Ópera paraense “Os Pescadores de Pérolas” é indicada a prêmio nacional
A revista Concerto, especialista no segmento de música erudita, lançou na segunda-feira, 14, a sua tradicional votação para escolher, junto aos leitores, os melhores espetáculos de 2015, na visão do público.
No segmento Ópera, as indicadas são: “Os Pescadores de Pérolas”, de Georges Bizet, encenada no XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz, em Belém, com direção de Fernando Meirelles; “O Homem dos Crocodilos”, de Arrigo Barnabé, e “Édipo Rei”, de Stravinsky”, produções do Teatro São Pedro (de São Paulo); e “Thais”, produção do Teatro Municipal de São Paulo.
A escolha é feita pela internet, através do site da Concerto (clique aqui). A votação se encerra no dia 21 de dezembro, às 8 horas. O resultado será publicado, junto com os vencedores escolhidos pelo júri, na edição de janeiro-fevereiro 2016 da revista Concerto.
A indicação de “Os Pescadores de Pérolas” ocorre exatamente um mês após esse espetáculo ter sido a única produção brasileira no evento “Ópera na Tela”, que exibe montagens de óperas do mundo inteiro em tela e som de cinema. O evento começou no Rio de Janeiro, no Parque Lage, em novembro deste ano, mas já está sendo exibido em outras capitais brasileiras.
“Os Pescadores de Pérolas”, que encerrou o XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz, foi uma promoção do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura, e teve quatro récitas nos dias 9, 11, 13 e 15 de setembro passado, sempre às 20h. Os ingressos foram esgotados rapidamente, mas a última apresentação foi transmitida pela TV Cultura para Belém e interior do Estado, e também levada a 17 salas de cinema de oito capitais brasileiras.
Encenação - Fernando Meirelles falou do desafio de dirigir uma ópera. “Confesso que conhecia pouco desse assunto, por isso vejo esse convite como um grande desafio. Estou achando tudo muito interessante e aprendendo bastante com a equipe, que é bastante experiente”, contou o cineasta.
Com um cenário que aproximou em muito o antigo Ceilão - atual Sri Lanka – da realidade ribeirinha da Amazônia, a ópera buscou refletir paisagens e objetos conhecidos e usuais da região. O cenógrafo Cássio Amarante construiu o cenário usando muito miriti e madeira de reflorestamento. Outros itens bem característicos da região, como redes de pescar, matapis e objetos de palha, também estavam presentes por todo o cenário.
A história da ópera se passa no século 19 e falava da amizade entre o líder dos pescadores, Zurga (o barítono brasiliense Leonardo Neiva), e Nadir (o tenor carioca Fernando Portari). A aldeia vive sob a liderança religiosa de Nourabad (o paraense Andrey Mira), que impõe a todos uma espécie de divindade, a sacerdotisa Leila (a soprano paulista Camila Titinger). Na verdade, os dois amigos têm em comum o amor despertado por ela em vários momentos e a descoberta de que podem ter sido traídos um pelo outro encaminha a história para uma tragédia iminente.
O figurino de Verônica Julian teve temática indiana, mas era bem contemporâneo, algumas vezes até pop.
Fernando Meirelles dividiu a história em muitas cenas, usando sua experiência no cinema. Houve na montagem mais mudanças de cenário do que se vê em muitas óperas. Foram cerca de 10 trocas de cenários.
O grande diferencial da montagem paraense foi que, pela primeira vez no Festival, houve a junção das artes da música, do teatro e o cinema. Dessa maneira, duas grandes telas de cinema, uma à frente do palco e outra ao fundo, iam se alternando durante a projeção de cenas curtas de memórias dos personagens que também foram dirigidas e filmadas por Fernando Meirelles.