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Pará mantém índice de 90% na solução de casos de desaparecidos

Por Redação - Agência PA (SECOM)
16/01/2015 19h33

O Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente (Ciaa), da Polícia Civil, localizado em Belém, é o responsável por tratar dos casos de crianças e adolescentes desaparecidos na Região Metropolitana de Belém. Somente neste ano, até o momento, foram registrados 20 casos de desaparecimento, quase um por dia. A polícia já conseguiu reencontrar doze adolescentes. No ano de 2013 foram registrados 615 desaparecimentos, dos quais 612 casos encontrados.

No ano de 2014, foram 482 crianças e adolescentes desaparecidos, sendo 443 reencontrados, mantendo uma média de 90% dos casos solucionados por ano. Em sua maioria, os desaparecimentos registrados têm relação com fugas relacionadas a brigas familiares, problemas com drogas ou mesmo a não aceitação da orientação sexual dos filhos.

A psicóloga Ana Lúcia Corrêa, responsável pelo atendimento aos adolescentes reencontrados e suas respectivas famílias, fala sobre o perfil destes jovens que decidem fugir de casa. “A maioria dos casos é de adolescentes entre 12 e 17 anos. Durante quatro anos de atendimento aqui no Ciaa, atendemos apenas quatro casos de crianças. O primeiro fator que temos é o computador e o celular. Os pais dão esses equipamentos para os filhos sem orientação alguma sobre o que eles podem se tornar. Temos casos de meninas que eram inocentes, com uma maturidade proporcional à idade. Elas tinham uma boa relação com a família e amigos. Com o celular e as redes sociais, essa criança começa a se isolar e fazer contato com várias pessoas estranhas, apresentar comportamento agressivo em casa, demonstrar insatisfação constante e sonhar com um mundo que não existe fora de casa. Nessa fantasia, o adolescente esquece o vínculo com os pais e a família, achando que o mundo fora de casa será de fácil acesso”, detalha a psicóloga.

A psicóloga destaca ainda alguns casos e os principais motivos que levam à fuga dos adolescentes de casa. “Temos casos, por exemplo, de aliciamento de meninas que ficam demais no Facebook ou WhatsApp, fazendo contato com pessoas estranhas. Elas marcam encontros e acabam fugindo para viajar com o parceiro. Tivemos um caso de uma menina 12 anos que passou três fora mantendo relações com um homem mais velho em Mosqueiro. Temos muitos casos de meninas nesta idade que já se evadiram de casa”, detalha Ana Lúcia.

Sexualidade – Segundo a psicóloga, há também os jovens que já têm conflitos em casa, com drogas ou mesmo que se sentem repreendidos de alguma forma em relação à homoafetividade. “Tivemos casos de meninas que fugiram para morar com a namorada, que era maior de 18 anos. O mesmo também acontece com meninos homossexuais. Esse tipo de situação geralmente causa um grande sofrimento aos pais, mas esse adolescente não compreende o vínculo e se foca apenas na realização daquele desejo momentâneo de sair de casa. Em caso de constatação de dependência química da criança ou adolescente, ela é encaminhada para o atendimento especializado”, assevera.

Ao ser reencontrado, o adolescente participa de sessões de terapia, acompanhado da família e um profissional de psicologia. As sessões são importantes para que ele compreenda as consequências da ação. “Eles e a família ficam em acompanhamento até que o adolescente perceba a gravidade do ato que cometeu. Incentivamos que ele busque autonomia, mas que seja de uma forma verdadeira, não dessa forma frágil em que ele vai cair no abismo. Ele precisa de trabalho, estabilidade, de algo para se sustentar e aí conquistar a independência”, explica a psicóloga.

Orientações – A delegada Talita Rosal, da Ciaa, detalha os procedimentos que devem ser tomados quando a família suspeita do desaparecimento de uma criança ou adolescente. “A pessoa deve procurar imediatamente a delegacia mais próxima para registrar o boletim de ocorrência, para que a polícia possa iniciar uma investigação. É importante lembrar que não precisa esperar 24 horas para fazer o boletim; o familiar pode fazer o boletim imediatamente na delegacia. Isso pode ajudar na velocidade com que a criança ou o adolescente será encontrado”, reforça.

A delegada também relata a importância de registrar os casos dos jovens que são reencontrados. “É importante que os familiares que consigam reencontrar estes jovens possam entrar em contato conosco, pois precisamos atualizar nossos bancos de dados para dar mais agilidade às investigações”, completa.

Banco de desaparecidos

O governo federal tem um portal dedicado aos casos de crianças e adolescentes desaparecidos, no qual é possível cadastrar o perfil de uma criança desaparecida ou colaborar com as buscas daquelas que ainda não foram encontradas. O site também elaborou uma seção de perguntas mais frequentes sobre o assunto. Veja abaixo:

- Meu filho desapareceu, o que devo fazer?
Procure a delegacia mais próxima de casa e registre o Boletim de Ocorrência.

- Quanto tempo preciso esperar para procurar uma delegacia e fazer o Boletim de Ocorrência?
Não precisa esperar, procure a delegacia imediatamente para registrar o Boletim de Ocorrência. É um direito do cidadão garantido pela Lei nº 11.259/ 2005, conhecida como Lei da Busca Imediata.

- Se a policia se negar em registrar o Boletim de Ocorrência, o que faço?
Procure o Ministério Público de sua cidade ou Conselho Tutelar para garantir o direito. Você pode denunciar essa violação também pelo Disque Direitos Humanos, número 100.

- Se o meu filho que estava desaparecido voltar para casa o que devo fazer?
Se uma criança ou adolescente desaparecido retornar para casa ou for localizado é importante ir até a delegacia onde foi feito o Boletim de Ocorrência para que seja dada a baixa no BO. Comunique também ao Conselho Tutelar.

- Localizei uma criança ou adolescente registrada no Cadastro Nacional. Como devo proceder?
Procure imediatamente a delegacia de policia  mais próxima e informe o ocorrido dando os detalhes que presenciou. Comunique também ao Conselho Tutelar. Se preferir acione o Disque Direitos Humanos. A ligação é gratuita e sigilosa.