Espaço Acolher da Santa Casa inicia ano letivo com novo projeto
O Espaço Acolher, da Santa Casa de Misericórdia, iniciou o ano letivo da classe hospitalar esta semana com o projeto “Universo das águas na Amazônia: globalização, sustentabilidade e preservação”. As pacientes que ficam hospedadas na casa em tratamento, vítimas do escalpelamento, são matriculadas em uma turma multisseriada queatende diversas faixas etárias.
Segundo a coordenadora do espaço, Luzia Matos, em 2015 o programa alcançará mais adultos. “Nosso público é bem diverso. Já tivemos muitas crianças, mas hoje a maioria é adulto. Então estamos potencializando a Educação para Jovens e Adultos (EJA). Muitas vítimas são analfabetas ou semianalfabetas. Nosso objetivo é fazer com que elas não fiquem sem estudar e percam o ano letivo”, afirma.
Para a pedagoga coordenadora da classe hospitalar, Denise Mota, é gratificante ver todo aprendendo. “Essas pessoas entram aqui e perguntam se é de verdade a escola. É difícil elas pensarem em estudar durante o tratamento, mas aqui se sentem acolhidas, protegidas. Já foram mais de 400 atendimentos desde que começamos. Trabalhamos por área de conhecimento, com apoio da Secretaria de Educação (Seduc) e da Universidade do Estado do Pará (Uepa), que manda alunos para nos ajudar. Quando elas terminam o tratamento, saem daqui com uma declaração do que foi concluído nesse tempo”, explica.
Sandy Chaves, 17 anos, sofreu o acidente de escalpelamento quando tinha 9. “Frequento o espaço desde então, mas me mudei para Belém esse ano. Sou de Curralinho, no Marajó. Estudava lá, mas não deu certo. Eu quis ficar aqui, pois o acompanhamento é melhor”, justifica.
A educação hospitalar é um desafio para a Seduc. “A dificuldade está na questão legal. Consideramos essa modalidade uma parte da educação especial, mas o Ministério da Educação, não. É preciso amparar mais os profissionais e as crianças quando acaba esse período”, diz a representante da Coordenação da Educação Especial da Seduc, Suzeli Neves.
O Espaço Acolher é uma casa de apoio mantida pelo governo do Estado na Santa Casa, onde as pacientes vítimas de escalpelamento podem se hospedar durante o período de longo tratamento. No local, as mulheres recebem o apoio de profissionais de psicologia e serviço social, além de participaram de cursos. Professores da rede estadual são responsáveis pelas aulas necessárias à conclusão do ensino fundamental e médio.