II Feira Existir promove a inclusão de pessoas com deficiência
Hoje com 12 anos, Ítalo Raul convive desde o nascimento com a deficiência visual. Mas quem via o menino esbanjando animação ao som do carimbó que tocava durante a programação de abertura da II Feira Estadual Existir, na manhã desta quinta-feira (21), nem poderia imaginar que ele tivesse qualquer limitação. “Aqui tá muito legal, tô gostando dessas músicas. Daqui a pouco eu vou lá com os cavalos da polícia, que ajudam as pessoas a andar melhor”, contou, referindo-se aos animais usados no Projeto Equoterapia, da PM, que atende crianças, jovens e adultos que necessitam de reabilitação, uma das muitas atrações do evento que está sendo realizado na Praça do Artista, do Centur.
Assim como Ítalo, centenas de pessoas com múltiplas deficiências participaram da abertura da Feira, que segue até esta sexta-feira (22), organizada pelo Núcleo de Articulação e Cidadania (NAC) do Governo do Pará, e que reúne várias iniciativas e projetos voltados a esse público, desenvolvidos na esfera estadual.
Cidadania e integração - A Feira Existir tem como objetivo possibilitar o acesso da pessoa com deficiência a espaços de produções e vivências da diversidade cultural, além de promover a capacitação de profissionais e familiares a partir de workshops, palestras e oficinas para formação socioinclusiva.
Realizada no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, instituído por iniciativa de movimentos sociais, em 1982, e oficializado pela Lei n° 11.133, de 14 de julho de 2005, a II Feira Existir trouxe como tema este ano “Arte, Cultura, Educação e Esporte em Movimento”
Neste primeiro dia da programação, o público conheceu os serviços oferecidos por diversos órgãos estaduais, divididos em cinco estandes temáticos: “Linguagem e Literatura”, “Artes Práticas e Visuais”, “Tecnologia e Acessibilidade”, “Esporte Adaptado” e “Saúde e Assistência”
Plano Existir - A feira é uma iniciativa do Plano Existir. Lançado em 2012 pelo governo do Estado, e atualmente vinculado ao NAC, o plano tem por finalidade garantir ações na saúde, educação, acessibilidade e inclusão social, para a promoção dos direitos fundamentais da pessoa com deficiência. Dezessete órgãos integram o Comitê Gestor do Existir. Segundo dados levantados em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 23,63% da população paraense apresentava à época pelo menos um tipo de deficiência.
Governo inclusivo - A integração dos órgãos do governo que vem garantindo maior amplitude ao Plano Existir, exposta de forma prática na programação da feira, surpreendeu o governador em exercício Zequinha Marinho. “O governo precisa investir cada vez mais na reaproximação da sociedade com aqueles que têm algum tipo de deficiência. Trazer essas pessoas para absorver cultura e esporte, em um momento especial de integração, é fundamental para que eles se sintam aceitos dentro desse processo. Estou muito feliz por conhecer essa feira e quero parabenizar os órgãos responsáveis por proporcionar isso à população”, destacou.
“Esse é um evento pensado para fazer com que a sociedade perceba os portadores de deficiências, que entenda suas necessidades, assimile seus direitos, mas, principalmente, veja a potencialidade dessas pessoas. Nossa missão aqui é estimular a cidadania e o respeito ao próximo”, disse a diretora geral do NAC, Daniele Khayat.
Programação - A programação desta quinta-feira inclui atrações culturais que se apresentarão em um palco montado na Praça do Artista durante toda a tarde, encerrando com show do Arraial do Pavulagem, às 18 horas. A feira continua na sexta (22), das 8h às 19h, com workshops, oficinas e capacitações gratuitas, destinadas a pessoas com deficiência, familiares e educadores.
”As pessoas com deficiência precisam ser incentivadas a desenvolver suas capacidades de forma plena, e essa feira ajuda nisso. A sociedade precisa deixar de encarar o portador de deficiência como alguém limitado, incapaz, que vê em tudo uma dificuldade. Para cada limitação existe uma alternativa diferente e o nosso compromisso é atendê-los cada vez mais e melhor”, declarou Meive Piacesi, coordenadora da feira.
Paraplégico há 16 anos, depois de ser baleado em um assalto, Orian Costa, 46 anos, diz que vai marcar presença na feira até o até o encerramento da programação. “Vejo esse evento como uma iniciativa muito boa para as pessoas que têm algum tipo de deficiência porque aqui a gente encontra de tudo: acessibilidade, esporte, lazer, cultura. Foi uma ótima iniciativa do governo do Estado, para mostrar que o deficiente só fica em casa se quiser”, opinou.