Pará registra saldo positivo de geração de empregos na indústria
O Pará tem alcançado dados positivos no aumento do número de empregos na indústria da transformação. De acordo com pesquisa divulgada nesta terça-feira (10), pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, nos últimos 12 meses, o Estado obteve um saldo positivo de 1.682 postos de trabalho no setor, considerado o melhor desempenho entre os Estados da Região Norte.
Dentre os setores que mais empregaram no período estão alimentos, metal mecânica e madeireiro, que voltou a crescer a partir da readequação das empresas na exploração desta matéria prima. “O fortalecimento da indústria no Pará se dá principalmente por meio da exploração de recursos naturais, como é o caso da mineração. No entanto, a indústria de transformação, ou seja, que pega esta matéria prima e transforma em novos produtos, está se fortalecendo, e um dos sinais é o aumento do número de empregos. É bom ressaltar que estas vagas surgem quando a mão de obra se torna qualificada, e a cada vez que um funcionário sobe de cargo na empresa, uma vaga se abre para que outro comece o mesmo caminho”, explica Maria Amélia Enríquez, adjunta da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).
Um exemplo de crescimento no emprego industrial pode ser encontrado a 68 quilômetros de Belém, no município de Castanhal. Lidiane Lopes, 33 anos, funcionária da empresa de alimentos Mariza, começou na produção descascando alhos, e hoje já trabalha como auxiliar no departamento de recursos humanos. “A gente tem que acreditar que pode melhorar. Comecei como a maioria aqui, na linha de produção. Separava e descascava as cabeças de alho. Com o tempo fui me dedicando e conquistando outras funções. Fiz cursos para me aperfeiçoar e consegui trabalhar na loja do show room e recepção, e hoje estou no Departamento de Recursos Humanos. Gostei tanto desta área que agora vou fazer faculdade, para melhorar ainda mais”, conta.
Lidiane também incentiva as amigas de trabalho a seguirem o mesmo caminho, como é caso de Roselene Pinheiro, 29 anos, que recentemente também saiu da linha de produção, onde trabalhava com molhos de pimenta. “Comecei colocando as tampinhas nas garrafas de molho de pimenta, mas viram que eu estava aprendendo cada vez mais. Desde o fim do ano trabalho na loja e penso e fazer mais cursos para poder ser gerente”, afirma Roselene.
Oportunidades - Para a assistente social da Mariza, Mila Araújo, a empresa cria oportunidades para que os funcionários possam crescer e, ao mesmo tempo, fortalecer a equipe de trabalho. “O primeiro nível da empresa engloba os setores de produção, limpeza ou construção. Para os cargos de escritório exigimos o Ensino Médio e alguns cursos específicos. A empresa incentiva que os funcionários cresçam. Temos inclusive um auxílio-educação para ajudar nas despesas de faculdade e outros cursos. Damos prioridade para preencher novas vagas com os nossos próprios funcionários. Toda vez que esses colaboradores mudam de cargo, podemos abrir o recrutamento para trazer um novo grupo de pessoas para ocupar as vagas iniciais”, explica.
Somente no ano passado, a empresa contratou 387 funcionários, entre regimes fixos e de temporada. Em 2013 foram 320 contratados. A perspectiva é que a contratação, assim como a promoção, aumente em 2015 com o fortalecimento do mercado de alimentos no Pará e em Estados vizinhos, que também são clientes da empresa.
Incentivo – Para fortalecer a indústria paraense, o governo do Estado tem concedido incentivos fiscais para empresas novas e em crescimento, por meio da Sedeme. A Comissão de Incentivos Fiscais aprovou a concessão de incentivos a nove empresas, algumas estabelecidas em Belém e outras no interior do Estado. A maioria delas é recente, como a MaqMóveis, que se estabeleceu em Paragominas, no nordeste paraense. Outras tiveram os negócios ampliados, como a Alubar, que anteriormente produzia somente alumínio, e agora produzirá também cabos de cobre, e a Floraplac MDF, que está duplicando a planta industrial.
"É de fundamental importância a concessão de incentivos fiscais, pois eles estimulam a dinamização da economia. Um exemplo disso é uma empresa que produzirá fosfato no Pará, considerado um insumo de extrema importância para adubação de solos e crescimento da agricultura", diz o secretário Adnan Demachki, titular da Sedeme. As empresas que receberam incentivo fiscal até o momento são: MaqMóveis, Floraplac MDF, Alubar Metais e Cabos, Easa – Estaleiros da Amazônia, Brasil Típico de Ponta a Ponta Com e Indústria Ltda., Concrem Wood Ltda., Esco Supply Carajás Ltda., Cargill Agricola Ltda. e B&Fosfato & Mineração.
