Conferência orienta sobre critérios de qualidade na escolha de alimentos
Representantes do poder público e da sociedade civil organizada participaram, nesta quarta-feira, 19, da IV Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Pará. Este ano, o evento vai debater o acesso da população à alimentação sustentável, levando em consideração a cultura, os costumes e a realidade social de cada município do Pará.
A programação busca ampliar os compromissos políticos sobre o assunto de modo que o Plano de Segurança Alimentar e Nutricional, previstos no Sistema Nacional de Segurança Alimentar (Sisan-PA) ganhe em viabilidade. A ideia é fazer da participação da sociedade e dos governos instrumento de fortalecimento dos sistemas alimentares pautados no Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
A conferência contou com a participação do vice-governador do Estado, Zequinha Marinho; da Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo; do Secretário de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), Heitor Pinheiro; da representante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Regina Miranda; e da presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Sustentável (Conseans-PA), Rosa Barbosa.
Também participaram do evento representantes do Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA), Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério da Saúde (via Secretaria Especial de Saúde Indígena), representantes do Conselho Nacional de Segurança Alimentar Nutricional (Consea), além de integrantes dos povos tradicionais indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
O encontro é um compromisso do Estado para fortalecer a agenda de segurança alimentar e nutricional a partir de diálogos com a sociedade civil. De acordo com o vice-governador do Estado, Zequinha Marinho, é necessário que todas as esferas de governo avaliem com cuidado a questão do acesso à alimentação. "Esse é um momento de avaliar como anda a política pública que trata desse tema no Estado. O que falta é uma orientação melhor para que possamos comer bem e ver como anda a nossa vida alimentar no campo e na cidade".
Dados do Ministério da Saúde apontam que, em Belém, 54,3% da população adulta apresentam excesso de peso. A média das capitais brasileiras é de 52,5%. Em compensação, a porcentagem de adultos que consomem frutas e hortaliças em cinco ou mais dias da semana é de 26,9% na capital paraense contra 36,5% das demais capitais do Brasil. Para a Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo, o desafio é levar orientações sobre alimentos saudáveis a populações que vivem mais isoladas, o que é muito típico no Pará dada a dimensão territorial do Estado.
"Ainda temos que ir atrás de populações isoladas que muitas vezes não passam fome, mas não têm uma alimentação tão adequada e rica quanto o necessário. Temos o desafio de combater a obesidade, já que uma parcela da população, em especial as crianças, se alimentam também de forma inadequada. Com isso temos, hoje, um percentual de crianças em situação de sobrepeso e obesidade que nos preocupa", explicou.
Ainda de acordo com a ministra, é necessário investir na agricultura familiar - fonte de alimentos orgânicos a preços acessíveis para as populações de baixa renda. "O incentivo à agricultura orgânica e agroecologica já é uma realidade no Brasil. Agora temos o desafio para que esse alimento possa chegar à população de baixa renda. Temos uma produção grande de agroecologicos e uma legislação específica criando mecanismos para garantir que essa oferta seja ampliada", pontuou.
Para o titular da Seaster, Heitor Pinheiro, é necessário sensibilizar a população sobre o uso de alimentos orgânicos, incentivando o pequeno agricultor a produzir mais, o que reflete diretamente na melhoria da economia do Estado. "A agricultura familiar tem um papel importante na cadeia econômica porque há a necessidade de estimular essa produção garantindo a fixação desse agricultor em seu município”, obervou, ao sugerir, ainda que cada cidade implante o seu próprio Conselho de Segurança Alimentar.
Segundo a presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar (Conseans-PA), Rosa Barbosa, a qualidade dos alimentos influencia diretamente na taxa de obesidade da população. "A discussão sobre segurança alimentar nutricional e sustentável não pode trabalhar apenas a comida, mas também o acesso a essa alimentação regionalizada. Nosso povo tem que saber o que produzimos. Exemplo típico é o açaí. Sabemos o valor nutricional que ele tem".
A programação da IV Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Pará irá até a próxima sexta-feira, 21. O evento é promovido pelo Conselho Estadual de Segurança Alimentar Sustentável (Conseans-PA), em parceria com a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster).