Cultura comemora 60 anos do maestro Manoel Cordeiro
O programa “Conexão Cultura Ao Vivo” desta sexta-feira, 6, será em clima de festa, comemorando os 60 anos do maestro Manoel Cordeiro, um dos ícones da música dançante paraense. O programa começa às 11h, com apresentação especial de Ney Messias, idealizador e apresentador do programa entre os anos de 2003 e 2006, e terá transmissão ao vivo pela TV, Rádio e Portal Cultura.
No “Conexão Cultura Ao Vivo”, Manoel Cordeiro vai apresentar músicas de seu primeiro disco solo, “Sonora Amazônia”, lançado no final de setembro, em São Paulo, num show que teve participação de Pinduca. O disco faz um apanhado da carreira do artista, uma viagem instrumental desde a lambada mais tradicional, até sonoridades mais contemporâneas, passando por ritmos como cúmbia e carimbó. A apresentação na TV Cultura também inclui faixas do repertório de Felipe Cordeiro, filho do maestro, e da banda Manoel Cordeiro e os Desumanos, que reúne ainda Kassim, Stephane San Juan e Liminha.
A parceria musical entre pai e filho começou no final dos anos 2000, quando Manoel aceitou o convite para tocar na banda de Felipe, retornando então aos palcos. Além de destacar nacionalmente a carreira de cada um, a parceria tem resultado em ótimos projetos, como o novo disco de Fafá de Belém. “Ela está feliz e muito solta. Trouxemos de volta a cabocla paraense, mas sem saudosismo”, diz Manoel.
A rotina de shows é intensa: recém-chegados da turnê de Felipe Cordeiro pelo Nordeste, os dois músicos fazem a festa “Lambalada – 60 Anos de Manoel Cordeiro” em Belém e Macapá, depois acompanham Fafá em turnê pelo interior de São Paulo e se apresentam com Tulipa Ruiz no Rio. “A convivência e as parcerias com outros músicos abrem novos horizontes, tanto que já pensamos num novo trabalho, um disco mais experimental”, antecipa Manoel. “Estamos somando nossas experiências. Ele mostra referências contemporâneas, eu dou a fundamentação que ele precisa. Tenho muito orgulho dessa parceria. Se o Felipe não fosse meu filho, eu ia pedir para tocar na banda dele”, diverte-se.
Para Ney Messias, voltar ao “Conexão” comemorando os 60 anos de Manoel Cordeiro é mais do que uma alegria. “Eu adoro fazer isso e será um prazer imenso. O Conexão tem um formato muito legal, que permite releituras, trazer de volta bandas que marcaram época. Será uma hora de diversão, com certeza”.
Trajetória - Manoel Cordeiro começou a tocar aos 12 anos. O avô era maestro no Ceará. A mãe, cabocla marajoara, tocava cavaquinho. Curioso e autodidata, o então jovem músico ingressou em bandas de baile na primeira metade dos anos 1970. De 1976 a 1986, deixou o talento de lado e foi funcionário do Banco do Brasil, onde chegou a ser supervisor de operação. Mas, em 1983, voltou aos estúdios, desta vez para tocar ao lado do irmão. Nessa época, Manoel recebeu de Alípio Martins uma proposta irrecusável: montar uma banda base que acompanhasse vários artistas.
E assim ele contabiliza, por alto, mais de 700 participações em discos. Na década de 1980, trabalhou na criação do estúdio Gravasom, de Carlos Santos, que tinha selo, rádio e loja de discos. Quem emplacasse no Pará, tinha distribuição nacional pela Polygram. Em 1987, Manoel Cordeiro foi contratado como músico e arranjador de Beto Barbosa e, logo depois, começou a produzir o artista, que chegou a vender 1,5 milhão de cópias por álbum, um sucesso estrondoso que acabou atraindo quem não era do ramo.
Pai e filho concordam que não é simples falar da música produzida no Norte. “No Sudeste, o brega sempre será caricato, cafona, enquanto para nós, brega é sonoridade, não tem essa conotação moral”, diz Felipe. Para Manoel, a diversidade de influências é a principal riqueza dessa música. “Aqui todo mundo é misturado. E para a gente, brega não é pecado: é uma forma de música popular. Quando você faz música com a sua verdade, isso é transformador. E no Pará a gente faz brega muito bem, e gosta de dançar. Paraense é pé de valsa”.
Serviço:
Conexão Cultura Ao Vivo com Manoel Cordeiro. Nesta sexta-feira, 6, a partir de 11h, na TV, Rádio e Portal Cultura.