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Defesa Civil promove em Bragança treinamento preventivo para acidentes naturais

Por Redação - Agência PA (SECOM)
31/03/2015 21h37

A Defesa Civil do Estado do Pará está em Bragança, município da região nordeste, desde a última segunda-feira (30), ministrando um treinamento de prevenção de desastres. A iniciativa faz parte do Plano de Contingência para Desastres Hidrológicos, que prevê uma série de treinamentos e capacitações para gestores locais em várias regiões, com o objetivo de capacitar os municípios para o enfrentamento de desastres naturais, como alagamento, enxurrada e inundação. O treinamento está em sua quarta semana, e já foi realizado nos municípios de Redenção (no sul), e Tucuruí e Marabá, no sudeste paraense. Bragança foi um dos polos escolhidos devido ao seu histórico de cheias dos rios, e também ao forte impacto do mar, que já avança na praia de Ajuruteua, destruindo parte da orla e vários imóveis.

De acordo com técnicos da Defesa Civil, a prevenção é importante para saber como lidar de forma eficaz em situações de desastre natural, como aconteceu em 2009, quando o município teve uma das maiores cheias já registradas, causando prejuízos aos bairros próximos aos rios Cereja e Caeté. “Não existe no Pará alguma área que não esteja vulnerável a desastres. Todo o Estado está suscetível a algum tipo de desastre, seja de ordem meteorológica, climatológica ou hidrológica. Especificamente em Bragança, nós temos um histórico de desastre, algumas ocorrências de alagamento, de enxurradas, cheias de rio, que dependem diretamente da situação climática no município. A intensidade do período chuvoso pode aumentar esse tipo de ocorrência”, explica o cabo Josinaldo Pinheiro, meteorologista da Defesa Civil.

Durante o primeiro dia de curso foram repassados os conceitos básicos da Defesa Civil, importantes para a definição das ações iniciais no caso de alguma emergência. O treinamento ensina a diferença entre situações de desastre, emergência, calamidade pública, ameaça, vulnerabilidade e risco. Estas classificações obedecem a um conceito nacional, e são necessárias para que o município obtenha auxílio federal para lidar com as perdas e danos causados por um desastre.

“É importante que os gestores e a própria população comecem a adquirir uma cultura de Defesa Civil, pois isso fará com que despertem para a percepção do risco. Pessoas esclarecidas e instruídas constroem casas à beira do mar ou de encostas, e acreditam que não correm perigo. Mas isso é ilusão”, afirma Josinaldo Pinheiro.

Vulnerabilidade - Moradora há mais de 20 anos em Bragança, Rosa Quemel participa ativamente de vários conselhos municipais. Ela destaca a importância da participação da população no processo de prevenção de acidentes. “O curso tem sido muito importante para mim e para todos que estão aqui. As pessoas de outros municípios deveriam participar também. Já vi realidades muito próximas do que foi mostrado no curso em relação aos alagamentos e enchentes. As pessoas acham que nunca vai acontecer, mas a verdade é que vai, e a tendência é piorar, pois a força da natureza é implacável. As pessoas constroem as suas casas em lugares de risco e passam a se tornar vulneráveis, como ocorre no Rio Cereja e no Rio Caeté”, conta Rosa.

Durante a parte prática do curso, a equipe da Defesa Civil, acompanhada de representantes da Prefeitura, foi à praia de Ajuruteua mostrar os conceitos trabalhados em sala de aula. As águas do mês de março avançaram na praia, derrubando vários bares e palafitas. Uma longa pilha de destroços e pedras se acumulou nos lugares que antes eram pousadas, praças e casas.

No último dia 21, durante a maré vazante, a força do mar arrancou a casa da cozinheira Eliete Silva. “Foi muito rápido. Em meia hora o mar puxou tudo. Aqui era a nossa casa, mas também um restaurante e pousada. Todos os nossos móveis, colchões e até as louças foram levadas pelo mar. Só sobrou a estrutura do telhado, mas graças a Deus ninguém se feriu”, diz Eliete, que conseguiu salvar os 10 moradores, saindo antes que o imóvel fosse destruído pela água.

Análise de risco - Paralelamente ao curso ministrado pela Defesa Civil, dois geólogos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) estão em Bragança para analisar as áreas de risco no município. O serviço é essencial para a elaboração de planos adequados para agir em áreas críticas.

“O objetivo é mapear não só a praia de Ajuruteua, que é uma área crítica, mas também as outras áreas que o município considera como de risco para inundações, erosões, deslizamentos de terra etc. Nós mapearemos todas as áreas onde a população estiver em risco de desastre natural, e faremos a metodologia praticada nos outros 856 municípios que a CPRM já mapeou a pedido do governo federal. Isso será entregue para a Defesa Civil dos Municípios, do Estado, ao prefeito e a quem precisar, pois é um material público”, informa a geóloga Dianne Fonseca.

O treinamento da Defesa Civil prossegue até quarta-feira (1º), com visitas às áreas urbanas com maior risco de alagamentos, enxurradas e desabamentos.