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Ópera 'A Ceia dos Cardeais' será encenada na Igreja de Santo Alexandre

Por Redação - Agência PA (SECOM)
16/08/2015 11h19

Contagem regressiva para a estreia da ópera “A Ceia dos Cardeais”, escrita pelo compositor paraense Artur Iberê de Lemos, que será encenada pela primeira vez em Belém, na Igreja de Santo Alexandre, nos próximos dias 18, 19 e 20, às 20 horas. A encenação faz parte da programação do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz, promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura (Secult). Os ingressos, ao preço de R$ 30, ainda podem ser adquiridos na bilheteria da casa.

Os ensaios estão em fase final e apresentam o espetáculo completo, com orquestra, elenco, cenário, figurino e maquiagem. Tudo supervisionado de perto pelo diretor cênico Mauro Wrona. O maestro Carlos Moreno, titular da Orquestra Experimental de Repertório do Theatro Municipal de São Paulo, é quem vai reger a Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP). Os solistas serão os cantores Paulo Mandarino, Inácio de Nonno e Carlos Eduardo Marcos. A ainda haverá a participação de 16 figurantes, entre bailarinos e atores.

Confissões – A “A Ceia dos Cardeais”, baseada em peça homônima de Júlio Dantas, do início do século XX, foi escrita entre os anos de 1925 e 1942 por Iberê de Lemos que, tendo feito os estudos em Londres, na Inglaterra, voltou ao Brasil onde se tornaria um dos maiores amigos de Heitor Villa Lobos. Ter obras de compositores paraenses no festival sempre foi uma das metas da organização do evento. “Já encenamos ‘Iara’ e ‘Bug Jargal’, ambas de Gama Malcher, no festival. Isso é uma valorização desses compositores que ousaram fazer ópera no Pará, e com muito êxito, eu diria”, comenta o diretor artístico do Festival de Ópera, Gilberto Chaves.

A ópera foi escrita para três solistas, tenor, barítono e baixo, que representam três velhos cardeais reunidos em uma ceia no Vaticano, ocasião em que resolvem confidenciar, uns aos outros, seus amores juvenis, antes de decidirem-se pela carreira eclesiástica. Assim, cada episódio referido pelos personagens é identificado pela música e representação teatral.

A únicas apresentações de “A Ceia dos Cardeais” foram em 20 de setembro de 1963, no teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte (MG), e em 1964, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Três anos depois, Iberê faleceu em Petrópolis (RJ). Para conduzir a OSTP foi convidado o maestro paulista Carlos Moreno, que já regeu a orquestra paraense em 2012, na ópera “Tosca”, de Giacomo Puccini, no XI Festival de Ópera do Theatro do Paz. Para ele, é uma honra estar mais uma vez à frente da OSTP. “São grandes músicos. É notável o crescimento dele como musicistas. E é um desafio reger essa obra que é um verdadeiro resgate da obra de um compositor que quase foi esquecido”, comentou Moreno.

Figurino - Responsável pelo figurino da ópera, o figurinista Hélio Alvarez seguiu à risca todo o trabalho de pesquisa que antecedeu a preparação do espetáculo. “Foi uma pesquisa muito interessante, mas tive a colaboração do Gilberto Chaves e do diretor (Mauro) Wrona, que me orientaram e me deram referências. Fiz todo um trabalho de pesquisa e estudei a obra. O resultado foi muito positivo, mas tudo foi feito seguindo a linha de pensamento do diretor que é quem sabe como a história vai se desenrolar”, diz Alvarez, que destaca a importância do figurino na construção de um espetáculo.

“O figurino é uma peça muito importante porque veste um período, ou seja, é a forma de identificar o século em que ocorre a obra. É um elemento importante da linguagem visual de todo espetáculo porque auxilia na compreensão do personagem e nas características da história”, explica o figurinista. “Estamos fazendo a roupa de três cardeais que são personagens muito interessante. Eles usam capas alongadas na cor vermelha, tecidos bem nobres com texturas maleáveis, além de tecidos rústicos e tecidos que lembram o couro”, detalha.

“Temos também um figurino surpresa. Pude jogar bem com a inspiração da nobreza, usando muitas rendas, tafetá e babados, sempre fazendo uso das cores vermelho, vinho e muito preto. É um figurino pequeno, são apenas 19 peças, mas muito prazeroso de fazer”, completa.

Cantores - Apesar de experientes no cenário operístico nacional, os solistas que interpretarão os sacerdotes da ópera “A Ceia dos Cardeais” não escondem a expectativa em ter a Igreja de Santo Alexandre, no centro histórico de Belém, como cenário do espetáculo. “É a primeira vez que venho ao Pará e posso dizer que a cidade me encantou e o público paraense é fantástico. O cenário para a montagem é ideal, pois a igreja é linda e tem um astral muito bom. A grande vantagem é que temos um cenário pronto e perfeito para a obra”, assevera o tenor Paulo Mandarino, solista ao lado do baixo Carlos Eduardo Marcos e do barítono Inácio de Nonno.

Carlos Eduardo também é estreante em solo paraense. “É um privilégio participar de uma ópera em Belém. O prazer de estar aqui pela primeira vez é imenso, principalmente para encenar uma obra como esta, com tantos atrativos especiais. Naturalmente, existem formalidade, solenidade e seriedade na obra, mas quando os cardeais começam a trocar confidências e a rememorar episódios da juventude, então, a montagem começa a ficar mais informal”, explica o baixo.

Para ele, a montagem em Santo Alexandre é um verdadeiro resgate da obra de Iberê de Lemos. “Não existe um lugar melhor para se fazer essa montagem se não aqui em Belém, terra natal do compositor, e dentro de uma igreja tão bonita como esta. É um resgate perfeito, pois o cenário é ideal para retratar a conversa dos três cardeais durante uma ceia no Vaticano”, define o cantor.

Inácio de Nonno já conhecia a capital paraense de participação em outras montagens, mas esta será a primeira experiência dentro de uma igreja encenando um personagem religioso. “Representar essa ópera na igreja é um achado, uma ideia brilhante do diretor e da organização do festival. Considero o cenário perfeito e natural, pois se aproveita todo o painel do altar mor como se fosse uma grande sala do Vaticano e com toda iluminação da igreja”, assinala o barítono, que considera “A Ceia dos Cardeais” uma montagem bastante ousada.

Serviço: “A Ceia dos Cardeais”, de Iberê de Lemos, dias 18, 19 e 20, às 20h, na Igreja de Santo Alexandre, na Cidade Velha. Programação do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz. Ingressos: R$ 30, à venda na bilheteria do Theatro da Paz. Informações: 4009-8759. (Com colaboração de Noely Lima)