho e Coordenadora do programa, Vanilza Malcher, no Pará, cerca de 198 mil crianças sofrem com o problema do trabalho infantil. “É por isso que nós nos encontramos hoje aqui nas ruas de Belém nessa grande marcha para lutarmos e demonstrarmos a nossa indignação diante desse problema”, comenta a Coordenadora.
Ela também aponta a importância da parceria com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) para fortalecer a tríade “Professor-Família-Sociedade” e juntar forças para erradicar o trabalho infantil. “A parceria com a Seduc é de extrema importância na medida em que os educadores estão em contato direto com a criança. E que a participação deles possa ser efetiva ao mostrar que a criança não está sozinha nessa luta”, explica Vanilza.
O aluno do curso técnico de auxiliar administrativo, Ruan Cristiano, 18, saiu da sua casa, que se localiza no Distrito Industrial, em Ananindeua, às 4h30 da manhã, para participar da marcha e considera relevante essa ação de combate à exploração do trabalho infantil. “É uma iniciativa importante para as crianças não perderem sua infância. Acredito que lugar de criança é na escola, brincando e não trabalhando”.
O assessor da Seduc, Luiz Queiroz, comenta que toda iniciativa para conscientizar a sociedade sobre o problema é valida. Para ele crianças e adolescentes devem realizar atividades próprias para suas idades e a educação é uma destas prioridades. Ele ressalta que o sistema integral de ensino é uma saída e uma alternativa para manter a criança na escola. “A meta é que até 2024 tenhamos 50% da rede pública estadual envolvida com a educação em tempo integral”, destacou.
A marcha saiu por volta das 9 da manhã da escadinha do Ver-o-Peso com destino a Praça da República e teve duração de uma hora e meia. Contou com apoio da Seduc e de diversas instituições privadas. O Prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, e o Ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Lélio Bentes, também estiveram presentes.
A estimativa da organização foi que 20 mil pessoas acompanharam o evento, que foi animado pela bateria da Grêmio Recreativo “Crias do Curro Velho”, da Fundação Cultural do Pará. O evento foi finalizado com um show do tradicional Arraial do Pavulagem e seu “Cordão do Peixe-Boi”.
* Colaboração: Márcio Flexa (Ascom Seduc) e Bruno George Barbosa