Paragominas – Seguindo a rota dos empregos na indústria da transformação, Paragominas é um dos principais municípios da Região do Capim. Conhecida pela produção de carne e grãos, o município também tem se tornado destaque com o fortalecimento do polo moveleiro e da indústria do MDF (Medium Density Fiberboard). O polo moveleiro é um parque industrial dedicado a aprimorar o mercado de produção de móveis no município. No local, além dos lotes onde as empresas estão instaladas, também existe uma incubadora de empresas para transformar os marceneiros da região em micro e pequenos empresários. Atualmente, o polo tem 21 empresas cadastradas, sete em plena atividade. Responsável por 240 empregos diretos, até o fim de 2015, com o funcionamento de mais duas grandes empresas, o polo terá mais de mil empregos direitos.
Segundo o presidente do polo moveleiro, o empresário Reinaldo Pinheiro, há uma grande perspectiva de crescimento nos próximos anos. “Hoje o polo é responsável por um volume de negócios aproximado de quase R$ 19 milhões. Este volume pode ser triplicado nos próximos dois anos. Somente em 2015 já prevemos um crescimento de 60%”, estima. “A partir de maio iniciamos a contratação de 60 funcionários, para que em junho possamos iniciar as primeiras produções da fábrica. Na segunda fase vamos expandir para 200 funcionários até o fim deste ano”, completa Robismar Dias, gerente da empresa Maqmóveis, uma das que entram em atividade este ano no polo.
A Maqmóveis é uma empresa paulista de móveis de escritório e carteiras escolares, que atende principalmente aos governos estaduais e municípios. Além dos empregos diretos, a empresa criará um ciclo de produção em grande escala no município usando o MDF fabricado pela Floraplac, empresa local que usa na produção madeira de áreas de reflorestamento com árvores de eucalipto e paricá.
“Todo o material usado na fábrica é sustentável. Temos uma produção com alto padrão de qualidade. Nosso MDF é feito a partir de árvores de paricá e eucalipto de áreas reflorestadas, e também de sobras da indústria madeireira. O material é selecionado e dá origem a diversos tipos de MDF, conforme a exigência do mercado. O que sobra do processo é usado em outras fases como, por exemplo, alimentar os fornos”, explica a analista de processos da Floraplac Fernanda Lopes.
Com 26 anos, Fernanda já é uma funcionária experiente na empresa. Natural do município de Garrafão do Norte, na mesma região, ela se mudou para fazer faculdade em Paragominas e encontrou na empresa a primeira oportunidade de estágio, que acabou se tornando o primeiro emprego. Há dois anos ela vem subindo gradativamente na empresa. “Entrei aqui para cumprir o meu estágio obrigatório e comecei uma carreira. Fui aprendendo cada vez mais. A empresa nos dá oportunidades de crescimento. É comum vermos pessoas que saem da limpeza e assumem cargos em outros setores, ganhando salários melhores. Não penso em sair daqui agora e quero crescer ainda mais”, diz Fernanda, que hoje tem a missão de controlar os padrões de qualidade dos vários tipos de MDF produzidos na fábrica.
Perspectivas - Anete Pereira, 41 anos, que trabalha na equipe de limpeza, chegou há pouco tempo e já pensa em subir de carreira. “Tenho o Ensino Médio e já vi o pessoal melhorando no trabalho. Só estou aqui há três meses, mas já penso em me preparar para outra área”, conta. A Floraplac mantém o título de única empresa das regiões Norte e Nordeste do país que produz o MDF com a matéria prima proveniente de reflorestamento, um certificado que agrega valor ao produto e seus derivados, atraindo novos clientes a cada ano.
O crescimento do emprego em Paragominas é reflexo também dos investimentos da Prefeitura local. “Paragominas vem crescendo ao longo dos anos com vários investimentos na área da indústria. Temos o gado, a soja, mas também estamos voltando a crescer com a indústria madeireira, que já foi muito grande em nosso município. Hoje, graças aos investimentos do município e, principalmente com o apoio do governo do Estado, temos uma produção considerável. O nosso polo moveleiro é um exemplo disso: está crescendo cada vez mais e logo ficará no mesmo nível dos grandes polos moveleiros do país”, garante o prefeito de Paragominas, Paulo Tocantins.
