Cenário da tuberculose no Pará será tratado em seminário
Para marcar o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, 24 de março, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) realizará nesta quarta-feira, 18, o seminário com o tema “Desafios e perspectivas para o Controle da Tuberculose no Estado do Pará”, cujo objetivo é dar maior visibilidade ao problema e sensibilizar a comunidade em geral para o controle da doença no Estado, sobretudo quando associada ao vírus transmissor da Aids, o HIV, e a outras situações que contribuem para a transmissão, como os projetos que estimulam o fluxo migratório, a exemplo de Carajás, Rondon e Belo Monte.
Promovido pelo Programa Estadual de Combate à Tuberculose, o evento será realizado em tempo integral no auditório do Hospital de Clinicas Gaspar Viana, em Belém, e deve reunir cerca de 200 pessoas, entre estudantes de cursos ligados à saúde e profissionais da atenção básica e de serviços de referência, que são essenciais para propagar informações sobre a doença, com ênfase na prevenção e no incentivo ao doente para a continuação do tratamento até a cura.
Pela manhã, farão parte do debate a coordenadora do Programa Estadual de Combate à Tuberculose, Lúcia Monteiro; o técnico do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Stefano Codenotti e o coordenador do Comitê Estadual para o Controle da Tuberculose no Pará, Ernandes Costa.
No decorrer da tarde, as abordagens serão “A importância da Atenção Primária no controle da tuberculose”, com Marlene Silva dos Reis; “Tuberculose na criança”, com Valéria Martins e “Tuberculose x HIV”, com a fala da médica infectologista Vânia Brilhante.
Estatísticas
Segundo dados do Programa, o Pará é o quinto em taxa de incidência no Brasil, com 42,7 casos para cada grupo de 100 mil habitantes – segundo estatísticas de 2013 - e ocupa o primeiro lugar do ranking na região, correspondendo a uma média de 3.500 novos doentes a cada ano.
A taxa de cura encontra-se em torno de 73,1%, com abandono de tratamento em 9,7% e 2,7 óbitos para cada 100 mil habitantes. Em relação ao tipo resistente da doença, foram registrados 409 casos no país em 2014, dos quais 25 só no Pará, que possui sete dos 181 municípios brasileiros considerados prioritários pelo Ministério de Saúde para frear a transmissão: Abaetetuba, Ananindeua, Belém, Bragança, Castanhal, Marituba e Santarém.
A tuberculose é a terceira causa de mortes por doenças infecciosas no país. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Pará acompanha a média nacional e confirma que o Brasil é o 16º entre os 22 países listados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por concentrarem 80% da carga mundial de tuberculose.
Em 2013, foram notificados 73 mil casos novos da doença em todo o país. As estatísticas nacionais confirmam também que, no ano de 2011, pelo menos 4,6 mil mortes foram atribuídas à tuberculose, com uma taxa de mortalidade de 2,4 para cada grupo de 100 mil pessoas. O Brasil cura em média 73,8% dos casos de tuberculose e possui uma taxa de abandono de cerca de 10,6%.
Tratamento
De acordo com o boletim emitido pela coordenação do Programa Estadual de Combate à Tuberculose, a doença tem cura e o tratamento é disponibilizado integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, ainda apresenta novos desafios quando surge em pessoas vivendo com HIV/Aids. “Essa população é considerada um grupo especial que traz consigo vulnerabilidade maior. Em função disso, o Ministério da Saúde recomenda que todos os casos confirmados de tuberculose realizem o teste anti-HIV e que todas as pessoas portadoras do vírus HIV sejam avaliadas anualmente para a identificação ou não do bacilo da tuberculose. Caso a presença de ambos os agravos seja confirmada, o tratamento antirretroviral, quando pertinente, é garantido nos serviços de referência”, atesta o documento.
O boletim técnico da Sespa também esclarece que a tuberculose é a primeira causa de morte entre as doenças infecciosas nos pacientes com Aids e a segunda de adoecimento. No Brasil estima-se que a solicitação do teste anti-HIV para pacientes de tuberculose esteja em torno de 77%, mas somente 64,5% destes são efetivamente realizados.
No Pará, em média, 50% dos casos de tuberculose conseguem realizar o anti-HIV. Essa situação se deve principalmente a centralização do exame por muitos municípios, o que dificulta o acesso. A recomendação é que o teste seja disponibilizado no maior número possível de serviços de saúde da atenção básica, como as unidades de saúde e estratégias de saúde da família, melhorando assim a oferta.
No que se refere ao combate à doença no Pará, a Sespa capacita profissionais e presta assessoria técnica aos municípios, que por sua vez são responsáveis para execução das ações no corpo a corpo com a população. Mais de 200 técnicos em saúde já foram treinados pela secretaria com o propósito de serem multiplicadores nos municípios de origem.
Informações básicas sobre Tuberculose, conforme protocolo do Ministério da Saúde:
O que é?
Doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões. Também pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro.
Qual a causa?
Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). Outras espécies de micobactérias também podem causar a tuberculose - Mycobacterium bovis, africanum e microti.
Quais os sintomas?
Alguns pacientes não exibem nenhum indício da doença e outros apresentam sintomas aparentemente simples, que são ignorados durante alguns meses e até anos. Contudo, os sinais e sintomas mais descritos são tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se em uma tosse com pus ou sangue, cansaço excessivo, febre baixa, geralmente à tarde, sudorese noturna, falta de apetite, palidez, emagrecimento acentuado, rouquidão e fraqueza.
Os casos graves apresentam dificuldade na respiração, eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura, membrana que reveste o pulmão. Se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica.
Como se transmite?
A transmissão é direta, de pessoa a pessoa. O doente expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso, que podem ser aspiradas por outro indivíduo, contaminando-o. Somente de 5% a 10% dos infectados pelo Bacilo de Koch adquirem a doença. Pessoas com HIV/Aids, diabetes, insuficiência renal crônica (IRA), desnutridas, idosos doentes, usuários de álcool e outras drogas/tabagistas são mais propensos a contrair a tuberculose.
Como tratar?
O tratamento deve ser feito por um período mínimo de seis meses, sem interrupção, diariamente e é iniciado nas Unidades Básicas de Saúde. São utilizados quatro remédios para o tratamento dos casos, que utilizam o esquema básico. Quase todos os pacientes que seguem o tratamento corretamente são curados.
Como se prevenir?
É necessário imunizar as crianças de até quatro anos, obrigatoriamente as menores de um ano, com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de Aids não devem receber a vacina. A prevenção inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar.