Aula inaugural do Programa Escola da Vida é marcada pela presença de 600 alunos
Na manhã desta quarta-feira, 25, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará reuniu autoridades, pais e 600 alunos do Programa Escola da Vida (PEV), desenvolvido pela corporação, voltado à prevenção do uso de drogas, da violência e criminalidade, através de atividades socioeducativas, culturais e desportivas. O programa, criado em 1993 e que no próximo dia 1º de abril completará 22 anos, tem como objetivo trabalhar a disciplina, a convivência em grupo e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários na Região Metropolitana de Belém (RMB) e interior do Pará.
O PEV já atendeu aproximadamente 16 mil jovens de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social, na faixa etária de 10 a 15 anos, dentro dos quartéis da corporação. Este ano, cerca de 1.300 novos alunos ingressarão no programa, divididos em diversos polos em todo o Estado do Pará, por conta da ampliação do programa. Além dos 15 polos já existentes, serão criados em 2015 oito novos polos, que devem ser inaugurados até abril deste ano nos municípios de São Miguel do Guamá, Bragança, Paragominas, Tailândia, Itaituba, Curralinho, Tucuruí e Moju, passando a atuar em 23 localidades diferentes, possibilitando o ingresso mais jovens de outras regiões paraenses.
A aula inaugural foi marcada por apresentações da Banda de Música do Corpo de Bombeiros Militar do Pará e teve como ponto alto apresentações dos alunos de artes marciais com as modalidades de judô, Jiu Jitsu, karatê e capoeira, além de noções de combate a incêndio, primeiros socorros e banda de música. O Corpo de Bombeiros também expôs materiais de uso militar, viaturas operacionais e realizou um circuito de salvamento em acidente, oportunizando aos alunos um momento de lazer e diversão junto às autoridades, instrutores e seus familiares.
A aula contou com a presença dos titulares da Secretaria Extraordinária de Integração e Políticas Sociais, Izabela Jatene; de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Jeannot Jansen; de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Michel Durans; dos presidentes da Fundação Pro Paz, Jorge Bittencourt e da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), Simão Bastos.
De acordo com o Major Elias Rocha, atual coordenador do PEV, sem a integração entre entidades do Governo do Estado, como o Pro Paz, o programa não teria ganhado a dimensão que tem. “Eu sou um apaixonado pelo Escola da Vida e estar inserido nessa causa tão nobre nos enche de alegria. É um desafio na minha carreira militar e vamos cumprir com muito amor. Estamos saindo de 1.200 para 2.500 alunos em Belém e mais 17 municípios. Nosso objetivo é estar em cada município do Pará onde tenha um quartel do Corpo dos Bombeiros. O Pro Paz é um grande parceiro desde o início e deu gás ao programa. É um imenso prazer termos, hoje, essa parceria que proporcionou uma revolução”, declarou.
Para a secretária de Extraordinária de Integração e Políticas Sociais, Izabela Jatene, não é possível falar sobre o programa sem emoção. “Estamos juntos desde 1993, quando ainda desenhávamos um projeto muito pequenino. Hoje, esse projeto se tornou um gigante que já tem milhares de crianças e adolescentes atendidos e que chega a oito polos do Estado do Pará e isso não é um mérito nosso, mas de todas as famílias. Hoje esses jovens se sentem orgulhosos em vestir esse uniforme e a mudar suas vidas e a pensar em ajudar as pessoas”, explicou.
A secretária também aproveitou para salientar os novos desafios que enfrentará frente à nova pasta. “É uma secretaria que pretende alinhar e integrar cada vez mais as políticas sociais, mas ela tem um norte, que é o Índice de Progresso Social (IPS). Então, vamos estar sempre atentos à melhoria desses índices e unindo seus atores para que possam melhorar ainda mais nesse Estado”, reiterou a secretária, que também é membro do Comitê Gestor do Pro Paz.
