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Hospital Ophir Loyola faz jornada para debater uso de cuidados paliativos

Por Redação - Agência PA (SECOM)
06/11/2015 18h42

Melhorar a qualidade de vida dos pacientes e familiares, por meio do alívio do sofrimento, é a essência do cuidado paliativo. Essa filosofia de assistência humanizada, direcionada principalmente para pacientes com doenças incuráveis – que estejam em lenta ou rápida progressão para a morte – foi abordada nesta quinta (5) e sexta-feira (6), durante a I Jornada da Residência Multiprofissional em Oncologia e Cuidados Paliativos do Hospital Ophir Loyola.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) atualizou esse conceito em 2002, definindo cuidados paliativos como assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e dos familiares diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.

Para OMS, 65% dos portadores de doenças crônicas que têm a vida ameaçada necessitam de cuidados paliativos. Anualmente, estima-se que 650 mil pessoas precisem receber cuidados paliativos no Brasil. Em países como Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Austrália, a medicina paliativa é reconhecida como uma especialidade médica. No Brasil, esse reconhecimento ocorreu de forma mais tardia, mais precisamente em 2011, como uma área de atuação, pelo Conselho Federal de Medicina.

Fonoaudiólogo e residente do segundo ano, Rômulo Leão explica que em geral as pessoas associam os cuidados paliativos somente ao câncer, uma vez que existe todo um estigma por ser essa uma doença grave. “Esses cuidados são direcionados não somente para casos de câncer em progressão, mas para doenças sem cura como Alzheimer, Parkinson e Aids e para pacientes pediátricos com doenças crônico-degenerativas em progressão, entre outros”, exemplificou.

A Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) afirma que ainda existe desconhecimento no país relacionado a esses cuidados, principalmente entre profissionais de saúde, gestores hospitalares e poder judiciário. Para o oncologista clínico com formação em cuidados paliativos Sâmio Pimentel, o problema começa nas instituições de ensino. “São poucas as instituições que formam profissionais para área de atuação em medicina paliativa. Os cursos de medicina ainda têm uma visão eminentemente curativa das doenças, não priorizam a medicina paliativa, os cuidados paliativos e a morte”, frisou.

Na oncologia, o paciente é considerado fora das possibilidades de cura toda vez que as medidas terapêuticas para controle do crescimento do câncer (sejam elas com intenção curativa ou paliativa), como cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia não conseguem mais controlar ou estabilizar o crescimento do tumor. Os pacientes e os familiares passam a ter demandas específicas de sofrimento e devem ser encaminhados para serviços treinados em cuidados paliativos.

A coordenadora da Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos do Ophir Loyola, Roberta Rocha, explica que a clínica tem por finalidade estabelecer as condições necessárias à assistência em cuidados paliativos oncológicos, promover o controle da dor e demais sintomas, proporcionar o acompanhamento e intervenção psicológica, social e espiritual, assim como fornecer um sistema de suporte afetivo ou familiar. Até outubro de 2015, o hospital assistiu 135 pacientes na clínica.

“Esses pacientes necessitam de cuidados diferenciados. A assistência integral é garantida por uma equipe multidisciplinar constituída de médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogas com apoio de nutricionistas, farmacêuticos e terapeutas ocupacionais e todo o suporte de procedimentos hospitalares especializados e de exames de imagenologia e laboratoriais”, informou.

Um dos princípios dos cuidados paliativos é encarar o fim da vida como um evento natural. Não se deve apressar (como faz a eutanásia) nem prolongar artificialmente (como faz a distanásia). A maioria dos serviços está localizada na região Sudeste, principalmente nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, quase todos em instituições privadas. No Pará existem dois serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um no Hospital João de Barros Barreto e o serviço do Hospital Ophir Loyola, ambos em Belém.