Adolescentes fazem curso de corte e costura em centro socioeducativo
Uma adolescente de 17 anos que há três meses cumpre medida de internação no Centro Socioeducativo Feminino (Cesef), em Ananindeua, região metropolitana de Belém, teve um início de medida socioeducativa complicado, segundo os técnicos da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa). Não participava das atividades e tentava constantemente arrumar confusão com as outras garotas. Após trabalho intensivo de assistentes sociais e psicólogas, ela mudou. Hoje é uma das que mais se destacam no curso de corte e costura oferecido às meninas por meio da ação Costurando Futuros, do projeto “Ressignificando Caminhos na Socioeducação”.
Após um mês de curso, a jovem demonstra facilidade em usar as máquinas industriais que compõem a sala de costura da unidade. Ela conta que nunca tinha usado equipamentos semelhantes e destaca com orgulho tudo o que aprendeu durante o curso. “Aprendi a modelar, cortar os tecidos e usar todas as máquinas de costura, tudo isso em um mês. É uma boa oportunidade que a gente tem de aprender. É a primeira vez que faço isso, e agora quero levar em frente tudo o que aprendi”, diz a jovem, enquanto produz mais uma peça de roupa.
Selma Lopes é a responsável por ministrar o curso para as adolescentes. Ela destaca o rápido desenvolvimento das adolescentes, que já dominam as máquinas overloque, capazes de produzir nove mil pontos de costura por minuto; a galoneira industrial, ideal para confecção de bainhas, golas e barras; e a de costura reta, que necessita de bastante atenção para não prejudicar todo o trabalho feito com as linhas e tecidos.
A professora frisa o comprometimento das internas no curso profissionalizante, que abre muitas portas no mercado de trabalho, já que a procura por profissionais na área da costura industrial é intensa. “A costura é bem abrangente, e elas têm essa visão de empreendedorismo. Quando saírem daqui, podem aproveitar as oportunidades no mercado de trabalho operando maquinas de costura industriais. Elas gostam de estar aqui, costurando e aprendendo. É uma coisa que vão levar para a vida toda”, afirma.
Convênio entre a Fasepa e a Procuradoria Regional do Trabalho da 8ª Região possibilitou a doação dos equipamentos à unidade socioeducativa. A multa aplicada a uma empresa do ramo da construção civil foi revertida em doações de máquinas de costura e outros produtos usados na oficina. Inicialmente, três adolescentes participam das atividades, e a partir do dia 1º de dezembro outras sete internas entrarão no curso, que tem duração de 120 horas de aulas.
Para a gestora do Cesef, Alessandra Almeida, a iniciativa da Fasepa em garantir cursos profissionalizantes contribui para o desenvolvimento das socioeducandas. “O Cesef está de cara nova, com praticamente doze horas de atividades. A Fasepa acertou com os cursos profissionalizantes que têm a cara das meninas. A atividade de corte e costura contribui com a evolução delas. Tudo o que aprenderem vai ajudar na hora de garantir um trabalho e o sustento”, observa. O curso de corte e costura da ação Costurando Futuros é ocorre de segunda a sexta-feira, sempre pela manhã.