Segundo o presidente interino do Pro Paz, Jorge Bittencourt, o PEV, assim como os projetos de políticas públicas executados, a exemplo do Pro Paz nos Bairros, é de fundamental importância para que uma sociedade seja construída com base na garantia de direitos das pessoas e nos valores familiares. “O PEV, do qual somos apoiadores diretos, é uma das alternativas ofertadas pelo Governo do Estado para que essas crianças e adolescentes tenham seus direitos garantidos de fato e de direito. Aqui o jovem não aprende somente a ajudar pessoas. Ele também está formando valores que no futuro vão refletir diretamente na sociedade e é nesse momento que se concretiza a cultura de paz. Somos entusiastas do PEV e sempre estaremos andando de mãos dadas com o Corpo de Bombeiros para que nossos projetos alcancem patamares ainda maiores”, falou.
Mudanças de vida
O PEV tem centenas de histórias de mudanças de vidas no decorrer de suas mais de duas décadas de existência. Um exemplo é o soldado Wallace Silva (28), morador do bairro do Guamá, capital paraense, que foi aluno do programa e há seis anos faz parte da tropa do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará, lotado no 6º Sub-grupamento Militar dos Bombeiros, localizado no distrito de Mosqueiro, além de ser baixarel em Direito.
“Iniciei no PEV com 13 anos a convite de amigos. Logo que entrei eu me apaixonei, pois me ensinou a ser um cidadão de respeito, além de ter me mostrado a importância de servir as pessoas quando elas mais precisam. Aqui aprendi primeiros socorros, combate a incêndio, aulas de português, matemática e ciência. Tive amizades que poderiam ter me levado para o mal, mas no programa eu fui ensinado a detectar o que é bom e o que é ruim numa sociedade”, detalhou.
De acordo com o soldado, ter feito parte do PEV é motivo de muito orgulho. “Aqui nos Bombeiros eu aperfeiçoei o que aprendi no PEV, que é ajudar ao próximo e a salvar vidas e hoje estou aqui para cumprir minha missão. Convido aos pais para que tragam seus filhos ao programa para que aprendam a ser cidadãos de valores e a ter um futuro melhor”, reiterou.
O estudante Ricardo Henrique (17), morador do bairro do Maguari, por sua vez, foi aluno do programa e hoje é monitor na modalidade jiu jitsu e ganhador de muitos campeonatos. Ele se apresentou na aula inaugural e falou de como sua vida foi transformada após passar pelos cursos do Corpo de Bombeiros. “Entrei com 9 anos de idade, participei de todas as atividades e acabei me apaixonando pelo jiu jitsu e comecei a treinar. Atualmente, sou Campeão Brasileiro de jiu jitsu. Semana passada fui campeão em Macapá pela Confederação Brasileira de Jiu Jiutsu Esportivo (CBJJE). Tenho 30 medalhas, sendo 23 de ouro, 4 de prata e três de bronze”, exemplificou. Nos dias 15, 16 e 17 de maio, Ricardo disputará campeonato em São Paulo e, em julho, o mundial, também em São Paulo.
O menino Symon Souza (13), morador do bairro da Primeira, em Capanema, foi o aluno do PEV escolhido para ser homenageado pelo Corpo de Bombeiros. Recentemente, ele realizou um salvamento na sua cidade utilizando técnicas aprendidas no programa. “Eu ouvi falar de um menino que havia caído dentro de um bueiro e fiz de tudo para ajudar. Pulei no bueiro, que era muito pequeno, e consegui fazer o resgate, ajudei nos primeiros socorros e ele foi atendido por uma viatura. Me sinto muito feliz por fazer parte desse programa e meu sonho é ser bombeiro”, contou.
A moradora do bairro da Sacramenta, Maria Pessoa (33), acompanhou seu filho Bruno Pessoa (9), na aula inaugural e se mostrou muito empolgada por ver que ele está sendo acolhido num grande projeto. “Vai ser muito bom, pois a gente evita que nossos filhos fiquem na rua e sejam expostos à marginalidade. Aqui ele vai aprender a ter disciplina, a respeitar a família e as pessoas. Esse é um projeto que faz com que os alunos vejam como a sociedade funciona e os valores que os jovens precisam levar pra casa e a pra escola”, disse.